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Exausta. Era assim que Sue se sentia; Sam havia abusado de seu poder e feito Sue trabalhar muito mais do que o normal, incluindo ter que buscar café do outro lado do hospital para ele várias vezes.

Ela sabia que isso aconteceria, pois o senhor Bowles não estava lidando muito bem com o fato de ela, ainda não estando formada, pegar um caso tão raro e importante quanto o de Emily. Emily era um milagre da medicina e, apesar do pouco tempo que estava acordada, seu nome já se destacava nas principais manchetes por todos o país. Juntamente com seu nome, se destacava o nome de todos os médicos e envolvidos no tratamento, obviamente o sobrenome Gilbert ficaria dentre o cenário da saúde e, certamente, Sam gostaria de seu nome estar junto.

Sue fez o favor de deixar o homem ainda naquela lista, não por ele obviamente, senão por Emily, mas o homem não parecia satisfeito com isso, afinal tantos anos de carreira não serviram para tirá-lo do cargo de auxiliar em uma manchete importante, ele se sentia humilhado provavelmente.

A maior tomou um banho rápido no próprio hospital e se dirigiu ao quarto de Emily. Fátima a recebeu com a mesma gentileza de sempre e disse que já havia deixado na recepção a autorização para ela passar a noite com Emily, explicou também que sobre a mesinha havia seu número anotado em um papel. Sue anotou em seu celular por garantia, ela era desastrada havia tempo suficiente para saber que um pedaço de papel poderia ser facilmente destruído de várias formas.

Emily não queria que sua mãe fosse, mas quando Sue explicou que Fátima precisava dormir em uma cama confortável e comer algo saudável, Emily acabou por concordar com Sue.

- Hey, Emi, minha irmã tem algumas bonecas em minha casa. Ela não mora aqui, mas às vezes vem me visitar. Gostaria que eu trouxesse para brincarmos? - Emily fez uma careta e negou.

- Eu não gosto de bonecas. - Sue riu e assentiu.

- Para ser sincera eu também nunca gostei. - Emily assentiu sem sequer olhar para Sue.

- Ei, o que você tem?

- Nada. - Emily disse baixando seus olhos para suas mãos.

-E o que está gerando essa carinha triste, então? - Emily começou a piscar rápido demais para Sue considerar algo normal. -Emily, você está bem? -Os olhos não pararam de piscar, tendo Emily os pressionando fortemente no momento seguinte e então Sue segurou sua mão.- Eu vou chamar um médico, espere

-Susie...- Emily disse, segurando sua mão apressadamente, fazendo a menor lhe fitar novamente. - Não!

-Então respire. Tudo bem? Sente alguma dor? Algo fora do comum? - Sue perguntou, subindo na cama e embalando Emily em seus braços. Emily negou lentamente, começando a parar de piscar tão rápido. Sue ficou acariciando suas costas até a garota voltar ao normal.

- Desculpe. - Emily pediu baixinho, afundando seu rosto na curva do pescoço de Sue.

- Não tem por que se desculpar, anjinho. - Sue disse calmamente. - Eu vou precisar comunicar o médico sobre isso, de qualquer forma, tudo bem para você?

-Não, por favor.- Emily pediu, começando um choro baixinho. - Não me deixa sozinha.

- Shhh, tudo bem. Não vou sair do seu lado. Esperarei alguma enfermeira noturna então, mas se algo mais estranho acontecer eu precisarei ir, tudo bem? -Emily assentiu, virando seu rosto na direção de Sue, prestando atenção em cada detalhe.

-Eu não sou normal? - A garota perguntou subitamente, fazendo Sue olhar na direção de seu próprio ombro, que era onde o rosto de Emily estava.

-Por que está me perguntando isso? - Emily enrubesceu e Sue notou os olhos voltarem a piscar muito rápido, deixando a sensação de preocupação inundar seu ser novamente. Sue decidiu se virar e apertar o botão ao lado da cama, que era usado somente para urgências. Depois se desculparia por isso, mas precisava de alguém ali.

-O moço da TV falou de vida amorosa, que era normal na minha idade, mas eu.. - Os olhos não paravam de piscar e Sue começou a balançar lentamente as duas, como se estivesse ninando a garota. - Eu não sou normal? - A voz saiu baixa e triste.

Sue não pôde responder aquela pergunta, pois o quarto foi invadido por toda uma equipe de médicos, com equipamentos prontos para o uso. Sue sorriu sem graça e desceu da cama.

- Então, eu precisava de alguém aqui. - Sue começou sua explicação envergonhada. - Mas eu não podia sair do quarto então eu.. Oh, céus, sinto muito. - Ela disse enrubescendo. Algumas pessoas reviraram os olhos e saíram, mas um médico ficou.

-Pois não? -Ele perguntou gentilmente.

-Estávamos conversando e, de repente, ela começou a piscar muito rápido e às vezes pressionava os olhos fortemente. Eu fiquei preocupada, isso não é normal. -Sue disse.

-Era para tentar parar. -Emily disse e então o médico se aproximou da cama.

- Tentar para o quê? - O doutor perguntou, acendendo sua pequena lanterna nos olhos da garota. - Siga meu dedo com os olhos. - Ele pediu e Emily o fez.

- De piscar. - Emily replicou. - Eu apertei os olhos fortemente para tentar parar de piscar.

- Sentiu algo? Tontura, dor, mal-estar? Algo diferente? - Emily pareceu pensar e logo assentiu.

- As minhas bochechas arderam. - O médico assentiu, olhando para Sue

- Sobre o que falavam?

- Susie, não! - Emily pediu com veemência, enrubescendo; seus olhos começaram a repetir o mesmo de alguns minutos antes ao piscarem rapidamente. Emily apertou fortemente eles e negou com a cabeça. - Não param! Argh! - Emily disse.

- Vou levá-la para uma ressonância e precisarei que você toque neste momento o mesmo assunto com ela quando estivermos lá. - Ele disse, fazendo Sue assentir.

- Devo ligar para a mãe dela? - Sue perguntou aflita, cruzando os braços. O doutor apenas sorriu e negou.

-Se for o que eu estou pensando então não tem com o que se preocupar. - Ele disse calmamente. - Vamos fazer ressonância, hm? Depois disso o resultado for algo negativo você chama a mãe dela, mas eu acredito que não será necessário. - Sue assentiu, vendo o homem acariciar se braço sem malícia, apenas a confortando

-Ei, princesa.. Sue a chamou assim que o médico saiu, se debruçando sobre a cama. - Vamos fazer um exame rápido em você, tudo bem? Eu vou estar lá com você.

- Vai doer? - Emily perguntou assustada.

- Não. O médico só vai tirar uma foto do seu cérebro. - Ela disse sentindo os dedos de Emily se entrelaçarem nos seus.

-Igual o moço da TV? - Perguntou curiosamente e Sue negou com a cabeça.

-De jeito nenhum. O moço da TV é um bobo. Não quero que pense que você tem algum problema é anormal, tudo bem?

-Mas eu não sou igual a maioria da minha idade. Eu deveria ser. - Ela disse, sentindo Sue acariciar seu rosto.

- Vou contar um segredo. - Ela disse baixinho. - Ninguém é igual a ninguém. Não quero que se sinta triste com o que ele disse, tudo bem?

- Você promete que não liga? - Sue sorriu e assentiu.

-De dedinho?

- De dedinho. - Sue respondeu, entrelaçando seu dedo mindinho com o de Emily.

- Então eu deixo o médico tirar foto do meu cérebro. - Emily disse sorrindo, fazendo Sue sorrir também, porém internamente ela sentia um medo avassalador. Mesmo com o médico achando não ser algo preocupante, Sue só se acalmaria quando soubesse do que se tratava aquele piscar de olhos.

EM UM PISCAR DE OLHOS - EMISUEOnde histórias criam vida. Descubra agora