Ad Noctem

Capítulo 3: Antes do Casamento

Dizer que Will tem sido cético sobre toda essa ideia de “casamento” desde o início seria um eufemismo. Não tem nada a ver com o desejo de se casar - este é um passo simbólico em suas vidas e um sinal para os outros de que o vínculo que sua família formou é inquebrável. Ele consegue essa parte muito bem, ele simplesmente não entende por que as pessoas esperam que ele faça tanto barulho sobre isso.

Se dependesse apenas dele, eles já teriam resolvido isso em um tribunal sem ninguém além do juiz e do escrivão do condado para testemunhar meses atrás. Foi com gentil persuasão que Hannibal o convenceu, lembrando ao Ômega que um casamento é tanto para a família e amigos que comparecem quanto para os próprios noivos, e os amigos Will e Hannibal têm - poucos talvez, mas o suficiente para Will cedeu. Até porque ele sabia que Beverly provavelmente iria esfolá-lo e pendurar sua pele sobre a lareira falsa em sua sala de estar se ele fugisse e fugisse sem dizer a ela.

Will cedeu, com a condição de que Hannibal fosse o único a cuidar de tudo e deixá-lo fora disso. “Estou falando sério, se você tentar me envolver nisso”, ele disse mais tarde naquela noite, depois de colocar o filho de quatorze meses na cama - vendo muito claramente em sua mente uma visão deslumbrante e horrível de Hannibal caminhando com amostras quase idênticas de tecido colorido ou flores ou alguma outra coisa frívola, insistindo que é de extrema importância que Will o ajude a escolher o “correto” - “se você me fizer uma pergunta fútil sobre... sobre tabelas de assentos, ou o que quer que seja, então, que Deus me ajude, estou cancelando tudo agora mesmo.

Hannibal não pestanejou, apenas sorriu daquele jeito enigmático dele que sempre faz os olhos de Will se estreitarem em suspeita. "Você já está planejando tudo sem mim, não é?" Will perguntou então secamente.

“Eu suspeitei que o estresse adicional de planejar um casamento não era algo que você gostaria de assumir, então tomei a liberdade de fazer todos os preparativos no início deste mês,” ele admitiu casualmente. Era janeiro. A mente de Will vacilou. Hannibal deve ter feito tudo logo após o fim das férias, e tudo sem que sua companheira percebesse, provavelmente no conforto de seu escritório. Ele pensou nas horas mais longas que seu Alfa havia dedicado naquelas primeiras semanas, citando as necessidades mais pesadas de seus pacientes, já que alguns deles ainda estariam se recuperando de sua 'melancolia de férias', e percebeu com certa exasperação como deve ter sido fácil para Hannibal escapar a tempo para isso também, sabendo que Will não seria o mais sábio.

“Tudo que você precisa fazer é estar vestido e pronto para ir até uma hora do dia 4 de abril,” o Alfa o informou com um toque de presunção. Will piscou, tirando o telefone do bolso para verificar o calendário.

“Por que o quarto? Não é segunda-feira?”

“Embora seja mais convencional realizar tal cerimônia no fim de semana, a data é algo que eu não cederia.” Ele sorriu para o olhar perplexo de Will, nem um pouco perturbado ao ver que o significado disso estava perdido para ele. Eles realmente não tinham a prática de comemorar aniversários até este ponto. “Faz três anos desde que te vi pela primeira vez no escritório de Jack Crawford, uma lembrança que eu sabia que sempre guardaria como um tesouro.”

Will revirou os olhos, mas foi parcialmente compensado pela mão envergonhada que ele passou por seus cachos e corou satisfeito em suas bochechas. “Eu particularmente não gostava de você naquela época.”

“Não, você não fez,” Hannibal concordou, sorrindo como se lembrando de uma memória particularmente afetuosa enquanto pensava no comportamento rude de Will e na expressão irritada com a emboscada analítica de Hannibal contra ele. “Eu, por outro lado, já gostei imensamente de você.” Depois de uma pausa, ele acrescentou: “Na verdade, é uma sorte que o quarto seja em um dia de semana. Houve pouca dificuldade em reservar o local, apesar do curto prazo.”