Capítulo cinco

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   Anthony é o novo detetive chefe da delegacia de Santa Rita do Trivelato. Ele era o segundo no comando, depois de Vicente, e após provar que não sabia das falcatruas do superior acabou assumindo o cargo.

    Ele já era bem mais experiente, esperava não cometer erros no novo cargo, lutando contra o vicio em álcool e para reconquistar a confiança dos filhos o detetive vinha se dedicando com avinco ao trabalho.

    O detetive termina de ler mais um capitulo do seu livro favorito, O alquimista de Paulo Coelho, e apaga a luz do abajur. Rola na cama por alguns minutos e então fecha os olhos deixando o sono o levar, mas acorda minutos depois com o celular tocando. Ainda no escuro ele apalpa o criado mudo até encontrar o aparelho.

– Detetive Hanson. – Sua voz é rouca por conta dos vários anos que estragou os pulmões com cigarros.

– O senhor estava acordado? – A voz do outro lado pergunta apreensiva, era o soldado Gérson, subordinado.

– Sim. – Anthony mente. – O que houve?

– Recebemos uma denuncia anônima. – O soldado se cala esperando que o chefe o mande continuar, mas quando percebe que o mesmo está quieto continua a falar. – Acharam um corpo.

– Droga! Que horas são?

– São três da madrugada. – O soldado sussurra.

– Manda o endereço como mensagem, estarei lá em quinze minutos.

    Anthony se veste o mais depressa possível, pega a arma e o distintivo e dirige até o local, uma equipe de pericia já está no local, a imprensa também, o que preocupa o detetive. A imprensa são ratos que só querem divulgar tragédia, na opinião do detetive.

– Detetive pode nos falar sobre o caso? A vitima é homem ou mulher? – Uma repórter grita entre a multidão de curiosos e imprensa.

– Eu acabei de chegar por aqui senhoras e senhores, então, por favor, esperem até o dia clarear quando eu darei uma coletiva e responderei todas suas perguntas com prazer. – Anthony se abaixa e passa pela típica faixa amarela, suas costas estralam, mas ele ignora o desconforto. – Agora me deixe fazer meu trabalho.

    O soldado Gérson entrega a Hanson um par de luvas e um casaco da policia, quando saiu de casa nem se preocupou com o frio que fazia. Hanson se abaixa ao lado do corpo e ergue o plástico azul que o protege. O corpo está fedendo a sangue fresco, é uma mulher jovem e bonita, ainda está com os brincos e com os anéis o que indica que não foi uma tentativa de assalto, seus olhos estão abertos e sangue escorrem por eles, não é uma cena agradável para se ver tão cedo:

– Identidade?

– Não encontramos nada, senhor. – Gérson acena para um homem gordo e baixinho vestido com camisa e calça amarela, ele era uma luz naquela noite escura, seu nome é Jorge, o legista. – O legista chegou.

– Jorge. – Hanson se levanta e encara o legista com um sorriso, suas roupas coloridas sempre foi assunto na delegacia, mas Anthony não imaginava o quão grave era, amarelo não era uma cor que ele usaria em uma cena de crime, alias, ele nunca usaria aquela cor.

– Detetive Hanson como passou a noite de folga?

– Sem folga.

– Imaginei. – Jorge tira o plástico que cobria o corpo e começa a mexer na jovem. Ele ergue um braço, depois o outro, analisa a situação do fígado enquanto canta uma canção do Menudo, o que torna tudo ainda mais estranho.

– Não segure muito teus instintos, porque isso não é natural...

– Ele está cantando Menudo? – Gérson pergunta com uma expressão confusa.

– É o que parece. – Hanson toca o ombro de Jorge o tirando do transe. – E então? Encontrou algo?

– Detetive eu não costumo retrair meus instintos – Faz referencia a música. – Temos um caso entanto nas mãos.

– O que quer dizer com isso? – Gérson sussurra como se o vento pudesse levar a informação a publico.

– Essas marcas são quase idênticas há de um velho amigo nosso. – Jorge saca o telefone do bolso e mostra algumas fotos ao detetive e ao soldado. – Têm alguém imitando o Caçador.

   Anthony se pergunta porque o legista tem fotos do caso Caçador, mas acaba rindo da própria questão, era obvio que aquele caso era o xodó de Jorge. Um caso como aquele não podia ser esquecido tão fácil, ele só não contava com a possibilidade de ser reaberto. Alguém estava seguindo os passos do serial killer e era questão de tempo até que os...

– Detetive Hanson? – Uma voz lívida e autoritária interrompe os pensamentos do detetive. Ele encara o jovem a sua frente e se culpa por trazer aquela má sorte ao caso. O jovem estava vestido de terno, ás três da manhã, e usava óculos escuro e colete. Era obvio que não era um agente qualquer, mas sim do alto escalão.

– Sim, sou eu.

– Sou o agente Zack. – Smith se aproxima, mas dispensa apresentações, dá um gole no café e grita com seu novo estagiário pedindo uma rosquinha.

– Já sei. – Hanson tira as luvas e as joga no chão em cima do soldado Gérson sem conter o descontentamento. – O caso é de vocês.

E os federais estão de volta. Haha.

Refém do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora