Necrotério Ikete

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Essa história foi escrita
propositalmente confusa e problemática. É pra ser só na visão de um personagem então pra mim fez mais sentido misturar passado/presente e monólogos.
Boa leitura

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Mais uma noite havia se passado, e não tinha tocado nenhuma vez em seu cônjuge.

93 dias, nunca perdida a contagem, já tinha tentando, mas assim como os anteriores, o número não era apagado de sua cabeça. A saudade fazia desejar voltar todos esses dias.

Sua vida era baseada nos dois sentimentos; saudade e impaciência.

O despertador atrapalhou seu sono no mesmo horário odioso de sempre; cinco horas. Todos os dias pensava em vários argumentos para continuar dormindo, seu trabalho começava apenas as nove, se cansaria atoa, queria continuar sonhando com 93 dias atrás e todas as mágicas que aconteceram. Ignorou isso antes de se virar e continuar dormindo, seu sono não era maior que sua obrigação de fazer companhia a pessoa que no exato momento deveria estar acordando e se preparando pra arrumar seu quarto. Já tinha tentado de tudo, desligar seu despertador, tampar as janelas, mudar o relógio, nada tinha adiantado, as cinco da manhã Yoongi levantava, e só restava Namjoon correr pra preparar seu café antes que ele saísse do quarto.

Todos os dias o medo de se atrasar o atordoava, mas no fim era raro alguma manhã que não conseguisse finalizar tudo em ponto. Café e torradas era o prato, o almoço podia variar, porém o café sempre era o mesmo.

Rotina. Rotina. Rotina.

Em pouco tempo já estavam juntos na mesa comendo.

– Hoje eu tive um sonho ruim... - Namjoon olhou assustado no calendário, não era o dia que geralmente Yoongi falava.

Quebra de rotina.

– Ruim como?

– Me atacavam.

O resto do sonho cabia a si usar sua imaginação pra supor o quê poderia ter ocorrido pra chegar naquele final, quando Yoongi virava o rosto e começava a se beliscar significava que passaria horas calado. Seus braços, atuais alvos de seus beliscões, estavam começando a ficar avermelhados, no entanto aquelas marcas não eram nada graves, sumiriam rápido e aparentariam ser intocáveis. Namjoon deixou a comida de lado pra pensar o quanto oa membros saudáveis eram seu orgulho. Usava os melhores cremes que a medicina podia proporcionar, e isso era apenas parte de todas as técnicas que tinha.

Estudava por horas nas peças do seu trabalho os métodos mais eficazes de massagens, o seu sonho mais secreto era poder despir o marido e fazê-lo desfilar pela casa expondo seu corpo, Namjoon queria que seu peito fosse a passarela pra que pudesse ver as pernas de baixo para cima. Nu, com um saco cobrindo sua cabeça. Era seu orgulho e sua maior vergonha comprovada um único ser. O pescoço eram centímetros de feridas, a pele do local era apertada, arranhada, puxada, tudo que não envolvia cuidados, Namjoon se flagelava sempre que via por ser tão incapaz de nunca ter tocado naquela área pra tratar.

Nada no seu casamento tinha apenas um lado. Enquanto era sua felicidade massagear as pernas finas, chorava ao ver tantos machucados no pescoço.

Continuaram comendo em silêncio, Yoongi tinha sua própria maneira de se alimentar, passava mais tempo mastigando que o necessário e fazia isso encarando a pessoa a sua frente. Ter as orbes negras sobre si já causou um grande desconforto no passado, só começou a se acostumar quando percebeu que era um privilégio receber seu olhar. Pra sua condição, uma troca de olhares era um avanço do seu relacionamento.

A sala de estar, biblioteca, área de lazer, esses cômodos já foram seu, os aproveitava pouco, mas atualmente só entrava neles deixar limpo. Yoongi não gostava de empregados, eles eram aleatórios, e mesmo que seguissem rigidamente uma ordem de tarefas, sempre faziam algo que aumentava sua fobia de socialização.