Tankhun

100 15 1
                                    


"God, I have my father's eyes, but my brother's when I cry"

 A primeira vez que Tankhun mata, ele tem 12 anos e suas mãos tremem ao redor da faca enquanto ele esfaqueia para a esquerda e para a direita, tentando sobreviver.

Era a primeira vez que ele tinha sido sequestrado, mas que provou não ser a última. Khun tinha sido apanhado no caminho de volta da escola e drogado antes de ser jogado em uma van preta. Ele só havia recobrado a consciência muitas horas depois quando acordou em um quarto escuro sem luz do sol, apenas uma lâmpada fraca iluminando o pequeno espaço.

Suas mãos e pés estavam amarrados, sua boca bem tapada com fita adesiva. Sua cabeça estava girando e dor se apoderava de suas têmporas toda vez que ele piscava. Tankhun sentou-se no escuro, tentando se lembrar de qualquer fragmento de seu treinamento que pudesse ajudá-lo a sobreviver, mas o pânico estava aumentando e seus pensamentos estavam dispersos por toda parte. Ele era apenas uma criança com lágrimas queimando em seus olhos, um grito desesperado para que sua mãe e seu pai viessem salvá-lo ameaçando rasgar sua garganta.

No meio de seu desespero crescente, Khun lembrou-se vagamente de Chan dizendo-lhe que, se fosse sequestrado, a primeira coisa a fazer era ouvir. A voz do guarda-costas era um mero sussurro no fundo da sua mente enquanto Tankhun lutava contra o pânico para dar sentido às palavras que havia guardado em sua memória.

Ele respirou fundo, fechou os olhos e escutou. Por longos segundos, não conseguiu identificar um único som e a sensação de não ver nem ouvir nada era quase demais.

Até que um ruído mais suave se sobressaiu e ele identificou vozes do lado de fora da porta que o mantinha preso lá dentro. Tankhun não estava acorrentado à parede, mas não conseguia andar por causa da corda em volta de suas mãos e pernas, então rastejou lentamente até chegar à porta. Khun pressionou sua orelha contra ela e percebeu que, de quem quer fossem as vozes, elas não estavam perto o suficiente para pegá-lo ouvindo. Ele podia perceber apenas que eram três homens conversando entre si, dizendo o nome de Tankhun algumas vezes.

A segunda parte da lição de Chan envolvia esperar, lembrou Tankhun. E foi isso que ele fez.

Ele esperou enquanto as refeições eram deixadas pelas frestas da porta. Ele esperou enquanto era jogado de um quarto para o outro, caindo duramente sobre as mãos e os joelhos. Ele esperou mesmo enquanto homens com o dobro de seu tamanho o encaravam com armas carregadas nas mãos, enquanto socos eram lançados em sua direção e suas costelas eram chutadas repetidamente, enquanto a agonia o consumia por inteiro.

Finalmente, quando já havia perdido as contas de quantas horas ou dias havia passado naquele inferno, ele ouviu gritos e tiros sendo disparados à distância.

Ele sabia, mesmo em meio ao estupor de dor e desespero, que os homens de seu pai o haviam encontrado. Amargamente, Tankhun pensou que eles tinham demorado muito. Ele esperava que seus captores o esquecessem no meio de tanto caos, mas logo descobriu que estava errado quando um homem abriu a porta com força e o puxou para ficar de pé.

Um dos guardas que já havia ajudado nos espancamentos suportados por Khun puxou uma faca do cinto enquanto apontava uma arma para Tankhun com a outra mão: "Não tente nada, garoto. Temos que ir embora e você tem que estar de pé para isso." Khun apenas assentiu, não podendo dizer nada com a fita cobrindo sua boca.

O homem cortou as cordas que mantinham os pés de Khun presos e ele sentiu-se tonto e exausto. Fazia muito tempo desde a última vez que Khun tinha ficado de pé por conta própria e ele mal conseguia suportar seu próprio peso.

Family LineOnde histórias criam vida. Descubra agora