As voltas que o mundo dá. Parte I

Capítulo 1

Ah menina, um dia eu caso com você!

E ficaremos juntos para sempre.

Sempre me dizia rindo.

Se eu fazia ou dizia algo inconsequente ou incoerente, vinha aqui em casa e agia como irmão mais velho e sempre soltava uma das suas.. 

Eu vigio você!

Se aprontar... Eu vou saber!

E sempre sabia...

E sempre vinha, conversávamos e nos conhecíamos cada dia um pouco mais

E nossa diferença de idade, nunca foi um problema para nós dois

Conversávamos sobre tudo, ríamos muito

Meu primeiro beijo foi naturalmente com ele.

Meu tempo com ele era maravilhoso.

Para mim, o tempo passava devagar, já para ele sentia que o tempo corria...

Para mim, o mundo só começava, já para ele o mundo era dividido...

Ele não gostava realmente de estar ali, assumir empresas, andar de ternos, estar enfiado em prédios... escritórios...

Ele amava a Coreia... Ele amava o exercito... Ele queria era servir o país...

Assim como a mãe dele fez...

Os olhos dele sempre brilhavam quando falava de lá.

Ele é forte, corajoso, disciplinado e obediente...

Obediente demais para se virar contra as leis que nos cercam.

Já viemos com nossos destinos cruzados, com nossas histórias juntas, com casamento arranjado, com filhos, com nossos sonhos arruinados.

Vejamos,

Eu sou filha de Soraya e Alex-Soo (meu avô brasileiro e minha avó coreana)

Meus avós paternos, também não tiveram escolha: era a vez deles assumir esse papel: um brasileiro e uma coreana

Tiveram um casal de filhos, meu pai e minha tia que morreu/desapareceu há muito tempo.

Minha tia seguiu a mesma lei, porém a mais velha nessa vez, casa-se com um coreano e assim se fez, porém meu avó Ary conta que ela sofreu muito nas mãos dele, ele era um demônio e um dia qualquer eles foram viajar e nunca mais voltaram, deixando assim uma orfã que foi criada pelos meus pais

Meu pai sendo o mais novo, não tinha a tal responsabilidade e se apaixonou por uma brasileira na Coreia, Soraya, minha mãe e eles tem duas filhas, eu e a Mel

Crescemos entendendo que essas coisas iam acontecer não importava nada, era isso e era somente seguir... onde todo mundo é obrigado à casar com alguém do ciclo e sempre será: brasileiro e um coreano ou dois coreanos, nunca dois brasileiros, lástima.

Pois eu sou brasileira e Mel também.

E eu? Vim com o mesmo destino dos meus avós paternos...

Sem escolha.

Já os avós do noivo, Miang e Lee são os dois coreanos, tiveram somente uma filha que morreu num acidente com o marido, e até então os netos moram com a testa de ferro da família, vó Lee.

Dois coreanos, nascidos e criados lá

Chamo todos de vô e vó, até porque pra eles é uma questão de alto respeito e blá, blá, blá.

Até porque tendo duas nacionalidades, duas culturas, tentamos nos encaixar à tudo isso, porém não sei falar absolutamente nada, e sempre me confiei que as empresas estão aqui e nos Estados Unidos, então.... está ótimo!!

Uma responsabilidade, sabida por mim, desde que nasci, não escolhida, mas "ACATADA".

Como sou da segunda geração, meu livro de vida já tem um monte de páginas já escritas com letras grandes e em negrito...

Eu ainda nem vivi, terminei o ensino médio, faço karatê e dança e só poderei entrar na faculdade, caso meu marido permita, só poderei participar de algum campeonato de luta... de alguma competição de dança... de saídas com amigas... de festas... se meu marido permitir...

Presa nisso aqui!

Ah nem falei, eu sou Aurora, nem sou maior de idade e já estou noiva, amo dançar, amo roupas curtas, sou bem agitada, amo sol, tenho pavor de entrar no mar sozinha e em poucos dias completo 18 anos e caso;

Meu noivo é Sang Joon 상준, coreano, 38 anos, vivendo uma vida dele nitidamente sem muita paixão, mas já vivendo...

Está melhor que eu!

Lástima...

Que ele assim como eu, é o primogênito puro, então tem que ser eu por apenas 09 minutos (segue esse destino).

E ao falar de destino, escapei de casar com seu irmão gêmeo Seo 서준, é impossível conviver com sua arrogância, e o fato de ser insuportavelmente chato, esnobe e abestalhado.

Com o prazo encerrando... 

De viver  uma vida presa

Fica a sensação, entre os males... O noivo é o melhor...

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