Capítulo 5

177 22 18
                                    

Draco custou a pegar no sono depois daquilo.

Merda, ele não acreditava que havia mesmo dito a Potter que gostava dele desde o primeiro ano. Pelos calções flamejantes de Merlin. Se isso não fosse ruim o suficiente, teve que ficar uma eternidade recitando em sua mente os piores ingredientes de poções que conseguia se lembrar até que conseguisse se livrar daquela ereção. Porque a imagem de Harry com a boca nele... Tinha sido uma provação.

E, quando finalmente dormiu, os pesadelos vieram de novo.

Seus terrores noturnos eram como uma lista de livros de terror e sua mente sempre escolhia alguns capítulos quando ele ia dormir para folhear as páginas. Seu pai, sua mãe, seu padrinho, Voldemort, comensais, fogo, Crabbe, hipogrifos, maldições imperdoáveis, doninhas. Harry.

Ele não ficou realmente surpreso que o pesadelo daquela noite tenha tido a ver com o garoto. Eles estavam jogando quadribol, competindo pelo pomo de ouro. Já sabia o que se seguiria a seguir quando tomou consciência de que estava sonhando e a agonia de não poder parar as cenas era ainda pior.

Me inclinei mais na vassoura, estendendo o mão. Potter estava perto... Um pouco mais perto do que eu. Fiz uma curva pra baixo, sumindo de seu campo de visão e acelerando. Sorri, vendo meus dedos se fecharem ao redor da maldita bolinha dourada. Ganhei.

Faço uma careta ao sentir a textura estranha em minha mão e, quando pisco, não é mais o pomo que seguro. O cabelo escuro e bagunçado de Harry está entre meus dedos, seu rosto com tantos hematomas que os olhos mal ficam abertos.

Soltei-o, pulando para trás e caindo no chão.

Não, quase caindo. Um par de mãos frias e estranhas empurra minhas costas. Ouço uma voz sussurrar, me fazendo arrepiar com o tom sobrenatural:

- Faça logo, criança maldita.

Então minha mão está erguida. A torre de astronomia.

Dumbledore está a minha frente, me encarando com aqueles olhos pequenos e que parecem estar sempre lendo além de você. Me encolho, principalmente quando uma luz forte e verde sai da ponta de minha varinha, pequenos choques percorrendo meu corpo como se houvesse levado um cruciatus.

O corpo dele cai pela janela, como se levado por uma brisa, desaparecendo. Em um segundo, sinto o punho de Potter atingir meu rosto. Ele grita e sinto garras rasgarem meu peito de forma profunda, me atirando ao chão.

Quando ergo o rosto, vejo meu pai segurando uma varinha contra o pescoço de Harry, minha varinha, e um furão branco em seu ombro, me encarando com olhos vermelhos cheios de malícia. O animal pula em meu rosto e Harry grita de novo, de dor dessa vez.

Quando me solto das garras do bicho, Potter não está lá mais lá. Corro e vejo-o no chão do lado de fora da torre de astronomia, muitos metros abaixo, cercado por chamas. Grito para ele, mas os dedos de Lucius Malfoy se fecham ao redor de minha garganta e não consigo falar, não consigo respirar, não consigo me mover.

- Você fez o certo, Draco.

O certo? Por que? O que tem de certo em qualquer coisa disso? Não não não. Minha voz não sai, o ar não entre e meu corpo continua parado.

Falar, respirar, mover. Falar respirar mover. Falarrespirarmover.

Draco abre os olhos com um som engasgado, puxando o ar com força para os pulmões doloridos. Os dedos se agarram tão forte em seu lençol que doem, mas ele leva um tempo até conseguir soltá-los

Harry ouviu quando ele acordou gritando e agarrando os lençóis ao se sentar, arregalando os olhos verdes em sua direção. Mas o garoto não estava dormindo, também. Estava sentado em sua própria cama, a varinha na mão e uma pequena luz acesa na ponta, como se estivesse desenhando no ar.

Slytherin: Ambição (Drarry +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora