Capítulo 1

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Draco apertou os dedos embaixo da mesa, onde ninguém poderia ver, tão forte que sentiu as unhas curtas se cravarem em sua palma.

Enquanto terminava sua torta de amora sem muito ânimo e sem prestar muita atenção ao que Pansy e Crabbe estavam discutindo, se viu frustrado mais uma vez. Quando a porta do Salão se abre, seus olhos automaticamente viram naquela direção, mas é apenas uma garota corvina entrando estabanada com uma pilha de livros escorregando dos braços. Seu estômago se revira.

13 dias. Já faziam 13 dias que Harry Potter não vinha a escola.

E Draco tinha certeza que seu amigo ruivo idiota e a garota meio-sangue não sabiam nada sobre ele, porque ele era um bom observador e sabia que os dois viravam com olhos cheios de cansaço e olheiras se arregalando em esperança toda vez que aquela porta se abria. Exatamente como ele fazia também. Nos últimos dias, o casal parecia mais decepcionado do que esperançoso olhando a entrada do Salão.

Onde o maldito Potter havia se metido dessa vez que nem mesmo seus cães de guarda sabiam onde ele estava?

Draco levantou- se, sem se preocupar em se despedir dos colegas ao pôr as mãos nos bolsos do uniforme e ir em direção à saída. Estava cansado, também. Seu pai havia sido preso e sua mãe mal saía do quarto, o que deixava complicada a situação da família Malfoy. Se é que aquilo ainda poderia ser chamado de família.

Se não fosse por Harry, ele e a mãe também estariam na cadeia. O depoimento do grande herói do mundo bruxo foi tudo que permitiu que ele voltasse para refazer seu sétimo ano em Hogwarts - o oitavo, na verdade. Mesmo que precisasse fazer trabalho comunitário para pagar por suas ações durante a guerra depois que se formasse, era melhor do que ganhar uma bela acomodação em Askaban ao lado de Lucius. Ficava feliz que as cartas de ódio de seu pai só pudessem ser mandadas uma vez ao mês para ele de lá.

Suspirou, abrindo a grande porta e saindo para os corredores. Talvez conseguisse dormir um pouco antes da primeira aula em algum canto, para compensar a noite em claro. De dia era mais fácil que seu sono não cedesse aos pesadelos. Mesmo que não fosse tão fácil assim desligar a mente.

Estava distraído o suficiente enquanto andava até a Sala Precisa (reconstruída nos meses antes do início das aulas, sabe-se Merlin como) - imaginando se dessa vez apareceria aquela poltrona azul ou a cama de lençóis finos que o deixava muito feliz - para perceber a pessoa que veio bruscamente em sua direção, trombando com força contra ele. Ergueu os olhos sem muito interesse, prestes a dar uma resposta fria e sair andando novamente, quando viu quem é que estava parado à sua frente.

O cabelo mais bagunçado - e mais comprido - do que já era normalmente, uma roupa suja e rasgada e a pele dos braços e do rosto coberta por arranhões e hematomas. Aqueles olhos verdes. E a cicatriz em forma de raio acima dos óculos redondos, que estavam tortos em seu nariz também torto, provavelmente quebrado.

Harry Potter.

Não em seu melhor estado, mas, mesmo assim...

Seu coração acelerou e estava prestes a esticar a mão e perguntar de onde vinham aqueles ferimentos, quando se lembrou que não tinham aquele tipo de relacionamento, é óbvio. Engoliu em seco, ainda muito surpreso ao ver o garoto. Pelo menos agora sabia que ele estava vivo e bem. Ou quase isso, na verdade.

Harry fez uma careta, suspirando irritado e pondo as mãos nos bolsos também:

- Me deixe passar, Malfoy, não estou com paciência para você hoje.

Draco não respondeu. Poderia dizer que o garoto estava sendo desnecessariamente grosseiro com ele, mas era justo, se pensar nos últimos seis anos em que havia atormentado-o incessantemente - o ano anterior não contava, porque não podia ser comparado a mais nada por que já tivessem passado em suas vidas. Talvez se sentisse um pouco culpado ao encará-lo. Sem falar da vergonha. Havia tanta coisa entre os dois, ao mesmo tempo que não existia nada...

Slytherin: Ambição (Drarry +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora