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A noite foi longa e cansativa, pelo simples fato de que não conseguir pregar os olhos em nenhum momento. Me acalmei apenas quando escutei uma batida na porta e Dovey apareceu em meu quarto.

—Oh querida, sabia que estava acordada, mas sua cara está entregando sua tristeza.— sorri tristemente para ela.

—Me desculpe, está sendo difícil ficar aqui. Não ter ninguém e ainda ter que lidar com coisas que não precisaria lidar se estivesse em casa, com a minha vida normal.

—Se lembra do que eu disse quando você chegou?— me forço a lembrar.

—Que estou exatamente onde eu deveria estar e que...

—Você tem alguma missão por aqui. Se pegue à isso, não se incomode com os outros.— meus olhos se encheram de lágrimas.

—Está sendo meio difícil, Clarissa...— ela sorri e vem para perto de mim.

—Deite-se, vou contar como conheci sua mãe, para te deixar mais tranquila.

Deitei em minha cama e Dovey se sentou ao meu lado, me puxando para deitar minha cabeça em seu colo. Sua mão fazia carinho em meus cabelos.

—Eu tinha 14 anos quando me mudei para a cidade em que você nasceu, fui para uma nova escola e como era uma cidade pequena todo mundo se conhecia e eu era a estranha que ninguém queria conversar.

"Quando estava perdendo as esperanças de fazer amizades, uma linda menina loira, de cabelos cacheados começou a conversar comigo. Helena, foi o nome da minha primeira amiga naquela cidade que iria se tornar minha casa por longos anos."

Eu acabei pegando no sono durante a história, mas continuei sentindo seu cafuné por mais um tempo depois que dormi. Sentia algo extremamente familiar vindo de Dovey que me fazia estar confortável naquele lugar.

Acordo com batidas na porta, meu corpo estava um pouco dolorido de ter chorado noite passada. Me levanto e abro a porta, dando de cara com Cerise e Holly segurando uma cestinha de café da manhã.

—Bom dia, você não apareceu para o café, então o trouxemos para você.— eu sorri e deixei um espaço para que elas entrassem.

—Obrigada meninas, sentem-se por aí.— me sentir na cama já com a cesta em mãos.— me ajudem a comer, tem muita coisa.

Comemos tudo o que tinha ali dentro enquanto conversávamos. Depois fui tomar um banho enquanto elas me esperavam, deitadas em minha cama. Assim que saio, vou direto para o meu guarda-roupa, escolher meu vestido pro dia.

—Se arruma logo, já temos que ir pra aula.— Holly falou.

—Falando em aula, eu tenho que correr antes que Lesso arranque minha cabeça fora.— Cerise beija minha bochecha e sai do quarto rapidamente.

—Ela gosta de você.— Holly solta e eu a olho sem entender.— Cerise não gosta de ninguém, mas ela gostou de você.

Sorri com essa "confissão", por que eu também gostava da morena. Ela tinha me contado sobre sua família, sua mãe é a chapeuzinho vermelho e seu pai é o caçador, mas como uma incrível piada, ela se transforma em lobo, me fazendo ter o apelido de loba para ela.

—Estou pronta, Holly, vamos?— ela sorri e entrelaça o braço ao meu, andando ao meu lado.

Holly por outro lado é filha da Rapunzel com Flynn Rider, ela gosta de ser chamada de ruiva, por conta do tom avermelhado de seus cabelos. Às vezes ela nos irrita um pouco por conta de sua obsessão em achar o amor verdadeiro, mas eu não posso negar que acho fofo ela se empenhar tanto para isso.

—Demoraram, senhoritas, sentem-se para começarmos a aula.— falou a professora Anemone.

—Desculpa, senhora.— ela sorriu brevemente e nos sentamos em nossos devidos lugares.

A aula passou rapidamente e logo estávamos nos jardins dando um passeio e conversando. Cerise estava com o braço entrelaçado ao meu e Holly saltitava ao nosso lado.

Andamos mais um pouco quando eu parei bruscamente olhando para um canto do jardim. Era Raven e Dexter... se beijando, eu senti um peso sobre meu corpo e uma lágrima solitária escorrer por minha bochecha.

—Vamos pro outro lado, princesa.— Cerise se adiantou e me puxou para um abraço enquanto andávamos.— Está tudo bem, não foi nada.

Eu simplesmente fiquei calada olhando para o nada, quando nos sentamos embaixo de uma árvore enorme.

Lesso POV

Clarissa e eu dávamos uma volta pelo jardim da escola do bem, para ficarmos de olho nos alunos. Eles andavam animados, conversavam bastante e pareciam se divertir ali.

Paramos em um momento para sentarmos um pouco e observar tudo mais tranquilamente. Dovey falava sobre inúmeras coisas que vinham em sua mente e eu apenas deixava ela falar, enquanto meus olhos varriam o local.

Vejo mais ao fundo três meninas estáticas olhando para um ponto fixo, quando procurei saber quem eram, vi Cerise Hood, minha aluna, Holly O'hair e Aurora Lockes, alunas de Clarissa.

A senhorita Hood puxa Aurora para um abraço apertado e tento entender o que estavam olhando. Então vejo dois alunos se beijando mais ao fundo do jardim, me levanto e vou em direção à eles.

—Os senhores sabem muito bem que não se pode ficar beijando em público, não sabem?— os dois levam um susto e assentem rapidamente com a cabeça.

—Desculpa, Lady Lesso, prometemos que não vai acontecer isso de novo.— a senhorita Calaveras falou.

—É bom mesmo, não quero ter que dar uma nota baixa por um comportamento inadequado.— os dois se retiram dali e me viro para onde as três meninas estavam.

Aurora estava com o olhar perdido e dentro de mim crescia uma vontade de ir irritá-la um pouco, era engraçado ver seu rosto se contorcendo de raiva e depois seus passo irritados quando eu simplesmente a mandava embora.

Mas uma vozinha no fundo de minha mente mandou eu deixá-la quieta, porque sabia que tinha algo de errado acontecendo naquele momento.

—O que aconteceu? Você saiu de repente.

—Dois alunos estavam desobedecendo ordens, vim alertar eles sobre.— meus olhos ainda passavam de vez em quando no trio e Dovey percebeu.

—A, por favor Leonora, já vai pegar no pé da menina de novo?

—Eu n...— ela me interrompeu.

—Não, deixa quieto, vou lá ver o que aconteceu e você fica longe disso se não pode piorar a situação.

Era só o que me faltava, Clarissa me dizendo o que devo ou não devo fazer. Apesar de não gostar, respeito sua decisão e volto para a minha sala, em alguns minutos minhas aulas voltariam e eu teria uma longa tarde ensinando esses pirralhos.

The time of good and evilOnde histórias criam vida. Descubra agora