The time of good and evil

9

Segunda feira havia chegado e eu estava indo, nem um pouco animada, para a sala de Lady Lesso. Minha temporada como ajudante dela estava apenas começando e eu já queria acabar com aquilo logo.

Bati na porta que se abriu rapidamente, mas Lesso estava do outro lado da sala. Ela me olhou e um sorriso se formou em seu rosto.

—Por onde você quer que eu comece?

—Nem um bom dia, senhorita? Não acha que anda um pouco mal educada?

—Não, não acho. O que você quer de mim por agora?

—Então está bem. Tenho uns arquivos de cada aluno que acabaram ficando bagunçados com tudo que aconteceu ano passado. Por favor, organize ele, tenho que dar uma aula agora.

E assim ela saiu como se nada tivesse acontecido, como se há dois dias ela não tivesse me beijado. Fiquei boquiaberta com o quão cínica ela conseguia ser.

Algum tempo se passou e eu estava acabando de arrumar os papéis, quando senti uma presença chegando perto de meu corpo.

—Ainda não acabou, senhorita?— viro para ela e respiro fundo.

—Ainda não, mas não falta muito.

—Que bom, tenho mais coisas para você fazer.— ela passa por mim e se senta na cadeira.

Lesso não fala nada, mas sinto seu olhar sobre mim. Levanto minha cabeça e percebo um sorriso em seu rosto, limpo meus lábios com a língua e ela sorri ainda mais.

—Acabei.— coloco todos os papéis na gaveta dela.

Volto para o lado oposto da mesa e boto as mãos nela, olhando diretamente em seus olhos.

—O que queria de mim?— ela mantém um sorriso no rosto me fazendo querer saber o que passa por sua cabeça.

Lesso POV

"O que queria de mim?" Essa pergunta ecoou em minha mente por alguns segundos antes de conseguir voltar a nossa conversa.

—Preciso que entregue esse envelope para Clarissa, ele é de extrema importância, então por favor, não mexa nele. Apenas entregue nas mãos de sua diretora.

—Está bem, vai querer que eu volte ou já poderei ficar por lá?

—Você tem aula logo depois que entregar o envelope então deve ficar por lá, qualquer coisa peço para te chamarem.

—Okay, tchau Lady Lesso.

—Até mais loirinha.— falei sorrindo e ela revirou os olhos.

Eu gostava muito de pegar em seu pé, porque ela sempre ficava irritada com isso, ela dava corda para que eu a irritasse ainda mais.

As aulas acabaram, voltei para minha sala quando escuto alguém bater em minha porta. Vou até lá e vejo Dovey me esperando.

—Precisamos conversar. Você não me contou o que aconteceu mas sei que quer. Desembucha Leonora.

—Boa tarde para você também, Clarissa.— me sento em minha cadeira e faço um pequeno movimento para ela se sentar também.

—Não enrola, Lesso, sei que tem algo que está te incomodando.

—Não tem nada me incomodando. Estou tranquila até demais.— estico minhas pernas e boto elas em cima da mesa.

—Leonora, eu te conheço muito bem, sei que não é verdade. Converse comigo, sou sua amiga.— algo em mim amoleceu com sua fala.

—É muito complicado, Clarissa, não é algo que eu simplesmente posso dizer com orgulho. Eu prefiro me organizar mentalmente e depois conversar com você.

—Está bem, vamos andar um pouco pelo jardim, pode ser que sua mente se liberte um pouco.

Eu sorrio, porque ela sabe exatamente como me deixar mais calma. Me levanto e ando ao seu lado até chegarmos ao jardim. Lá era um dos meus lugares favoritos, apesar de tantas cores e tanta luz, era um local que transmitia uma calma para quando você precisasse.

Fomos conversando e vendo os alunos juntos, andando e se divertindo pelo enorme gramado. Paramos em uma sombra e nos sentamos no banco que tinha ali.

Ouvimos risadas e conversas das alunas do Bem, super animadas em acharem o par para o baile do meio do ano e para mim aquilo era hilário, eu passaria muito tempo ouvindo as meninas falarem sobre seus contos de fadas dos sonhos, sabendo que isso é só uma pequena desculpa para elas sonharem alto antes de caírem.

O amor verdadeiro não existe, muito menos o conto de fada perfeito. Eu já havia descoberto isso anos atrás e nunca mais tentei questionar essa descoberta.

—Amor verdadeiro, isso é bobagem, Holly, eu até acredito em amor, mas não em verdadeiro.— ouço a voz que me é tão conhecida e fico atenta a sua conversa.

—Entao o que você sentia pela Raven? Rory, foram mais de 6 anos dessa paixão sua pela Raven, e não era amor?— então o dia que ela estava mal fez sentido, ao ver a senhorita Calaveras beijando Dexter, a fez ter o coração quebrado.

—Exatamente o que você disse, paixão. Talvez obsessão, mas amor não era.

—Então você já superou ela?

—Claro que sim.

Percebo o silêncio delas mas não viro para entender o que estava acontecendo, principalmente porque elas voltam a falar logo depois.

—Superou, sei, quando você parar de ficar abobalhada perto dela você fala comigo.

—Eu não sinto mais nada por ela.

—Para vai, eu vou te ajudar a superar ela rapidamente, vem comigo.— Cerise falou e logo não escutei mais nada além delas saindo de perto.

Quando voltei a atenção para Dovey, percebi que ela falava sem parar de coisas sem nexo, então eu apenas apertei os olhos mostrando que estava perdida na conversa.

—Você não ouviu uma única palavra do que eu disse não é?

—Desculpa, Clarissa, estava pensando em outras coisas.

—Estou aqui se quiser falar sobre.

—Estamos no meio de vários alunos, não vou falar sobre mim, nem sonhando.

—Entao vamos entrar, podemos ir para a minha sala e conversar lá.

Levantamos do banco e fomos até a sala de Clarissa. Ao chegarmos lá, ela pediu para que eu começasse a falar, mas estava receosa de falar que havia beijado uma aluna, principalmente Aurora, por quem Dovey tinha um carinho especial.

—Não precisa se preocupar em falar algo aqui, Leonora, sou sua amiga.

Respiro fundo, apoio minhas mãos na cadeira e na mesma hora que veio um lapso de coragem, a porta é aberta sem aviso nos assustando.

—Senhorita Dovey, você pode me ajudar? Aurora tropeçou com um copo na mão e acabou se cortando, tem sangue para todo o lado.

Clarissa sem nem pensar duas vezes saiu disparada para onde a aluna a levava, eu fui atrás querendo ver se Lockes estava bem.