capítulo dois.

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Minha avó sempre me contou histórias sobre sua vida de atriz, e como com o tempo a fama foi desgastando seu psicológico. Sua última aparição em um filme foi em 1989, numa maneira sutil de se despedir da carreira que lhe tirou da fome.

O problema nunca foi os filmes, mas sim quem os assistia. Ela não via problema algum em autografar blusas, abraçar ou aceitar presentes, o único problema mesmo é com quem era invasivo e queria saber mais da minha da minha avó do que ela mesma.

Chegou num nível onde minha avó não podia fazer nada no quintal, ou deixar as janelas abertas que tinham paparazzi prontos para divulgar tudo nas revistas. Ela passou pra mim esse instinto de detestar pessoas que sabiam mais que ela, ela reforçava que estava velha demais para suportar essa brincadeira e sempre dizia que se pudesse viraria amiga desses que a observavam para que algum dia pudesse envergonhá-los por essas atitudes inapropriadas de bisbilhotar a vida alheia.

Parece bobo, mas só quem já se sentiu vigiado sabe como é, e estou aqui para mostrar pra minha avó que consigo vinga-la. Ok, é bobeira, mas eu gosto de bobear às vezes.

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Lorelai escolheu um fita de Guns N Roses, o bom gosto de uma criança diz muito sobre sua criação.

─ Eu adorei sua escolha Lorelai muito bom gosto.

A menina sorriu sem falar nada, vai ser difícil arrancar uma frase inteira dela.

─ Então Remus, onde..

─ Lupin - ele diz.

─ Desculpe ? - respondo.

─ Eu prefiro que me chame de Lupin.

─ Ok... então Lupin, porque você escolheu fazer licenciatura?

Pude ouvir o seu suspiro de desapontamento, como se não quisesse responder nada daquilo.

─ Eu gosto de ensinar coisas, escrever especialmente por isso escolhi a parte de letras, foi uma escolha fácil não precisei escolher muito.

Lorelai cantarolava sem emitir nenhum som. Seus olhos estavam fixos no meu pescoço ou cabelo, pude perceber.

─ Hm, entendi. Lorelai, você está de olho em alguma coisa?

O sinal ficou vermelho e eu agradeci por isso, nunca pensei que iria gostar de uma criança na vida (talvez seja porque ela mal fala).

A menina apontou para sua orelha e seu olhar quase implorava para que eu fizesse o mesmo. Tirei o cabelo longo da frente e mostrei minha orelha com muitos piercings e os olhos dela se arregalaram. Não pude deixar de sorrir por causa de sua reação, foi incrivelmente fofo.

Inclinei o retrovisor para ver se Lupin também estava olhando, e como ele estava. Seus olhos estavam quase saindo do rosto, espero que ele não seja um religioso extremamente rigoroso.

─ É, eu fiz alguns piercings quando eu era mais novo, - puxo a gola da blusa - mas isso daqui é mais legal.

Mostrei a Lorelai a minha tatuagem de lobo, e ela pelo visto ela adorou, e Lupin nem tanto.

─ Você poderia prestar atenção na estrada, por favor ? - Lupin falou com um tom irritado.

Bufei e quando o sinal abriu (sim, não estava aberto, esse garoto só quer me encher o saco, sendo que ele é a minha CARONA), e pensei o quanto Lupin era irritante.

Ficamos em silêncio por alguns minutos enquanto a música ecoava. Lupin tirou uma das apostilas do trabalho e estava lendo, com um marca-texto na mão e a tampa na boca, ele batucava o marca-texto de um lado para o outro como se acompanhasse a música. Ele voltou o olhar para o retrovisor e eu desviei o olhar no mesmo instante.

Eu conheço as ruas de Hollywood perfeitamente e sei que faltam alguns poucos minutos para chegar e eu ainda não perguntei nada sobre a tal "vista-grossa" que ele faz sobre mim. Merda.

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Eu estaciono meu carro próximo ao meio-fio bem na frente da escola.

─ Tenha um bom dia Lorelai - digo e a menina sorri e me olha com aqueles olhos cor de mel lindíssimos.

Lupin sai do carro sem falar nada, ajeita seu suéter meio amassado e coloca a bolsa de Lorelai nas costas.

─ Obrigado, desculpe o incômodo - diz Lupin indo em direção a entrada da escola.

Não penso duas vezes e saio do carro parecendo um desesperado.

─ Ham, Lupin você se incomodaria de vir aqui um instante?

É Claro que ele se incomodaria. É justamente pra isso que eu estou aqui.
Ele fecha os olhos tão fortemente como se preferisse desmaiar ao invés de falar comigo. Ele cochicha algo para Lorelai e vem até mim.

─ Diga, sou todo seu por agora.

Eu enchi o pulmão de ar e na minha mente soou como um ato de coragem.

─ O que você acha de tão interessante na casa da minha avó ?

Ele me pareceu confuso.

─ É uma bela casa - ele responde.

─ Mas é claro que é uma bela casa, eu me pergunto o que é que tem lá dentro que te interessa tanto? - diminuo meu tom de voz - O espírito da minha avó está rondando por lá e eu não estou vendo?

Tento parecer o mais ameaçador possível, como se os piercings, tatuagens, cabelo longo de guitarrista de uma banda indie não fossem o suficiente. Lupin ri. Ele apenas RI.

─ Olha só - ele começa - eu achei que você já estivesse acostumado com essa vidinha de famoso, mas pelo visto não, então eu vou te contar. Sua avó foi uma grande estrela do cinema, e não me leve a mal, mas quem não olharia quando um...

─ ...Jovem adulto - digo.

─ Uma espécie de vampiro metaleiro - ele responde cheio de ódio - vai morar numa casa de uma das maiores estrelas do mundo. Não faz sentido.

─ Quando se tem dinheiro tudo faz sentido.

─ É então realmente nada faz sentido pra você. Tenha um bom dia Sirius.

Como... como ele sabe da minha vida financeira ? Eu moro na casa de uma das atrizes mais famosas do mundo, eu já fui modelo, sou formado e como ele sabe que minha vida financeira está despencando.

Me desculpe Remus Lupin se eu achei que você era um observador. Agora eu tenho certeza.

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AVISO: vão ter muitas alterações na história da atriz Audrey Hepburn, aqui ela será usada de maneira fictícia e fantasiosa, podendo alterar a idade do falecimento, criação de novos filmes, pessoas fictícias. Vocês estão avisados!

- votem na história, por gentileza <3

all about my grandmother - wolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora