Chapter XVI

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Lyra não conseguia parar de pensar no que havia ocorrido havia pouco. Ela sentia a vitória iminente, contudo não tinha a mínima ideia que aquilo aconteceria. Nunca duvidou do impossível, mas, naquela vez, o impossível não era tangível.

Quando fechou os olhos, os eventos que aconteceram antes do final da concepção passaram pela sua mente como um filme.

Primeiro, se lembrou de os três juízes avaliarem o que ela havia feito.

Depois da decisão, Lyra tinha ficado com uma média alta. Suas bochechas ficaram coradas, ela se sentia um pouco envergonha por todos a olharem depois da salva de palmas. Como usava o vestido, deu uma giradinha a fim de mostrar ao público todo o vestido. Ele tinha o brilho de inúmeros vagalumes e era tão bonito que não tinha como não ficar de queixo caído.

O de sua adversária era um vestido longo, branco, e com alguns detalhes dourado nele. E, de repente, não era mais um vestido. A McKinnon só reparou no que acontecera, quando todos pararam de bater palmas. Olhou, então, para o próprio corpo. O tecido todo de sua criação tinha sido rasgado, sem ninguém, a não ser ela, ter tocado.

A morena voltou, uns minutos depois, usando a roupa que vestia antes. Não tinha uma expressão vergonhada, mas sim uma feroz, como se deixasse explícito que não deveria ser perturbada, caso contrário, iria para Azkaban por ter usado a Maldição Cruciatus em alguém.

Olivaras pediu gentilmente a sua varinha. Depois de um tempo, ele anunciou a Ludo que a tinha sido uma trapaça. O olhar no rosto do juiz era de tristeza, enquanto a da juíza era de contentamento. Ela parece ter realmente gostado do que eu fiz, pensou Lyra.

O criador de varinhas sorriu para a loira, que retribuiu o gesto. Antes de voltar a atenção para o que Walburga iria dizer —depois de ter falado com os três juízes— ela percebeu uma troca de olhares sugestiva entre Regulus e Sirius. Por isso, decidiu que iria descobrir o que eles tinham tramado. Pois eles tinham realmente tramado algo.

Notou que Walburga parecia sem palavras. Aquilo não era o que ela havia planejado. Seus olhos azuis faiscaram, sua cabeça a mil procurando uma forma de explicar tudo aquilo às pessoas presentes. Enquanto isso, Olivaras e Ludo tinham um sorriso de divertimento no rosto.

Lyra tentou parecer mais indiferente o possível, já que não achava certo ficar cantando vitória antes da hora. Mas, também, era além disso. Era como se algo dentro dela não a deixasse fazer Marlene passar mais vergonha que já tinha passado. Não podia negar, apesar de tudo, que o gosto daquilo tudo era bem doce e daria alguns pontos a mais para ela com Walburga.

A Black, depois de poucos minutos, anunciou em alto e bom tom quem havia ganho e, portanto, quem realmente fez o vestido. Tratou o problema que a McKinnon sofrera com a maior calma e frieza, e Lyra tinha certeza que a morena iria arcar com as consequências.

A seguiu, com um enorme sentimento crescendo em seu coração: compaixão. Não entendia ainda como tinha esse sentimento, sendo quase uma ironia uma Black ter isso. Mas, mesmo quando mais jovem, parecia não ter sido moldada conforme os moldes dos Black.

Saiu do lugar sem ter olhado para trás, sem ter visto os olhares preocupados dos irmãos. O caminho pelo o qual Marlene andava parecia ser um labirinto, e Lyra concluiu que ela apenas queria ficar sozinha.

Querendo ainda falar algo para ela, e tendo concluído aquilo, gritou:

—Marlene! —a McKinnon parou, fechou as mãos nos punhos e olhou para Lyra.

Os belos traços dela pareciam ter sido retorcidos por conta do ódio no seu rosto. A partir daquele momento, a loira tinha a absoluta certeza que tinha feito uma inimiga. Perdeu a voz quando a viu naquele estado, porque o que queria fazer era conversar com ela. Sabia que não virariam amigas, mas queria demonstrar seu apoio.

Blood Moon (Marauders Era)Onde histórias criam vida. Descubra agora