Capítulo IV - Drogas.

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     Depois do funeral de Zé, que aconteceu apenas dois dias depois de sua morte, Matheus e Thomas pensavam agora no que iriam fazer, Thomas já não tinha mais dono, o que por um lado, era um tanto quanto ruim, pois já não teria mais um emprego garantido, ou teria? Zé Pequeno não tinha filhos ou quaisquer parentes, ou seja, não tinha certeza. E, por outro lado, ele era um trem livre agora, pois não tinha herdeiros para herdá-lo, era livre pra andar e rodar por onde quisesse, ainda mais nessa cidade enorme que era Fortaleza; Matheus parecia um tanto quanto nervoso, Thomas percebeu a inquietação do colega e resolveu perguntar:
     -Ah... 'tá tudo bem?
     -Eu... eu "tô"... ótimo! É só que... ah. Deixa pra lá; agora a gente tem que ver o que você vai ser da vida, até porque não tem futuro nenhum pra um trem igual a você por aqui, principalmente. Se fosse no Sul, talvez... ou nem isso, já que você é... bem...
    -Pequeno.
    -É. Pequeno. Mas, relaxa, você não vai ficar sem teto, vou te deixar continuar com os meus amigos, naquele galpão, isso é, se eles concordarem, "né"?, se você pudesse ter ficado com o Zé, iria dormir numa salinha feita especialmente pra você.
     -Coitado do Zé... ser atropelado logo por um... enfim... você sabe.
     -A polícia ainda 'tá tentando descobrir quem mandou o Fiat Palio matar ele, interrogaram ele, pessoas que estavam perto, o dono do Fiat, mas não conseguiram muita coisa- diz ele, olhando para os lados, vendo o movimento na pista- só sei que eu nunca vi a cara do sujeito, nunca, nunquinha mesmo, e é porque eu conheço quase toda essa cidade.
    -Impossível, esse lugar é gigante!
    -Não, "mah", eu já tive em tudo que é canto aqui dessas rua, cada buraco que você passar vai ter alguém que me conheça, não só aqui, inclusive, mas também nos outros lugares desse estado. Todo lugar que você for, alguém vai saber de mim.
    -me jura
    -juro
    -entao ta
    E eles caminharam até o galpão, já era a calada da noite, a hora que os ladrões iam dormir e os cidadãos de bem iam assaltar, torturar e dançar nas ruas. A lua estava cheia, alta e brilhante no céu. O vento vinha frio, mas escasso devido ao tanto de construções barrando sua passagem. Poucos carros passavam e o movimento estava fraco. Óbvio, era madrugada, o povo tava todo dormindo, até porque maioria tinha que trabalhar porque o emprego não iria imprensar a segunda-feira no feriado. Bando de mal-amado.
    Refletindo, assim, sobre os azarados que tinham que trabalhar no dia seguinte, Matheus parou por uns instantes e fez a seguinte pergunta para Thomas:
    -Você estaria interessado em... hm... trabalhar com coisas mais... perigosas?
    -Perigosas como?
    -Tipo maconha, crack, heroína, LSD, danoninho... esse tipo de coisa.
    -Eu... nunca ouvi falar disso...
    -Apois se achegue aqui que eu vou lhe mostrar...
    Depois disso, tudo que Thomas se lembra é de entrar num beco escuro, e de ver a Rainha Elizabeth indo jogar no Vasco da Gama.

Aventura No Ceará - Thomas & Seus AmigosOnde histórias criam vida. Descubra agora