Nascido do Caos - A Titanomaquia (Mitologia grega romanceada)

Os poderosos Titãs

Eras se passaram, e o mundo ainda não estava pronto, porém, coisas interessantes haviam acontecido. As chuvas provocadas pela união de Gaia com Urano preencheram as grandes cavidades que haviam na solo, que eram erros advindos de cálculos falhos da Mãe Terra, dando, assim, origem a Oceano, uma divindade que se levantou, igual a  sua mãe, enquanto o seu "eu", em extensão, preenchia tudo a sua volta. Ele era tão belo quanto os pais, porém, seu corpo era como uma tempestade marinha, sendo composto de água e pequenos focos de raios e cachoeiras, tendo um ou outro rochedo espalhado por ali.

Depois disso, surgiu Cronos, sendo ele o responsável por dar ordem aos acontecimentos, nascendo assim o tempo. Naquela época não havia uma contagem, porém, a ideia do "antes", do "agora" e do "depois" passou a ser mais clara, pois mesmo que Nix, Gaia e Érebos tivessem uma noção de tal coisa, o conceito ainda era nebuloso e um tanto quanto misterioso, como uma névoa que não permite ver um corpo inteiro, senão a silhueta. Seu poder, dentre todos, era o que mais assustava, e se comparado aos outros filhos de Urano e Gaia, ele era o que mais se parecia com o pai, a não ser por sua barba ruiva. Logo após ele, Réia apareceu, com seus longos cabelos que arrastavam no chão, enquanto dançava em luz e beleza por entre as árvores, os bosques, as florestas, os prados e as flores que apareceram sobre a terra e as raízes abaixo delas; era como ver a própria natureza personificada. Ela era muito parecida com Nix, e por tal coisa, admirava muito a deusa primordial, que tinha com ela uma amizade muito forte. Hipérion e Febe, nascidos juntos, trouxeram, com as suas existências, respectivamente, a luz diurna e a noturna, com Febe sendo outra grande admiradora de Nix. Ambos eram muito belos, embora estranhos de se olhar, sendo muito diferentes visualmente, tendo um aspecto semelhante aos metais.

Urano e Gaia, então, descansaram por um tempo, esperando para poderem voltar a criar, pois as coisas feitas a partir da vida de seus novos filhos estavam um pouco frescas, como vidro derretido, e por isso eles temiam que mais pressão sobre algo que ainda não se solidificou poderia desfazer tudo. Depois de algumas centenas de anos, voltaram aos trabalhos, dando origem, então, a Téia, que tinha uma luz quente e potente muito semelhante a de Hipérion, o que mais tarde chamaria a atenção do Titã e faria com que ele se apaixonasse por ela. Jápeto, que possuía um humor um tanto quanto refinado, tendo uma personalidade irônica e ácida, tinha uma habilidade única de dissipação de vida, foi criado em questão de segundos. Alguns lugares tocados por suas mãos, às vezes, perdiam tanta energia que ficavam secas, se tornando desertos de areia. Por sorte os seus irmãos eram imortais, pois caso contrário, a aquela altura estariam todos mortos, porém isso não o impediu de espalhar seus efeitos por eles, que se sentiam mal quando tocados por ele. Quando Tétis nasceu, a natureza se abalou consideravelmente, pois seu poder de fertilidade deu mais energia aos seus pais e o resto das coisas que compunham o cosmos, ou seja, as plantas cresciam melhor, mais variedades apareciam e o solo se tornava a cada dia mais rico, com nutrientes dos mais diversos possíveis. Já Crios foi formado depois de uma discussão onde a união entre seus pais não foi lá essas coisas, por isso ele nasceu frio, sendo o Senhor de tal "elemento".

Mnemósine e Ceos apareceram quase juntos, como gêmeos, e ambos, respectivamente, representavam a memória e a inteligência, com Mnemósine sendo a preferida de Cronos, que cuidava dela como, de fato, uma irmãzinha, afinal, somente a memória se sustenta com o tempo. Têmis apareceu por último, e com ela veio a justiça, que pôs ordem de responsabilidade nas coisas, que antes não tinham consequências.

E assim surgiram os doze primeiros Titãs, que deram forma ao mundo. Nix, disfarçada, após assistir todos esses acontecimentos, desceu a terra mais uma vez, e pousou sobre uma montanha que tinha algumas árvores que ela denominou de "filhas da noite", pois as amava demasiadamente. Sempre que ficava ali, se apoiava em alguma delas, e observava tudo à sua volta.