Promessas e Lisa Manoban

1: o gigante "raivoso"

Coloquei meus dedos na grama e soltei um suspiro baixinho enquanto inclinava um pouco meu corpo para trás e sentia o sol iluminando meu rosto, sinceramente eu não gostava tanto assim de estar ao ar livre dessa forma, ainda mais morando em uma cidade grande com o ar não tão natural, mas quando você passa horas em pé dentro de um hospital sentindo aquele cheiro de remédio e vendo todas as aquelas pessoas buscando um pingo de esperança, um minuto ao ar livre sentindo o vento fraco da tarde é como seu paraíso.

As pessoas andavam por ali com seus namorados ou levavam seus cachorros para passear, alguns estavam apenas com o rosto pregado no celular enquanto vez ou outra xingavam a tela, mas sei que provavelmente o xingamento era direcionado a pessoa do outro lado. Porém eu não gastava meu tempo ouvindo a conversa dos outros e muito menos analisando o que eles estavam fazendo, eu estava de folga e tudo, naquele momento, parecia radiante. Para mim, até mesmo os gritos desesperados das crianças brincando de pega-pega estava sendo divertido, é isso que melancolia de um hospital causa em você, forte apreciação até mesmo por coisas que são costumes de todos os dias.

Passei as mãos em meus cabelos e depois repousei minha mão no livro que estava em meu colo, eu estava demorando para lê-lo e sinceramente agora tudo que eu conseguia fazer era enrolar e enrolar para terminar.

— Love, venha aqui agora! — levei meu rosto para onde aquela voz vinha e então notei uma mulher em uma cadeira de rodas, seus cabelos eram longos e a franjinha estava muito bem alinhada, ela estava inclinada para frente e fazia carinho na cabeça de um cachorro gigante, eu sei que ele não era gigante... Mas levando em conta meu pequeno kuma, aquele cachorro era enorme. — irei tirar sua coleira, mas não saía do meu lado.

Ela disse e ele encarava o rosto dela como se eu entendesse cada palavra que ela falava, eu parei de encarar aquele momento, eu não queria que ela ficasse desconfortável com meu olhar. Mas sua feição séria era tão intrigante, até mesmo interessante.

— love! — ouvi um grito mais alto que arrepiou todo meu corpo no mesmo instante, olhei para ela novamente e vi aquele cachorro gigante vindo em minha direção enquanto latia alto e feroz. Eu fechei meus olhos com tanta força que estava com medo de que jamais iria conseguir abri-los novamente. — pode abrir os olhos agora.

Lentamente meus olhos foram abrindo, o cachorro estava sentado ao meu lado me observando com muita atenção e agora estava preso na coleira que ela segurava. Ele parecia ser um cachorro bravo, mas ao mesmo tempo eu sei que não devemos julgar os pobres cachorrinhos dessa forma, mas quando um cachorro gigante vir latindo na sua direção com uma feição raivosa você pensa imediatamente que irá morrer com várias mordidas pelo seu corpo.

— se ele é raivoso, não deveria solta-lo! — digo desesperado e junto meus livros enfiando tudo dentro da bolsa.

— ele não é raivoso, só não está acostumado aos passeios. — ela disse enquanto levava sua mão até a cabeça do cachorro e fazia carinho, o gigante continuava parado na mesma posição... Cachorros geralmente aproveitam o carinho, mas por que aquele não?

— e assim que vai acostumar ele? De primeira? Você é uma péssima treinadora. — falei passando a bolsa pelo meu ombro.

— você está fazendo drama, ele não arrancou uma perna sua. — ela disse com feição séria, igualmente a de seu cachorro.

Nunca acreditei naquele lance de "cachorros parecem seus donos" mas agora parada bem de frente com essa mulher e seu "bichinho" de estimação eu tenho que admitir com todas as letras que isso é verdade, a feição séria não saía do rosto de nenhum deles e a postura rígida me fazia questionar se eu não estava nesse momento falando com alguém do maior posto do governo.