Capitulo 1

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Maria Vitória

Eu odeio meu emprego.

Eu odeio muito meu emprego.

Isso é tudo que posso pensar a cada dia que passa nesse lugar.  Eu sei que não sou a única no mundo que pensar assim dos seus receptivos trabalhos. Tem muitas pessoas com empregos e patrões miseráveis que fazem sua vida um inferno, sem se preocupar com sua saúde emocional ou o seu bem físico. E eu sou uma dessas pessoas. Faço parte do clube desafortunados dos proletariados. 

As pessoas egoístas como meu chefe. Só pensam em enriquecer seus bolsos ainda mais com a força de trabalho da classe operária. Classe essa que luta para resistir e viver com o mínimo de integridade possível.

Eu preciso desse trabalho para sobreviver, ou já tinha metido o foda-se. Não tenho ninguém no mundo, e ninguém dará trabalho para uma pessoa que trabalhar em uma casa de shows adultos. É, eu sei. Isso é um nome bonito para um cabaré como dizia minha avó.

Não, não. Eu não sou uma stripper. Eu ainda tenho escolha, posso tirar a roupa e ganha mais dinheiro ou ser garçom e ganha menos, mas isso não me deixa aliviada ainda trabalho, nesse inferno. Mas tirar as roupas não me deixa confortável, em nenhuma maneira eu tiraria minhas roupas na frente de velhos, jovens sendo mulher ou homens. Não obrigada.

Mas isso não quer dizer que meu trabalho é bom.

Preciso lidar com bêbados a todo momento, fora os clientes que ama me assediar. Porque tenho belas pernas ou bunda. Preciso aguentar tanto para ter um teto na minha cabeça.

Eu nasci nessa vida. Minha mãe era uma prostituta, que era filha de uma e a assim é minha descendência. Eu não me importo, não vejo esse trabalho como errado, para as pessoas que querem trabalhar com isso. Mas existem casos que muitas meninas vieram para essa vida por causa de anos de sofrimento, seja no tráfico, seja em dívidas, ou seja, por abusos.

Eu tentei sair, mas não é fácil. Existe uma mancha em cima de você, quando se pertence a uma cidade pequena, como a que moro. Todos conhecem você. Nunca daria uma chance de emprego, seja por meu histórico familiar, ou por onde eu trabalho.

O currículo vale muito. E colocar o emprego anterior, como uma casa de shows adultos, não vai ajudar em nada. Por isso estou guardando tudo que posso para recomeçar longe daqui.

Preciso ir embora. Essa cidade, as pessoas, o meu emprego, isso está me sufocando. Não posso mais suporta isso.

Tenho 25 anos e não vive nada. Não namorei, porque vejo qual é o verdadeiro lado do homem de família nesse lugar. Nunca vou entregar meu coração e meu corpo a alguém dessa índole.

Me afasto dos meus pensamentos quando alguém bate na minha bunda e eu sinto uma vontade imensa de bater a cabeça desse sujeito na mesa, mas me controlo.

Lhe dou um sorriso amarelo e saiu para pega mais bebidas. Hoje o lugar está mais lotado que o normal. É uma despedida de solteiro, então os ânimos estão as alturas.

Odeio esses eventos. Sou assediada ainda mais, não importa o quanto eu evite isso. Mas parece que não importa o quando eu evite, sempre tem um que consegue me tocar e trabalhar aqui abre espaço para isso.

— Maria, o chefe quer falar com você — Andressa fala, ao para na minha frente.  Ela sorrindo para mim como o gato do filme da Alice do país das maravilhas.  Eu concordo e sigo para o cubículo da salinha atrás do bar, onde o meu chefe chama de escritório.

Respiro fundo ao deixar a bandeja no balcão, quando eu voltar ela estará cheia, para eu servir mais gente idiota. Essa é minha rotina.

Tento para de me lamenta e vou até meu chefe. Ele gosta de falar merda quando não chegamos segundos depois do seu chamando.

Entro na sala após bater na porta e o cheiro de cigarro chega até mim e eu esconde a minha cara de nojo. Odeio isso com todas as minhas forças.

— Senta. — Ele ordena e assim eu faço. Tentando não fazer careta quando ele olha para o meu corpo, sob a vestimenta curta que mau cobre meus seios e minhas pernas. — Você é a última garçonete que ainda só é garçonete.

Eu sei a onde ele quer chegar com essa afirmação. Nos últimos meses, ele tentou mudar as escolhas das garçonetes para dança também. Dizendo que o salário seria aumentando. Mas tudo isso não passa de uma manipulação fajuta.

Porém, agora, eu estou sozinha, antes existiam dez meninas que me apoiavam. Mas a perspectiva de ficar sem emprego no mundo cruel que vivemos é péssima. Então, não existe escolha.

— Eu preciso pensar — digo triste. Sem saber o que vou fazer.

— Você só tem até amanhã Maria — diz Marcelo sorrindo. Ele sabe que conseguiu.

Saiu triste da sala. Não quero ficar nem mais um segundo na sua presença. Eu odeio meu chefe. Desde que ele assumiu o lugar do pai como dono do lugar, ele está ficando ainda mais ruim como patrão. Mudando tudo só pensando no lucro. Nunca imaginei que sentiria falta do seu pai José Júnior.

Mas os dois são duas corjas de escrotos. E não são os únicos, o mundo está cheio deles. Eu infelizmente estou na presença dos dois desde do nascimento. É alguém lá no céu não está olhando para minha vida.

Faço o meu trabalho sem tentar, sorri, como fazia antes, hoje estou triste. Meu mundo vai mudar e pelo que tudo indica. Vai ser para pior.

As horas se passa de forma lenta e isso está me matando. Tudo que quero é ir para a minha casa. O meu cubículo de casa, mas é meu. Claro, enquanto eu pagar o aluguel.

— Sim! Eu ganhei duas passagens do novo mundo! — um dos bêbados fala para o amigo.

Novo mundo, já ouvi falar desse cruzeiro, é um verdadeiro espetáculo. É um grande navio de turismo com dezenas de atrações, baseadas no Brasil. Então claro que sua partida e ida estaria nas terras maravilhosas.

Eu moro há três horas da cidade maravilhosa. Só fui lá uma única fez, para conhecer a praia. Eu amo o mar, e meu sonho é trabalhar em volta dele. Ser levada para longe nas águas salgadas do oceano. Um sonho impossível, eu sei, mas sonhar é de graça. 

— Como isso aconteceu? Você mente! — O outro homem fala na mesa, enquanto coloco mais bebidas na mesa. Eu não quero parecer curiosa em conversas alheias, mas eu estou. A passagem nesse cruzeiro é concorrida. Pois o preço é acessível para muitas pessoas além de pessoas ricas, como é o esperado. Mas isso depende do pacote.

— Eu ganhei em um sorteio no Rio. — Ele diz rindo, e tira do bolso, um papel. Mas não é nenhum papel, parece uma passagem para o luxuoso cruzeiro.

Eu engulo em seco e mexo a cabeça. Aquilo ali mudaria minha vida. Porque eu teria uma viagem de graça com tudo pago e poderia parar em qualquer lugar do Brasil, para recomeçar. Longe desse lugar.

Mas esse ingresso não é meu. Então tiro os copos. E me afasto, mas escuto gritos e socos nessa mesa. Eu me afasto, mas não é rápido, acabo sendo empurrada no chão. E todos os copos se quebram.

Meus olhos vão para baixo da mesa, e é quando vejo o ingresso no piso vermelho. Ninguém parece vê, todos estão preocupados em separar a briga. Os seguranças estão vindo rápido.

Sem pensar muito, me arrasto até o ingresso e o pego, o escondendo dentro dos meus seios. Faço questão de olhar ao redor, ninguém estava olhando para mim.

Me levando, olho com nojo para o lugar e vou embora sem olhar para trás. Nunca mais verei esse local.

Novo mundo lá vou eu.

13/01/2024

Bem-vindos a minha história. 

Vocês tem teorias?

Lavada A Você - História Do DanteOnde histórias criam vida. Descubra agora