CAPÍTULO 2

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Água salgada para mentes machucadas

Sana havia sumido do mundo. Do seu mundo.

Não estava em casa, desligou o celular, não respondia e-mails, nada.

Não queria saber de nada nem ninguém. Sua única vontade era explodir aquela empresa, explodir sua namorada ou explodir a si mesma.

Depois do seu banho na noite passada, foi até a casa que Dahyun dividia com seu irmão, e os sons que escutou através da porta não foi o que gostaria, mas o que esperava.
Antes de bater na porta, girou os tornozelos dando meia volta e entrando novamente em seu carro. Sentou no banco acolchoado, levemente atordoada. Colou a coluna no encosto e com a cabeça, bateu forte duas vezes no espumado revestido de couro.
Bufou, bateu a mão no volante, com raiva. Ligou o carro e acelerou, indo até sua garagem. De lá, chamou um táxi e foi para qualquer lugar longe o bastante de Seul.

•••

Tzuyu acordou cedo. Muito mais cedo do que normalmente fazia, então foi até o trapiche enrolada em um cobertor, com uma caneca cheia de capuccino de chocolate que fez. Lá, sentada, encarando o céu, esperou o sol nascer. A pergunta de Jihyo ainda bagunçava a sua cabeça.

Observando aquele céu sem estrelas e nuvens e sua caneca vazia, se identificou. Também se sentia vazia.

Tinha as melhores amigas que poderia pedir, uma família que sempre estava ali para quando ela precisasse e um trabalho que lhe alegrava, mas, ainda assim, se sentia levemente vazia. Talvez pelo fato de que no final do dia, só sobrava ela. Apenas ela e seus pensamentos.

Sinceramente, não achava justo. Era como se no fim do dia, toda a alegria que lhe preenchia fosse arrancada de si.

O balançar das ondas acalmava sua mente perturbada, e aos poucos o mar ajudava a jovem a se compreender.

Compreender não quer dizer que havia encontrado a solução, mas já era meio caminho andado. Uma hora ou outra a solução apareceria, Tzuyu sabia que aquelas águas lhe mostrariam o caminho. Sempre mostravam. Sempre lhe salvaram de si mesma, quando entrava tão fundo em sua mente que até mesmo o oceano parecia raso. Quando o lugar mais assustador do mundo era seus próprios pensamentos, o mar limpava aquela cabeça nublada. Era tudo o que precisava e sempre precisou: aquela água salgada para sua mente machucada.

O sol se fez presente de pouco a pouco, e quando tudo era banhado pelo laranja fraco do dia recém amanhecido, a Chou correu até em casa, colocou suas roupas de banho secas e agarrou sua prancha azul, correndo imediatamente para dentro do mar.

O seu lugar. Seu mar.

•••

A areia deslizando entre os dedos dos pés, a brisa fria batendo contra o corpo, os cabelos dançando com o vento, o cheiro da maresia… O compilado de coisas que Sana jurava odiar, e no fim lhe trouxeram algum conforto. Trouxeram ar para finalmente respirar.

Aquela areia parecia mais macia e confortável do que sua cama quando se sentou. A bolsa cara da Prada foi largada de qualquer jeito ao seu lado, pouco se importava se estragaria ou não.

O som das ondas fracas se desfazendo, o céu alaranjado com a lua se pondo longe e algumas estrelas perdidas, assim como ela.

No meio daquela magnífica paisagem, encontrou uma silhueta também compondo-a, fazendo o magnífico virar extraordinário. Não conseguia ver um rosto, mas apenas aquela silhueta em cima de uma prancha, surfando as pequenas ondas que eram possíveis de se surfar… céus, como explicar?

A calma daquela pessoa — mulher, provavelmente — enquanto faz aquilo. Sana pode sentir de longe que a pessoa com certeza fazia o que amava. Aquela cena, de certa forma fez Sana relaxar, seu olhar se prendeu em cada movimento feito. Cada detalhe dos movimentos daquela pessoa, das ondas, dos céus… O coquetel perfeito para o que procurava: esquecer seu mundo.

Ali só havia Sana, a silhueta, o céus e a água salgada que curava aos poucos a sua mente machucada.

•••

Olhando no pulso, o relógio à prova d'água já marcava 08:50. Tzuyu decidiu remar de volta para sua casa, para poder tomar um banho e começar a trabalhar já cedo — não que fosse necessário, apenas não queria ficar parada.

Ao sentir os grãos secos de areia grudando nos pés molhados, também sentiu um olhar sobre si. Uma mulher. Nunca havia visto aquela mulher por ali… Cabelos escuros, ondulados como as ondas do seu mar. Blusa regata branca, da Prada. Calça caqui estilo alfaiataria. Bolsa quadriculada, também da Prada e uma sandália preta, chique demais e nada adequado para quem decidiu ir para a praia. Aquelas roupas pareciam tão caras que Tzuyu sentiu medo de respirar perto e fazê-la rasgar ou riscar de alguma maneira. O nariz perfeitamente esculpido, a boca delicadamente desenhada e pintada, e aqueles olhos… tão profundos e cheios de confusão. Aquela mulher tão diferente, mas, no fundo, parecia tão igual a si.

Tzuyu passou por ela com o corpo pingando e apenas acenou com a cabeça, recebendo um sorriso leve como resposta, junto de outro aceno.

A taiwanesa parou ao sentir aquele perfume que fazia o cheiro da maresia que, geralmente, inundava todos os lugares perto da praia, tomou lugar em cada átomo possível.

A de pele dourada bufou, virou os tornozelos e, sem o medo e a timidez de sempre, lhe chamou.

— Ei... — ela virou o rosto. — quer aprender?


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Capítulo minúsculo, eu sei, desculpem por isso, mas espero que tenham gostado, apesar dos pesares.
Eu passei muito tempo com essa fanfic parada pq ninguém tinha ligado pra ela, e do nada, BUM, começaram a se interessar (isso NÃO é uma reclamação), então tenho q entrar na vibe pra escrever e tal. Já tenho algumas coisas anotadas, mas são mais pra frente. Também tenho algumas idéias pra futuros capítulos, mas não prometo que vou atualizar rápido pois eu trabalho, então fica meio complicado, mas como sempre, prometo me esforçar.

Perdão por qualquer erro, perdão pela demora de um novo capítulo pra quem leu desde o dia em que eu postei, e desde já, já me desculpo pela possível demora dos próximos capítulos.

Fico feliz com comentários, com cada curtida e com cada visualização, isso ajuda muito a me animar e ter vontade de escrever, então mesmo que seja apenas uma pessoa comentando o que achou, curtindo ou visualizando, vou agradecer postando sempre que puder e me esforçando. Enfim, obrigada por se interessarem e até a próxima ❤️

Água salgada para mentes machucadas - SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora