CAPÍTULO 5

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ÁGUA SALGADA PARA MENTES MACHUCADAS

[Brisa de primavera].


- Oi... - A mais alta sorriu e acenou timidamente com a mão.

- Tzuyu... - A japonesa sorria genuinamente, achando extremamente fofa a mulher em sua frente, a poucos centímetros de si.

- Sana...? - devolveu, confusa..

- Não sabia que você tocava violão... - Seus olhos desviaram dos de Tzuyu, que a observava com um cuidado quase que doloroso de tão devagar.

- Bom, a gente meio que não se conhece, se parar para pensar. - Sorriu fechado. Virou-se e começou a andar em direção do lugar que estava sentada, chamando Sana para sentar ao seu lado.

- É verdade...

Sana queria dizer que queria conhecê-la melhor, mas não seria estranho? Uma desconhecida, de repente, vai morar embaixo do teu próprio teto, te arrasta pra uma festa cheia de gente que ela nem mesmo conhece e ainda quer conhecer a mulher que lhe ensinou a surfar e lhe deu um lugar para dormir?

- Mas eu gostaria... - disse Tzuyu.

Bem, que se foda, tudo entre elas começou de maneira estranha.

- De que nos conhecêssemos melhor? - Sana sentou, encarando Tzuyu que observava o fogo criando diferentes formatos no ar, indo e voltando como as ondas que gostava de surfar.

- Sim. - Sorriu, hipnotizada com o calor na frente das duas. - Quer dizer, claro, se você quisesse também, sabe... Me conhecer. Eu não sou uma pessoa muito interessante, as pessoas geralmente cansam rápido de mim e me trocam, mas raramente chega nesse ponto, geralmente só me vêem como amiga e... - Sana segurou suas bochechas, fazendo-a parar de falar. - Me desculpa. - disse com um biquinho nos lábios, de maneira engraçada por conta das bochechas amassadas nas mãos da mais velha.

- Você me parece interessante até demais, Chou Tzuyu. - As orbes da Minatozaki corriam da boca para as pupilas dilatadas da Chou. O aperto no rosto da mais alta foi ficando mais fraco, a ponto de seu rosto não estar esmagado. Ainda assim, Sana não afastou as mãos. - Provavelmente as pessoas se sentem intimidadas pela pessoa maravilhosa que tu é, por isso se afastam. Nem todo mundo consegue lidar com isso. Mas isso não quer dizer que você é entediante ou coisas do tipo. Só quer dizer que você ainda não encontrou a pessoa certa.

Suas mãos começaram a cair, deslizando no rosto de Tzuyu como gelo numa panela quente. Um sorriso carinhoso tomou seu rosto, e os olhos de Tzuyu se encheram de lágrimas, observando de perto, todos os detalhes aparentes possíveis com aquela luz amarela que lhe deixava ainda mais linda.

Talvez seja você? Pensou Tzuyu.

- Vou tocar uma pra ti! - Seu sorriso sumiu rapidamente e seu rosto esquentou, corando. Sana arregalou os olhos e prendeu a risada. - Uma música... - Limpou a garganta. - Uma música, no violão... - Pegou uma garrafa de champagne que lhe acompanhou desde que colocou os pés na praia e tomou vários goles, tentando calar a boca.

- Eu adoraria que tocasse pra mim... - Sana sorriu, provocativa - Uma música, é claro.

- Amo tocar champagne. Quer violão? - disse rápido, levando a garrafa até as mãos de Sana. - Champagne, digo. Quer champagne? - sorriu sem graça. Sana riu, pegando a garrafa das mãos de Tzuyu.

As cordas do violão começaram a vibrar, fazendo com que uma melodia voasse até os ouvidos da Japonesa. Parecia ser algo tão natural da Chou, assim como o surf. Algo que simplesmente se encaixa naquela pessoa, como se fosse o simples ato de respirar. Natural em sua mais pura essência.

Água salgada para mentes machucadas - SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora