Song: The Wisp Sings - Winter Aid
Pov: Natasha Romanoff
Wanda estava ao meu lado, sua mão entrelaçada na minha, nossos dedos imóveis. Não nos acariciávamos, mas tentávamos transmitir algum tipo de suporte para a outra. Mas nada no mundo seria capaz de diminuir a dor que estávamos sentindo naquele momento.
Nossas mãos se tocavam, mas nossos olhos estavam vidrados em nosso filho deitado naquela mesa metálica coberto com um lençol branco. Seu rostinho estava inchado e deformado, não parecia nada com o meu Billy:
- Não se parece com ele - digo baixo, apenas para minha esposa ouvir.
- É...não se parece com o nosso menino - a voz da morena estava completamente rouca, tenho muita dificuldade em conseguir ouvi-la.
- É porque não é o nosso filho - Wanda me olha confusa - Não vamos nos lembrar dele assim, todo machucado...quero me lembrar dele sorrindo, tocando, pintando e dançando pela casa. Aquele era meu filho e é assim que vou me lembrar dele.
Wanda morde os próprios lábios segurando o choro, a morena descansa a cabeça em meu ombro e suspira fundo. Olho em meu relógio, são 06:30. Ela deveria estar tão cansada.
Poucas pessoas sabiam do que havia acontecido com Billy. Minha esposa e eu não pensamos em avisar ninguém, na verdade, nem lembramos disso, ficamos presas na nossa própria dor e luto. Mas quando retomei meu juízo, ligamos para Natalya e para minha mãe. Minha sogra havia ido buscar Pietro e já estava vindo ao hospital, pedi aos meus pais que não viessem. Nos encontraríamos no local do velório.
Porra...marquei de encontrar meus pais no velório do meu filho, porque o meu garoto estava morto:
- Com licença - olho para trás e vejo uma moça em um vestido azul escuro - Quem é a mãe do garotinho?
- Nós duas - digo - Por que?
- Sou da funerária...vim cuidar do filho de vocês - a mulher chega perto de nós duas e toca em nossas mãos - Sinto muito pela sua perda - esse era o trabalho dela, ver gente morta e lidar com familiares em luto o tempo todo, mas seu olhar transmitia honestidade e compaixão pela dor que sentíamos no momento - Vou cuidar dele, vou deixá-lo do jeito que vocês conheciam.
- Não sei se isso será possível - Wanda diz com a voz embargada - Ele está muito machucado.
- Confie em mim.
- Tudo bem - a morena responde por nós duas. Não estava sendo grossa com a moça, pelo menos não propositalmente, apenas não tinha energia para falar com qualquer pessoa que não fosse minha mulher.
- Preciso de roupas para trocá-lo. Tem alguém que possa buscar por vocês ou querem que eu mande um dos meus funcionários?
- Ah...eu não sei - os olhos de Wanda buscam pelos meus.
- Eu vou buscar... daqui a pouco trago para você - oferto um sorriso para a mulher - Qual o seu nome mesmo?
- Anna - aperto sua mão.
- Sou Natasha e essa é minha esposa, Wanda. Vou buscar as roupas e já já estou de volta.
Volto a buscar pela mão de Wanda antes de sair do necrotério. Seus dedos se entrelaçam com os meus e ela os aperta com força, com dor e uma pontada de desespero. Caminhamos juntas, sem trocar uma palavra, mas o silêncio estava sendo um lugar de conforto, onde não precisamos conversar e nem expressar nossos sentimentos e emoções, era exatamente isso que eu precisava, de silêncio.
Assim que voltamos para o saguão do hospital para nos encontramos com Tommy, vejo Natalya e Pietro entrando feito dois furacões. Conforme os dois vão se aproximando, vejo os olhos inchados e vermelho da mulher mais velha. Nunca pensei que teria que fazer um telefonema daquele para ela, nem para ninguém. Minha mulher aperta minha mão com mais força, tentando se manter firme na frente de sua mãe e de seu irmão:
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Tears in Heaven
DiversosNatasha Romanoff, uma policial séria e competente, passa dois longos e solitários anos em Londres quando finalmente decide voltar para New York e encarar seus medos, seus traumas e aqueles que ela abandonou. Wanda Maximoff vê seu mundo desabar do di...