𝐒𝐓𝐀𝐑𝐁𝐎𝐘, 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑 𝐉𝐑, 𝐃𝐀𝐕𝐈𝐃 𝐋𝐔𝐈𝐙 𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒

Sinto sua falta

❝E se eu te disser que não estou nem dormindo?
E se eu te disser que não estou nem saindo?
Tanta gente, mas ninguém me interessa
Eu sinto sua falta.❞

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Era uma noite qualquer, uma daquelas que David já conhecia muito bem. Ele estava há semanas sem dormir direito, sem conseguir se concentrar em nada. A vida parecia andar no piloto automático desde que ele e Ingrid terminaram. Ela era mais que só uma ex, era alguém que ele conhecia desde muito antes das manchetes, das grandes competições. Eles eram amigos antes de qualquer romance, companheiros de confidências, daquelas conversas que começavam sem pressa e terminavam no meio da madrugada.

David sempre esteve lá para ela, desde os primeiros passos de Ingrid no vôlei profissional. Ele lembrava de quando ela era apenas uma jovem promessa, ainda meio insegura sobre o futuro, mas determinada a fazer acontecer. Ele estava no começo de sua carreira também, correndo atrás de um sonho que parecia tão distante. Eles riam disso agora, de como tudo era complicado e simples ao mesmo tempo. A amizade que os unia acabou virando algo mais forte, algo que eles nem sabiam como definir de início.

Quando o namoro começou, parecia que tudo estava no lugar. As piadas, as viagens de surpresa para vê-la depois dos jogos, o jeito como ela sempre sabia como acalmar a mente agitada dele. Mas, como acontece com muitas histórias de amor, a distância e a rotina acabaram pesando. Não foi uma briga que os afastou, apenas o silêncio entre uma mensagem e outra. Um dia, eles perceberam que já não conversavam tanto, e o rompimento foi inevitável.

Naquela noite, porém, David estava sozinho, o celular na mão, olhando para a foto dos dois juntos, rindo em uma praia. A lembrança era tão vívida que quase podia sentir o cheiro do mar, o som da risada dela ecoando. Ele suspirou, tentando afastar o pensamento, mas não conseguiu. Desde que ela foi embora, ele vivia com um buraco no peito que nada conseguia preencher. Tanta gente ao redor dele, mas ninguém conseguia acender aquela chama que Ingrid tinha deixado.

Pegou o telefone sem pensar duas vezes. O coração acelerou conforme o toque ecoava, o silêncio entre os toques parecia gritar dentro dele. Até que, do outro lado, uma voz conhecida e suave atendeu.

— Alô? — Ingrid parecia surpresa, mas não irritada.

David respirou fundo, as palavras pareciam engasgadas, mas ele não podia desistir agora. — Ingrid... Eu sei que a gente não se fala faz tempo, e eu juro que tentei respeitar o espaço, mas... Cara, eu não aguento mais. Não tô dormindo, não tô saindo, nada faz sentido sem você. Eu tô aqui, devorando livros e assistindo filmes repetidos só pra passar o tempo, mas é como se nada preenchesse esse vazio.

Do outro lado, ela ficou em silêncio por alguns segundos. Ele podia imaginar a expressão dela, tentando entender por que ele estava ligando agora, depois de tanto tempo. Ele continuou, sentindo que precisava tirar aquilo do peito.

— Eu sei que a gente terminou porque as coisas ficaram difíceis, e, cara, a gente tem defeitos, eu sei disso. Mas nossos defeitos... Eles se encaixavam, sabe? A gente era tão bom junto, tão forte. Eu... sinto sua falta, Ingrid. De verdade.

— David... — A voz dela era suave, quase hesitante, mas não havia raiva, apenas uma tristeza compartilhada. — Eu também sinto sua falta, não vou mentir. Mas você sabe que não foi só sobre a distância, foi sobre a gente não conseguir manter as coisas no lugar quando tudo ao redor mudava.

— Eu sei. — Ele respondeu rapidamente, como se já tivesse ensaiado essa conversa mil vezes na cabeça. — Mas a gente sempre soube lidar com isso antes. Por que não agora? A gente sempre foi tão forte...