Capítulo 19 - Paranóica

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Kara Danvers | point of view

Alguns dias depois...

Eu já falei pra você parar de pensar nisso, Kara – reclamou Alex do outro lado da linha — Caramba! O papai não está mais entre nós, então por que se preocupa com assuntos do passado?

— Porque nós temos um irmão perdido por aí – revidei, revirando os olhos para sua teimosia em aceitar tal realidade.

Você não pode afirmar nada, pois a Lena não sabe direito o que ouviu naquele dia. Além disso, a mamãe só sabe negar toda esta história.

Respirei fundo, enquanto saía do carro.

— Quando você vem? – perguntei, querendo mudar de assunto, já que percebi que aquela conversa não sairia do lugar.

Ainda não tenho certeza, porque a Kelly precisa pegar férias. Ela pretende ir junto dessa vez.

Kelly era a esposa dela. Ela trabalhava numa empresa de transportes e ambas se conheceram quando ela precisou vir aqui a trabalho.

— Entendi – murmurei — Estamos com saudade.

Kara, por favor, não se envolva mais nisso – implorou.

— Por quê? Por acaso sabe de alguma coisa que eu não sei, é isso?

Claro que não! – empertigou-se — Estou no escuro tanto quanto você! Só não quero que se machuque.

Dei duas batidas na porta da casa do Barry, e foi Caitlyn quem me recebeu.

— Tudo bem, Alex. Não garanto nada.

Kara...

— Um beijo, irmã. Eu te amo, ursinha.

Encerrei a chamada antes que ela continuasse insistindo.

Caitlyn me encarou com uma expressão curiosa.

— O que houve? – peguntou, pegando meu casaco para pendurá-lo atrás da porta — Barry?! – gritou, chamando pelo marido.

— Nada – menti, não querendo expor o assunto — A Lena ainda não chegou? – perguntei, estranhando a demora. Verifiquei as horas.

Tínhamos combinado de passar algumas horinhas ali, bebendo e se divertindo. Ela viria da empresa e eu também, visto que o senhor Lord acabou me contratando. De início seria um estágio, apenas para que eu me familiarizasse com o serviço.

— Não – negou — Ela virá de táxi, né? De repente não conseguiu um a tempo. Relaxa.

Franzi o cenho, desconfiada pelo atraso dela. Nos últimos dias, eu vinha notando o quanto Lena estava estranha. E o que me irritava era não entender o motivo.

Barry logo se aproximou, me puxando para um abraço.

— Como estão as coisas, Kara? Ainda não chegamos a conversar sobre o seu novo emprego.

Sorri, sincera. Falar dessa novidade era algo que me deixava animada e entusiasmada.

Fui com eles para a sala, mas antes mandei uma mensagem para Lena:

Onde você está? [18:28]

Ela visualizou, mas não respondeu. Decidi ignorar e dar atenção aos meus amigos.

(...)

Pouco mais de trinta minutos se passou quando Lena chegou à casa do Barry e da Caitlyn. Ela estava ofegante.

— Por favor, perdoe-me pela demora, mas acabei tendo que ficar até mais tarde por causa de uma reunião chata – murmurou. Em seguida, veio até mim, no sofá, e me puxou para um beijo rápido. Mal olhou nos meus olhos e isso me fez morder o maxilar — Não acredito que começaram sem mim – comentou, sorrindo, referindo-se a jogatina.

— Fica tranquila que meu bolso ainda tem espaço para mais dinheiro, minha querida – Barry zombou, provocativo.

A risada foi unânime, embora a sensação de desconfiança ainda estivesse me sufocando.

— Que cara é essa, Kara? – Caitlyn quis saber, jogando outra lata de cerveja para mim. Peguei no ar — Parece que comeu alguma coisa estragada.

Lena finalmente me encarou e notei que engoliu em seco. Ela estava ressabiada.

— Não é nada – sorri — Eu apenas estou com muitas preocupações – levei a cerveja à boca, prestando atenção as reações de Lena.

— Pois trate de esquecer tudo isso – disse — Essa noite é apenas para diversão.

Sorri, erguendo minha bebida no ar.

— Tem razão!

Disfarcei todo o meu incômodo e me concentrei no momento.

(...)

— Ai, eu estou louca por um banho e uma cama bem macia e quentinha – Lena passou por mim, seguindo para o quarto.

— Você não tinha falado que teria reunião – comentei, arrancando minha jaqueta.

— Não falei? – me olhou rapidamente, enquanto remexia no guarda-roupa — Desculpa então, não fiz por mal.

Sentei-me na cama e permaneci encarando a mulher a minha frente.

— Estive na minha mãe hoje cedo – declarei — Ela disse que não sabe e nunca soube dessa história de amante. Deixou claro que prefere acreditar que meu pai sempre foi um marido respeitador.

— Você foi muito ingênua em pensar que ela confessaria alguma coisa, Kara – apontou, arrancando as roupas.

— Mas ela nunca mentiu antes, Lena, e eu percebi que ficou aflita com o assunto. Não entendo o porquê ela insiste em esconder isso e me manter no escuro – comentei, angustiada.

— Kara, ela está sendo chantageada – disse — Henry deve ter mais alguns trunfo na manga para estar conseguindo assustar a sua mãe.

— Você acha?

Ouvi seu suspiro.

— Eu não acho nada, porque você me disse para ficar longe dessa história.

Mordi os lábios, pensativo.

— Quer tomar banho comigo? – quis saber, apoiando as mãos em meus joelhos e me oferecendo um olhar quente.

Fiquei encarando-a.

— O que está me escondendo, Lena? – fui direta ao ponto.

— Como assim? – sua expressão se tornou séria.

— Eu sinto que tem alguma coisa errada com você.

Ela riu, sacudindo a cabeça.

— Você está paranóica, Kara, sério! – caminhou para o banheiro. Fui atrás dela.

— Isso tem a ver com o Jack, não tem? – perguntei.

— O quê? – se voltou para mim.

— Eu sei que vocês ainda mantêm contato – argumentei, sentindo o gosto amargo do ciúmes na minha língua — E se está acontecendo alguma coisa, eu preciso saber. Aliás, eu exijo saber.

Lena parou perto da porta, sua expressão me dizia que, claramente, acabei de estragar o clima.

— Fica tranquila, pois garanto que se eu quiser dar a boceta pra ele, você será a primeira a saber.

Dizendo isso, ela bateu a porta na minha cara.

Abri a boca para falar, mas não tive tempo:

— E EU QUERO VOCÊ FORA DO MEU QUARTO HOJE – berrou do outro lado, enraivecida — Não tem pepeca pra você!

Oh, merda!


De Repente CasadasOnde histórias criam vida. Descubra agora