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Antes eu adorava acordar sozinha na cama, poder rolar de um lado para o outro livremente sem ninguém para impedir enquanto eu tomava coragem de levantar. Mas hoje eu tenho que dizer, odeio acordar sozinha. Acho que me acostumei com Valentina grudada em mim todas as manhãs. E não sei dizer ao certo a razão, ou qual o milagre que a fez levantar da cama antes de mim.

No banheiro ela também não estava, mas era nítido que ela tinha passado por ali. A calcinha pendurada no registro do chuveiro a denunciou. Como sempre.

Já conversei com ela sobre isso, mas ela me ouve? Não.

Quando eu digo que ela consegue ser pior do que o Leo no quesito teimosia, eu não estou brincando. Porque ela é. Para falar a verdade nosso filho sempre é obediente, ao contrário dela. Que deveria ser um exemplo para ele. Mas aos poucos eu vou colocar essa mulher na linha. Ela que me aguarde.

Depois do banho, vesti-me com nada mais que uma calça de moletom e peguei uma das blusas de banda da minha esposa. Eu adoro usar as roupas dela. São tão cheirosas e ficam um pouco maior em mim, eu amo vestir roupas maiores do que eu. Além do mais, Valentina diz que fico adorável e sexy com as roupas dela.

Talvez eu goste de agradar ela.
[a/n: talvez você seja sonsa]

Chego na cozinha e paraliso na porta ao ver a cena na mesa. Um sorriso vai surgindo aos poucos em meus lábios ao ver Valentina e Leo lado a lado, entretidos lendo jornal enquanto comem cereal. Os dois parecem concentrados, Valentina principalmente.

— Esse cara novo que faz os quadrinhos é um mestre das piadas.

Valentina comenta entre risadas, leva uma grande colher cheia de cereal com leite e enfia na boca. Cruzo os braços, eles ainda nem notaram minha presença. Vejo duas crianças, não uma mãe e um filho.

— Mãe, o que quer dizer essa palavra aqui?

Léo mostra o jornal em sua mão para Valentina, ela segura a folha e lê com atenção o que está escrito.

— Peitos. – Ela diz naturalmente e ri, mas logo parece se dar conta e olha assustada para nosso filho. — São, é... Um dia você vai descobrir.

— A senhora sempre diz isso.

Ele resmunga indignado, um enorme bico em seus lábios. Tão fofo.

— Você ainda é muito novo para saber certas coisas.

— Sou novo para saber de onde vem os bebês também?

Valentina engasga com o cereal em sua boca e começa a tossir. Não aguento e acabo rindo da reação dela. Só então os dois notam minha presença e olham para mim. Léo sorri e Valentina parece que vai morrer de tanto tossir.

— Olha, sua mamãe acordou. Que tal perguntar a ela de onde vem os bebês?

Valentina diz ao seu recuperar e dessa vez quem quase se engasga sou eu. Ela me olha debochada enquanto limpa sua boca com as costas da mão. Fuzilo-a com o olhar, maldita idiota. Fez isso de propósito.

— De onde vem os bebês, mommy?

Suspiro e vou até perto deles, puxo uma cadeira e me sento de frente para o meu curioso filho. Valentina ostenta um brilhante sorriso em seus lábios. Tudo bem, Buiar. Isso aqui vai ter volta.

— Existem duas formas de se ter um bebê. – Inicio sem ter certeza da maneira que devo contar. Por que os professores não ensinam isso na escola? Seria menos constrangedor. — O método mais fácil é entre um homem e uma mulher. Geralmente quando um casal se gosta muito, eles resolvem namorar de uma forma... É, bem... Íntima. – Valentina prende uma risada e abaixa a cabeça. — Eles fazem uma coisa sem o uso de roupas.

𝐕𝐀𝐋𝐔 ✓ • 𝐒𝐓𝐔𝐏𝐈𝐃 𝐖𝐈𝐅𝐄 •Onde histórias criam vida. Descubra agora