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Eu estou sentada observando meus pais que, entretidos e rindo, cozinham alguma coisa, ou tentam cozinhar. O sorriso não saí do meu rosto, é tão bom ver que mesmo depois de todo esse tempo eles dois ainda parecem um casal de adolescentes apaixonados. Meus pais sempre foram o modelo de relacionamento que eu queria ter no futuro. Será que meu casamento com Valentina era assim?

Mas o que... Eu não deveria estar pensando nisso, deveria?

Volto a realidade ao sentir alguém puxando a barra de minha blusa, afasto-me um pouco da mesa e olho para baixo me deparando com aquele pequeno fofo. Ele é a minha cara... E tem alguns traços dela.

— Oi, pequeno.

Eu o pego no colo e coloco-o sobre a mesa, sentado de frente para mim. A mesa é de madeira aparentemente sólida então não corre riscos dela quebrar.

— Sente, mommy, eu estou cheiroso.

Estica as mãozinhas em direção ao meu rosto, seguro-as e as cheiro, estão com um cheiro realmente delicioso de... coco e aveia? Parece que sim. Vou subindo o nariz por seus braços e logo chego em seu pescoço, ele gargalha e tenta me parar. Eu rio, enfiando mais ainda meu nariz na curva entre seu ombro e o pescoço. O cheiro dele me lembra alguma coisa, parece o perfume que eu usava... Antigamente. Era o meu favorito.

— Mmmm, está cheiroso mesmo.

— Eu estou com seu cheiro, mama comprou aquele perfume que a senhora amava.

Levanto as sobrancelhas surpresa, como ela sabe disso? Ah, claro... Nós somos casadas. Pelo menos ela parece me conhecer, até que Valentina não é tão inútil assim quanto eu pensei que fosse.

— Boa escolha.

Olho para Valentina que está de pé ao nosso lado, um pouco distante. Ela sorri timidamente enquanto me observa interagir com Leo. É estranho pensar nele como meu filho, porque tecnicamente falando eu me sinto como uma garota de dezesseis anos. Isso é tão...

Volto a conversar com Leo, ele me contava animado sobre seu dia na escola e o quanto estava ansioso para as férias de verão. Eu o ouço atentamente, acho que seguirei o conselho do Dr. Charlie e tentarei viver minha antiga rotina, mesmo que eu não saiba nada sobre ela ainda. Valentina se junta a meus pais e os ajuda a terminar o jantar.

Tudo ocorreu perfeitamente bem, quem olhasse de fora diria que erámos uma família grande e feliz. Entre termos nós realmente somos uma, mas... Vocês entendem, né? Eu não me sinto totalmente ligada a eles. Quer dizer... Ligada a ela.

O jantar foi perfeito, mamãe fez questão de dizer que o arroz foi mérito de Valentina, assim como a salada de tomate. Dona Sinu não poupou elogios a ela, o que só me fez crer mais ainda que ela e meu pai admiram e amam Valentina. Eles parecem tão íntimos, eu só queria saber quando exatamente isso quando aconteceu.

Eu só quero entender como nós viemos parar aqui. Como chegamos à esse ponto.

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Infelizmente meus pais tiveram que ir embora, alegaram ter que trabalhar cedo amanhã de manhã, embora eles parecessem estar mentindo. Mas eu não sei nada sobre a vida deles agora, quem sabe eles realmente não tenham trabalho lá realmente. Levei-os até a porta e antes de irem, os dois disseram a mesma coisa: não seja rude com Valentina, ela não tem culpa de nada, vocês não estão mais no colegial e você não a odeia mais.

Legal família, agora expliquem isso para a minha memória defeituosa.

Claro que eu não falei isso, vai que eles resolvem me punir de alguma forma? Além do mais eu não perdi o respeito por eles, e responde-los ironicamente seria faltar com o respeito. Enfim... Focando na minha nada convencional rotina normal, ou quase normal.

𝐕𝐀𝐋𝐔 ✓ • 𝐒𝐓𝐔𝐏𝐈𝐃 𝐖𝐈𝐅𝐄 •Onde histórias criam vida. Descubra agora