VISÃO DE CRIA

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                                        Paiva

Assim que me deram a voz que o Cirqueira e a mulher estavam me esperando na salinha eu subi rapidão

Entrei na sala e me sentei na minha cadeira colocando as mãos em cima da mesa

-- Qual foi o motivo pra ter me chamado?

-- Acho que a tua mulher sabe o motivo - falei encarando ela que engoliu em seco

-- Se você parar de enrolar eu vou agradecer - Ele falou alterando a voz

-- Abaixa o tom pra falar comigo, tá achando que tá na Disney? - perguntei e ele abaixou a cabeça --  O negócio é que achamos um vapor morto e tudo liga a vocês dois

-- Como assim? não tenho nada haver com isso

-- Sua fiel aí tinha caso com ele, ou você não sabia?

Ele abaixou a cabeça trincando o maxilar

-- Pelo visto você sabia, o negócio é que o menor apareceu com um tiro na testa, e tinha bem uma camisinha usada ao lado da cômoda, e na madrugada de ontem pra hoje, a sua mulher foi vista subindo com o morro com ele

-- Você quer dizer que eu matei ele? - ela falou me encarando

-- Talvez, ou o Cirqueira pode ter feito isso por ciúmes já que estava sendo traído... Outra vez né, nunca vi um homem com tanto enfeite igual a esse

-- Eu exijo respeito - Ele rebateu me olhando

-- Nem tu se dar o respeito, Tu ainda vai se fuder legal por causa dessa monga que você chama de fiel

-- Paiva, as mina já chegaram no galpão - Moura falou abrindo a porta

-- Pode levar então - dei a ordem e entraram dois vapores e pegaram a garota pelo braço

-- O QUE É ISSO MESMO? - Ela começou a gritar assim que os meus homens agarraram o braço dela

-- Vai tomar uma coça pra ficar esperta, já cansei de tirar você de problema garota

-- Paiva, você não pode fazer isso com ela - Cirqueira falou entrando na frente dos vapores

-- Eu posso sim, e você também vai levar uma coça pra largar de ser otário, só toma na cara e nunca aprende, bora ver se depois da surra você fica esperto

-- Leva ele pro galpão também? - Moura perguntou

-- Isso aí, se forem bater de pau molha antes, porque se tiver seco vai quebrar rápido - falei e eles assentiram

Papo que se agora esses dois não tomarem um rumo na vida deles eu vou é matar, sem paciência pra esse tipo de gente, não sabem resolver os próprios problemas.

Porém agora eu tô com uma preocupação maior, não foi nenhum dos dois que matou o Iguinho, a mina é muito frouxa pra fazer esse trabalho todo, e o Cirqueira não pisou o pé aqui no morro desde o último baile

Não sei se isso faz algum sentido, mas acho que a morte do Iguinho e a do Cobra tem algum tipo de ligação

Piei pro meu cafofo, minha velha foi no posto tirar a tipoia e ver se tá tudo bem com o braço dela

Estacionei a moto na garagem e já passei a chave na porta, encontrei a Cecília na maior graça com um cachorro na sala

-- De onde saiu essa bolota aí? - falei e ela virou para trás e deu um sorriso assim que me viu, fazendo seus olhos ficarem minúsculos

Tô boiola por essa menina, papo reto

-- Gostou? - perguntou se levantando com o cachorro no colo

-- É bonitinho até - falei passando a mão no bicho