VISÃO DE CRIA

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                                        Paiva

Hoje é dia das crianças, e é claro que eu bolei uma festona para as crianças da comunidade, aluguei aqueles brinquedos inflável, piscina de plástico pra colocar nas ruas e comprei vários presentes também

Contratei aquele pessoal de fazer pintura na cara, acionei os barbeiro aqui da favela pra deixar o cabelo dos pivete na régua, umas mina que mexe com essas parada de unha e até comprei aqueles pó colorido que o povo taca pra cima e todo mundo fica sujo

Tá todo mundo naquela correria, caminhão chegando com vários brinquedos dentro, o pessoal da pipoca e do algodão doce já começaram a montar as barracas, quero tudo lindo pra as crianças aproveitarem

-- Ei chefe os moleques já se posicionaram em todas as entradas e tem uma tropa no matagal lá em cima

-- Jaé menor, pode ir tá liberado

Mandei dobrarem a segurança do morro hoje, tem muita gente na maldade aí só esperando oportunidade de um vacilo meu

Vou piar rapidinho ali na casa da Cecília, Nara e Moura estão lá ajudando ela a embalar as sacolinha com doce pras crianças

-- Cheguei família, precisam de alguma coisa? - falei entrando já que a porta estava aberta, aproveitei e deixei ela encostada

-- Não, já estamos quase terminando - Nara respondeu terminando de passar uma fita no saquinho

-- E o cachorro quente?

-- Minha mãe e a sua mãe que estão fazendo, elas estão lá na sua casa

-- Papo que até eu vou querer esse cachorro quente ai, a tia faz um dogue responsa - Moura falou beijando a ponta do dedo

-- Concordo com o moura

-- E a atração pras crianças vai ser o que mesmo em? - nara me encarou

-- L7 pô, as crianças se amarram no som do cara

-- Nem brinca com um negócio desse - Céci me encarou com o maior Olhão

-- Papo dez, ele até doou algumas paradas

-- Senhor se for da tua vontade a sua filha está pronta - falou de olhos fechados e com a mão no peito

-- Iih alá, iludida mais que tudo - Moura gastou rindo

-- Na minha época a atração era um som que tocava balão mágico e as músicas da xuxa - Nara falou encarando a Céci que confirmou com a cabeça

Tomamos um susto quando escultamos um baque e a porta foi aberta revelando um Guto com uma vasilha enorme na mão

-- Olá pessoas - falou entrando - oi minha futura namorada - deu um beijo na cabeça da Cecília - Minha futura sogra e a mãe do paiva mandaram esses cachorro quente aqui pra vocês

-- A tia fez a boa, eu tava morrendo de fome - moura já foi logo puxando o pano de prato que cobria a vasilha e pegou um cachorro quente

-- Infelizmente eu vou ter que vazar né, porque teve um sem que fazer que me colocou pra se fantasiar de homem aranha - Guto falou me encarando

-- Trazer alegria pras crianças meu consagrado - respondi rindo

-- vou cobrar isso como hora extra

Depois que todo mundo terminou de comer eu acionei um vapor pra vim aqui de carro para poder pegar as lembrancinhas das crianças, era muita sacola não tinha condições de levar tudo na mão

Logo em seguida fui pra minha casa, tomei aquele banho e me arrumei, quando desci pra sala minha coroa já estava arrumada saímos de casa e eu peguei a moto e fui em direção a rua que ia rolar a festa

Papo de que eu nunca vi tanta criança junta em um lugar só, tinha criança pra tudo que era lado correndo

-- Um dia o teu filho vai tá bem nesse meio brincando - minha coroa falou com um baita sorriso no rosto

-- Que filho o que dona, eu em

-- Quero ver se eu vou morrer e tu não vai me dar um neto

-- Pode ser um neto versão de bicho?

-- Não, quero um neto versão de gente

-- Vai ficar querendo - respondi na maior graça e logo senti um tapa estralado no meu braço

-- Perdeu o respeito com a sua mãe mesmo é?

-- Eu em dona Ana, sabe nem brincar parceiro - falei passando a mão no lugar que ela me agrediu

Fomos entrando no meio daquele tanto de gente e logo vi a Cecília voltando da fila do algodão doce toda sorridente

-- Ei parceira essas coisas são pras crianças né pra tu não, uma jegona dessa atrás de coisa infantil

-- Vai pra porra menino - respondeu de cara fechada - oi tia - mudou a expressão e deu um sorriso logo em seguida um beijo na bochecha dela

-- Isso nem é pra mim seu Otário - voltou a me encarar

-- Então é pra quem?

-- É pra menininha ali ó - falou apontando pra uma menina sentada em uma cadeira com a perna engessada

-- O dó, nem vai poder curtir a festinha - minha mãe falou olhando para a menina

-- Isso é né, a mãe dela foi trabalhar e ela ficou com a tia, mas a tia deu um perdido em geral e encontraram a menina toda perdida no meio da multidão

-- Que vagabunda cara - respondi com a maior cara de indignado

-- pois é, deixa eu ir lá levar o doce pra ela

Fiquei parado no mesmo lugar vendo ela toda feliz conversando com a menina, as duas estavam conversando como se já se conhecessem a mó cota

-- ela daria uma ótima mãe para os meu futuro neto - disse com mó sorrisão

-- Viaja não Dona Ana, olha lá a mãe da Céci ó - falei apontando e ela logo animou indo em direção a tia

Vi uns moleque no futebol de sabão e fui logo entrando pra brincar com eles também, relembrar a época que era eu que ficava igual um louco correndo por essas ruas

Representação de como ficaram as vielas

Voltei na segunda como eu havia prometido

Não ficou uma montagem bem arrumadinha, mas dá pra pegar a referência ;)