VISÃO DE CRIA

•84•

                                         Paiva

Tô correndo louco, são exatamente três e cinco da manhã, e a Maju resolveu nascer

Cecília começou a sentir dor pela manhã, mas segundo ela eram dores leves, perguntei se ela queria ir para o hospital, mas a mesma negou, Cecília bateu o pé firme dizendo que só iria para o hospital quando não conseguisse mais aguentar a dor, e foi isso que ela fez

Tô parado no trânsito com ela, bagulho que eu já tô pilhado, minha mulher com dor de parir e um trânsito do caralho desse, universo não tá colaborando

-- Paiva - Cecília falou respirando fundo

-- Fala - falei voltando a prestar atenção no trânsito que já estava começando a andar

-- Nada não... - revirei os olhos rindo pra ela -- Será que a minha mãe - fez uma pausa pra respirar fundo -- Vai chegar a tempo?

-- Acho que sim, ela saiu de lá cedo

-- Verdade, o importante é ela chegar

Parei o carro em frente ao hospital, eu já tinha dado o toque em uma equipe médica que é de minha total confiança. Assim que a Cecília entrou no hospital eles já vieram com uma cadeira de rodas

Fiquei preenchendo a ficha dela e depois fui guiada pra sala onde ela se encontrava, a bonita tava sentada em cima de uma bola fazendo altos movimentos

-- Tô com apenas dois dedos de dilatação, a enfermeira disse que já era pra mim tá com mais, pelo fato do tempo que eu venho sentindo as dores

-- Fica calma, vai dar tudo certo 

Fiquei na base de duas horas ajudando ela com exercícios e fazendo massagem nas costas dela, para poder aliviar a dor

-- Então Cecília, vamos fazer o toque novamente? - A mesma enfermeira entrou na sala novamente

Cecília se esticou na cama e abriu as pernas, encarei o rosto dela, aparentemente ela estava com vergonha já que seu rosto esta com uma coloração avermelhada

-- Tá na hora, Cecília - a enfermeira falou e eu já fiquei em alerta - Antes eu vou conferir sua pressão novamente - pegou o aparelho de pressão colocando no braço dela, e começando a bombear -- Você... tá sentindo alguma coisa diferente? Tipo, náusea, tontura

-- Não, por que?

-- Sua pressão tá muito alta - falou retirando o aparelho -- vamos ter que optar por uma Cesariana, para poder evitar uma eclampsia, vou chamar a equipe médica - falou em seguida se retirando da sala

-- Tô com medo - Cecília falou começando a chorar

-- Fica calma amor, eu tô aqui, vai dar tudo certo você vai ver, só vamos optar por uma outra maneira de parto, só isso - falei fazendo carinho na cabeça dela

A equipe médica começou a entrar na sala e montar os bagulhos, eles me deram uma roupa feiona, mas não tive opção já que era a única maneira de acompanhar o parto da minha filha

Corri no banheiro e começei a me vestir, aproveitei pra mandar mensagem para o Moura, falando sobre toda a situação. Voltei pra sala e a Cecília se encontrava sentada na cama, e o médico prestes a enfiar uma agulha de todo o tamanho nas costas dela

Céci fez uma careta enquanto o médico terminava de retirar a agulha

Em questão de segundos ela já estava deitada, com uma parada lá no Nariz, me movi para ficar ao lado dela e vi a mesma ficando sonolenta

-- Paiva, conversa comigo - falou bem baixo

-- Tô conversando já

-- Quero ficar acordada pra ver o rostinho da Maju - respondeu deixando uma lágrima solitária cair

-- Você vai estar

Foram exatos sessenta minutos, até eu poder ouvir o choro da minha princesa

-- oito horas e oito minutos, de uma manhã no sábado - o médico falou chegando perto do rosto da Cecília -- Tá conseguindo ver ela mãezinha?

Cecília concordou, estendendo o braço. O médico colou a Maju por alguns segundos sobre o peito da Cecília

-- Como é o nome dessa princesa?

-- Maria Júlia - respondi choroso e o médico pegou ela de volta

Sensação única, ver a minha filha pela primeira vez foi maravilhoso, olhei para o rosto da Cecília que agora já estava com os olhos fechados

-- Fica tranquilo, é por causa da anestesia - a enfermeira falou assim que me viu encarar o rosto da Céci

                                        Cecília

Acordei com uma claridade absurda em meu rosto, coloquei as mãos nos olhos pra tentar amenizar um pouco, olhei para o meu lado direito e vejo o Paiva entretido no celular

-- Cadê a Maju? - respondi sentindo minha garganta arder um pouco, Paiva levantou a cabeça e riu vindo em minha direção

-- Ela já tá vindo, a enfermeira foi buscar ela pra você amamentar, e a sua mãe saiu do aeroporto direto pra cá

Vi a porta ser aberta, e uma enfermeira passar com um pacotinho todo embrulhado em uma mantinha bege

-- Olha quem veio ver a mamãe - falou passando a Maju pro meu colo

-- Que linda filha - falei e o Paiva veio pro meu lado

Encarei o rostinho dela, e percebi nossos traços misturados, Maju tem o olhar do pai, porém o nariz e a boca são idênticas as minhas

A enfermeira me auxiliou a como amamentar ela sem correr o risco de acontecer alguma coisa, de começo foi difícil ela pegar no meu peito, mas a enfermeira foi introduzindo ela, e logo minha neném já estava grudada em meu seio

A porta foi aberta novamente, revelando minha mãe e a Nara

-- Que milagre é esse que as duas entraram juntas?

-- Foi difícil eles Liberaram, mas só foi falar o nome do Paiva que deu tudo certo - Nara respondeu chegando perto da cama

-- Mas a princesinha da vovó é linda - falou toda chorosa indo mexer no cabelo da Maju

-- Verdade puxou a minha amiga

-- Tá me chamando de feio Nara?

-- Eu? Nunca amigo

Depois de amamentar a Maju, o Paiva veio pra pegar ela e todos nós ficamos bestas, ele pegou ela direitinho e começou a colocar pra arrotar, quem vê nem pensa que é pai de primeira viagem

Minha família finalmente está completa, e posso dizer que ela é a coisa mais linda

Provavelmente esse é o Penúltimo capítulo

Maju já nasceu, trazendo alegria pro pessoal... Daqui alguns anos ela já tá é aprontando