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                                          Guto

Tô igual a Céci, louco pra comer logo. Nunca fui de gostar muito do Natal, geralmente essa época do ano é pra reunir a família e comemorar, eu não tinha uma família...  Até agora!

Sempre foi eu e o meu avô, nessas épocas de final de ano sempre foi uma coisa chata, eu me sentia solitário, nunca rolava essas paradas de ceia, a gente jantava normal e depois dormia, como se fosse mais um dia comum da semana

-- Meia noite galera, feliz Natal - Dona Ana falou e foi abraçar o pessoal

-- Legal, agora bora comer - Cecília falou indo em direção a cozinha

Bagulho tava lindão, muita fartura mesmo

Peguei um prato e começei a colocar a comida do meu velhinho, só as coisas que ele pode comer, um arroz com uma farofinha, um pedacinho de peru e salpicão. Coisa simples mesmo, pode abusar muito não, porque se não meu coroa passa mal

Depois de montar o rango dele, fui fazer o meu. Coloquei de tudo um pouco, aproveitar que essas coisas só acontecem uma vez por ano

-- Vai dormir aqui em casa guto? - Paiva perguntou enquanto colocava sua comida

-- Pô, sei não, tem meu avô aí

-- Tem quarto sobrando aqui embaixo, tá muito tarde pra ele sair assim

--  Aí gente, bora começar o amigo secreto do nosso grupinho? - A Céci perguntou se levantando da mesa

-- Bora - respondi seguindo para sala

A gente dividiu os amigos secretos, os mais velhos não quiseram fazer junto a gente, porque disseram que se sorteassem o nosso nome, eles não saberiam escolher um presente do nosso agrado

-- Sorteia aí quem começa

Nara pegou um potinho, sacudiu e retirou um papel de dentro

-- Paiva começa

-- Meu amigo secreto é feio pra caralho, parece um sariguê - falou rindo

-- Você sorteou você mesmo foi? - perguntei rindo e ele fechou a cara

-- Se liga criança eu em, agora vou falar sério. Meu amigo secreto é um moleque firmeza, quando ele chegou por aqui era todo bestão, aí depois pegou intimidade com a tropa e virou o cão, e além de tudo é talarico

-- É o Guto - todos presente na sala falaram em uníssono

Me levantei e peguei o presente da mão do Paiva e dei um abraço nele

-- Tem que abrir pra todo mundo ver - Moura gritou

Abri o embrulho do presente e tirei um kit da lalá

-- Caralho que isso em, vou ser confundido com o próprio crocodilo

Dentro da sacola tinha uma camiseta branca, uma bermuda e um boné preto, tudo da lacoste

-- Agora vou falar o meu. É uma pessoa da hora, eu flagrava ela pelas ruas daqui do morro mas nunca cheguei a falar, a gente tá criando uma certa afinidade agora, mas pô, com todo respeito ao ficante da pessoa aí, ela é uma pretinha responsa

-- É a Céci? - Moura perguntou rindo

-- Não

-- Sou eu pô

-- Tu mesmo Narinha

Nara pegou a sacola e logo abriu revelando uma bolsa da Dolce e Gabbana

-- Guto tu acertou muito no presente

VISÃO DE CRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora