07. Pesadelo

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Já fazia algumas semanas desde o ocorrido. Chay não estava saindo de casa desde aquele dia. Inicialmente com a desculpa de que não queria que ninguém na faculdade fizesse perguntas por causa de seus hematomas, mas mesmo depois que estava curado, ainda não quis sair de casa.

Kim sabia que o garoto estava com medo de sair de casa e acontecer algo novamente, não o culpava por tal pensamento, culpava apenas a si mesmo por não ter conseguido protegê-lo. E era impossível fazer essa culpa ir embora quando via o garoto tendo pesadelos toda noite e seu corpo estremecendo sempre que alguém o tocava sem avisar. Não precisava ser muito esperto para saber que uma situação como aquela deixava qualquer um com um trauma, ainda mais alguém tão doce e ingênuo como Chay já foi um dia.

Kim ouviu um barulho em seu quarto e logo depois sentiu algo - alguém - em sua cama, naquela altura não precisava mais nem abrir os olhos para saber que era Porchay se esgueirando no meio da noite para seu quarto após ter um pesadelo. Apenas trouxe o garoto para seu peito, abraçando o corpo dele e acariciando seus cabelos.

— Acordei você? — sussurrou.

— Hm, não tem problema. Acho que já acostumei. — sussurrou de volta e não resistiu em abrir um sorriso, talvez fosse fácil naquele momento, pois ainda estava de olhos fechados e poderia simplesmente fingir que não aconteceu.

— Eu sei que tenho feito isso o tempo todo, desculpa. É que... se eu não vier, não consigo dormir. — sussurrou e colocou seu rosto na curva do pescoço de Kim, sentindo o cheiro de sabonete que tanto gostava.

Por mais que Chay tentasse e tivesse certeza de que Kim também queria algo a mais com ele, nunca conseguiu mais do quatro beijos desde aquele dia. Parecia que o mais velho estava sempre fugindo, como se estivesse com medo de alguma coisa, ele sempre dava uma desculpa para parar qualquer tipo de contato a mais.

O que Porchay não sabia decifrar era que Kim carregava muita culpa consigo e tenha quase certeza que o garoto estava fazendo aquilo por algum tipo de complexo por ter sido 'salvo' por ele. Que se não tivesse passado por uma situação traumatizante, aquilo não aconteceria. Mas ele não poderia estar mais errado.

— Pode fazer isso sempre, eu nunca vou me importar. — disse quase inaudível, mas por estarem tão próximos, Porchay entendeu bem o que foi dito.

Não respondeu aquilo, porém deu um leve selar no pescoço do Kim, colocando sua mão por baixo da camisa do pijama que o mais velho vestia, tocando o abdômen de leve e subindo para o peito, enquanto dava outros beijos no pescoço dele, esfregando seu lábios na pele quente. Não demorou a sentir o aperto em sua cintura como sinal de alerta, de que deveria parar, mas sentia na palma da sua o coração dele acelerado, sabia que não era o único pensando naquilo.

Apoiou-se no cotovelo e ficou olhando para o rosto do Kim de cima, esperando que ele abrisse os olhos para falar consigo e assim aconteceu. Poderia ter feito qualquer questionamento naquele momento, mas apenas duas palavras saíram de sua boca:

— Por favor... — sussurrou e ficou trocando seu olhar dos olhos para a boca do mais velho, chegando seu rosto mais perto vagarosamente para ter certeza que seu contato não seria rejeitado e assim que teve certeza, beijou Kim.

O beijo era lento e não demorou a colocar suas duas mãos no rosto dele, o impedindo de se afastar, porém, pela primeira vez Kim não o fez. Ele tomou uma atitude e deixou o corpo de Porchay abaixo do seu, ficando entre as pernas do garoto e continuando o beijo antes de descer seus lábios para o pescoço e então o peito, ouvindo um arfar do garoto, então foi impossível parar daquele momento em diante, não conseguia negar mais o quanto o queria.

Não demorou para as roupas irem ao chão e os beijos ficarem ainda mais intensos, enquanto seus corpos esfregavam-se um no outro, ansiosos.

Kim queria ter forças para manter o garoto longe de si, mas já não tinha e sabia que nunca mais seria capaz de o afastar novamente.

Aproveitou cada segundo daquela noite e no fundo tinha até medo de estar imaginando ele naquele momento consigo, imaginando cada beijo e cada toque, imaginando a forma como o corpo dele movia-se junto ao seu e seu coração poderia parar se aquilo fosse apenas um sonho.

Acordou na manhã seguinte com um riso baixo e logo em seguida um beijo em sua bochecha.

— Vai se atrasar para o trabalho. — ouviu o sussurro e logo depois sentiu mais alguns beijos.

Abrir um largo sorriso foi inevitável quando abraçou o corpo do garoto e abriu os olhos, tendo a visão daquele rosto fofo, com as bochechas vermelhas e os cabelos bagunçados.

— Eu poderia ficar aqui para sempre...

— Não poderia não. — disse, escondendo o rosto no peito do mais velho — Vamos levantar, eu vou para faculdade hoje.

Kim deu um beijo demorado na bochecha do garoto e concordou, levantando da cama com ele.

(...)

Depois de tomarem banho e se vestirem, desceram juntos para o café da manhã, indo até a cozinha e enfrentando o olhar de Keaw que escondia um sorriso nos lábios.

— Bom dia, senhor Kim, Senhor Chay. O café está passado e Pete o esperando na sala. — sorriu e saiu.

Kim mantinha o rosto sem expressão, indo servir uma xícara de café, quanto Chay estava completamente vermelho.

— Pete vai com você para a faculdade, por segurança, prometo que ele será o mais invisível possível, mas eu não posso arriscar.

— Pensei que já estava tudo bem.

— E está, mas eu não posso deixar que nada aconteça com você... de novo.

Chay apenas concordou e tomou seu café, enquanto Kim estava na sala conversando com Pete.

Kim não era nem um pouco ingênuo, sabia que os capangas de Macau estavam cercando a casa à espreita de qualquer oportunidade, e claro, Pete servia de grande ajuda lhe dando certas informações.

— Você não vai ficar mais do que dois metros longe dele, quero que seja uma sombra e traga ele sem um fio de cabelo faltando para essa casa. — disse sério, bebendo seu café.

— Pode confiar em mim, eu não irei falhar com o senhor. Nunca falhei com a primeira família.

— Espero que continue assim, quero ver se eles sabem a quem sua lealdade pertence e se vai fazer o que é preciso para manter ele seguro.

— Eu irei.

— Eu vou acabar com isso hoje, logo você não precisará mais ficar aqui. Eu vou fazer o que tinha que ter feito muito antes. — respirou fundo.

— Vamos? — perguntou Chay, pegando a sua mochila.

— Hoje você vai com o Pete, preciso fazer uma coisa antes. — deu um pequeno sorriso, mas apesar de achar estranho, Chay apenas concordou e foi com Pete.

Kim esperou eles saírem para trocar sua roupa e pegar sua arma no cofre, iria resolver aquilo de uma vez por todas.

Notas: E faltam apenas mais dois capítulos *triste*, espero que tenham gostado desse capítulo, eu travei para escrever aquele momento deles, mas saiu finalmente kkkkkk agora vou escrever uma VegasPete safada, boa tarde.

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