06. Beijo

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    Assim que chegou em casa, levou o garoto até o quarto em que ele estava ficando e o deitou na cama, tirando as armas escondidas em seu corpo e também o canivete que estava em sua bota, deixando tudo em cima da escrivaninha, logo depois pegando o celular e ligando pra Kinn novamente.

    — Só quero dizer que está tudo resolvido… por enquanto — disse baixo e finalmente um pouco melhor, sabendo que o garoto estava sob seus cuidados.

    — Eu vou mandar o Big para ficar aí com vocês, pelo menos para ter certeza.

— Não, fala com o Tankhun e diz pra ele que eu estou querendo o Pete.

— Por quê? O que você viu essa noite?

— Não interessa, só faz o que eu pedi. — disse e encerrou a ligação.

Kim foi até o banheiro e molhou uma toalha, logo depois sentando ao lado de Porchay e passando a limpar seu corpo, retirando a fuligem e também limpando seus machucados.

Iria deixar o garoto descansar, mas assim que levantou da cama, sentiu a mão em um toque fraco o segurar.

— Fica comigo… por favor.

E Kim não pode negar aquele pedido, dando um jeito de deitar com o garoto na pequena cama de solteiro, deixando que ele deitasse a cabeça em seu peito e adormecesse agarrado ao seu corpo. O fazendo pegar no sono também, abraçando o corpo pequeno.

(...)

Porchay acordou, vendo que já era noite, dando graças a Deus por seu resgate não ter sido um sonho e ele estar ali, deitado no peito de Kim. Aproveitou o momento para acariciar o rosto dele. Mas seu pulso logo foi segurado e o mais velho abriu os olhos.

Chay ficou com as bochechas completamente vermelhas, sem saber que desculpa poderia dar para o que estava fazendo. Aquela troca de olhares pareceu durar uma eternidade, mas foi findado, quando, para a surpresa de Porchay, Kim o puxou para mais perto, selando seus lábios aos dele, segurando-o pela cintura e abraçando seu corpo.

O beijo era lento e parecia regado de sentimentos de ambos os lados. Kim mal podia se conter, queria muito mais que apenas abraçar o garoto, queria poder continuar beijando-o até cansar, queria tocar cada parte de seu corpo, mas logo findou o contato e espreguiçou seu corpo, ouvindo-o os estalos por ter dormido em uma posição ruim.

— Eu preciso terminar o que eu comecei. — disse, fazendo menção de levantar da cama, mas foi puxado por Chay novamente.

— Não vai. — o segurou forte.

— Você sabe que eles merecem e não vão parar até conseguir seu irmão. Por que não quer me deixar ir?

Porchay fez um longa pausa antes de tomar coragem e dizer as palavras:

— Eu gosto de você. Não quero que se machuque, porque eu gosto de você.

Kim ficou olhando para o garoto completamente sem palavras, seus pensamentos divididos entre compartilhar seus verdadeiros sentimentos com Porchay e dizer que era recíproco e seu lado pessimista que dizia que o garoto havia acabado de passar por um trauma e provavelmente só havia se apegado a quem o salvou.

Apesar de temeroso pela reação de Kim, Porchay estufou seu peito com toda a sua coragem, beijando Kim novamente e ter seu beijo retribuído acalmava seu coração, que batia tão rápido que podia ouvi-lo em seus ouvidos.

— Volto logo, eu prometo! — deu um beijo na testa de Chay e levantou, pegando suas coisas e saindo do quarto.

O coração de Kim estava acelerado e ele queria fingir que estava tudo bem, mas não estava. Não era muito fácil segurar suas vontades quando estava ao lado do garoto, ainda mais quando ele era capaz de tomar a atitude e lhe beijar daquela forma.

Desceu as escadas tentando colocar seus pensamentos no lugar e viu Pete, uniformizado e a postos em sua sala.

— Kaew! — chamou a governanta que logo apareceu — Prepare algo para Porchay comer e leve para ele.

— Sim, senhor Kim. — disse e voltou para a cozinha.

— Senhor Kim, senhor Tankhun disse que solicitou especificamente a mim. — disse, reverenciado.

— Acho que precisamos ter uma conversa, Pete. — disse, sentando-se no sofá e cruzando as pernas. — O que estava fazendo no cassino da segunda família na noite passada?

O rosto do guarda-costas pareceu ficar pálido enquanto ele estava boquiaberto.

— Eu jamais trairia a primeira família, senhor.

— Não foi o que eu perguntei, quero saber o que estava fazendo lá. E eu estou sendo gentil em conversar com você antes, Pete, sabe a punição para traidores na máfia.

— Sim, eu sei, senhor. Eu estava lá para encontrar o Vegas. — disse de forma informal, para que fosse o suficiente para Kim entender.

 — Encontrar o Vegas? Sério? — soltou um riso alto — Eu nunca imaginaria isso de você, Pete. E você sabia o que o Macau estava pretendendo fazer com Porchay?

— Eu nunca soube dos negócios do senhor Macau. A primeira família vem em primeiro lugar, senhor, se eu soubesse o que iria acontecer, eu teria lhe informado. Mas a única coisa que eu faço no cassino é… encontrar o Vegas.

 — Tudo bem, eu vou manter esse pequeno segredo entre nós, mas se eu souber de qualquer coisa andando fora dos trilhos na mansão, eu vou saber quem foi e tomarei minhas providências.

— Sim, senhor.

— De qualquer forma vou aproveitar que está aqui para me ajudar a ficar de olho no garoto. Não saia dessa casa antes de alguém ficar no seu lugar.

Pete apenas reverenciou e saiu do cômodo, ficando de vigia.

Kim suspirou e foi até seu escritório, colocando a arma no cofre e depois indo para o banheiro de seu quarto, tomando um banho.

Já era quase madrugada quando voltou até o quarto de Porchay para verificar o garoto. Entrou em silêncio no quarto e viu que ele já estava dormindo, provavelmente imensamente cansado depois de tudo que passou.

Kim sentou na beira da cama e ficou olhando o garoto, vendo que seu rosto estava um pouco machucado e provavelmente até outras partes que ainda não tinha visto, lhe deixando cheio de raiva.

Foi desperto de seus pensamentos ao ver que o corpo de Porchay tremia e ele murmurava algo que não dava para entender, provavelmente tendo um pesado.

Não conseguiu evitar deitar ali com o garoto novamente e abraçar seu corpo, deixando ele bem junto de si, prometendo, mesmo que em silêncio, que ninguém jamais tocaria nele novamente. 



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