to love

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Edimburgo

Abril, 2002

Ele não estava mais tão zangado. O abraço de Avril era mágico, e ele nunca se esqueceu do conforto sutil que sempre sentia dentro dos braços dela.

Era novidade estar tão próximo a ela evitando tratamentos hostis ou pouco tolerantes, silenciosos, como estavam agora com o peso do seu corpo sobre o dela porque, no passado, estavam comumente brigando e se odiando, inventando uma nova rotina de discussões desenfreadas e muito pouco saudável.

Ela gostaria de acordá-lo e dizer que era hora de ir, mas se sentia completamente impedida de fazer qualquer coisa que mudasse o sentimento que ambos compartilhavam.

"Fique aqui, por favor." quando ela se moveu para ver o relógio acima da cabeceira, ele choramingou contra o seu pescoço permitindo que ela sentiase o calor de algumas lágrimas que escorriam pelo rosto dele.

Thomas a implorou para levá-la até a cama, mas a sua intenção estava longe de transar com ela. Ele queria senti-la e se por acaso ocorresse ele não ficaria frustrado porque não estaria apenas fodendo qualquer garota; estaria amando a única pessoa que ele realmente se importava.

O corpo dele ainda tremia contra o dela, agora praticamente nu em decorrência da alta febre que o acometia e ela pediu a ele que retirasse as peças para o calor diminuir. No entanto, a causa teve efeito reverso já que ele retirou sim a roupa, mas estava grudado a ela, quase fundindo os corpos e a prendendo com os braços de forma que ela mal podia se mexer sem movimentá-lo também.

"Eu estou aqui. Eu vou ficar aqui."

As palavras dela chegando aos seus ouvidos eram como ondas violentas que batem no cais; lindas e incomparávelmente fortes. Admiráveis.

"Para sempre?"

"Para sempre."

O corpo inteiro de Thomas relaxou em cima dela com aquelas palavras. Talvez fosse a única coisa que ele precisasse ouvir; o seu ego estava tão frágil e inflamado que qualquer mentira velada disfarçada de verdade fajuta o convenceria de qualquer coisa. E ele acreditaria na mentira porque era mais confortável acreditar nelas do que investigar a verdade.

Ele a puxou para cima dele de modo que ela se encaixou acima da sua cintura. As mãos dela levantaram o rosto caído e foi o único momento que ele olhou diretamente em seus olhos desde que entraram na casa dela. Ela jogou os fios longos de cabelo para trás comparando-os ao corte antigo, bem alinhado a cabeça, e agora passavam da altura dos olhos. Particularmente, ela os preferia assim.

De repente, o olhar encantador dele se tornou completamente atraente e ela se viu obrigada a se aproximar dele, deixando os rostos bem próximos equanto suas mãos seguravam uma mandíbula travada e as dele descansavam nas coxas dela. O beijo foi quase automático. Puro e intenso. Perigosamente delicioso num misto de saudade e desejo que, por um minuto, destravou uma hesitação pouco conhecida por ele. Quando entrou dentro dela o beijo foi cessado imediatamente. A cabeça foi derrubada para trás com os olhos fechados, inebriado na sensação que ela o proporcionava.

Ele sentiu muito a falta disso. Muito mesmo. Mais do que imaginava.

O lábio dela estava contraído dentro da própria boca quando ela juntou as duas testas e por um momento eles se tornaram um só. Ela o fazia estremecer, causava arrepios, formigamentos, borboletas no estômago. E ele a fazia explodir, experimentar sensações que dificilmente outra pessoa faria igual.

A mão dele percorreu todo o percurso das costas arqueadas passando pelo braço até que pudesse agarrar a mão dela também e os dedos foram entrelaçados fortemente a ponto de deixar as pontas esbranquiçadas. Depois ele a levou até seu próprio rosto novamente encaixando-a ali.

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