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Algumas horas depois:

(Danilo)

Já se passaram horas e eu ainda tô aqui sentado na recepção do hospital esperando notícias da Maraisa. Nesse meio tempo, já planejei nossa fuga pra São Paulo, só não sei quando ela vai acontecer, já que não sei o estado dela e talvez a morena tenha que ficar internada ou algo do tipo.

Também não sei o que a polícia fez com o Zé, e nem quero saber, quero mais que ele se foda e morra preso dentro de uma cela... Tava vendo se conseguia desbloquear o celular dela, e achar o número ou endereço da família dela, quando vi um médico se aproximando.

-Olá, boa tarde, você é o acompanhante da Carla Maraisa? - ele perguntou com uma expressão séria.

-Boa tarde, sou eu mesmo! - falei já nervoso e me levantei.

-Pode me acompanhar até o consultório, por favor?

-Claro! - peguei as coisas e segui ele pelo corredor.

Enquanto andava eu sentia uma sensação de medo e desespero me consumir, pela cara do doutor não dava pra saber qual notícia me esperava dentro daquela sala, e sinceramente, não acredito que seja coisa boa.

-Bom, acho que é melhor você se sentar... - ele apontou pra uma poltrona de frente a mesa dele -Não vou mentir, o caso dela não é muito leve.

-O que aconteceu? - perguntei e senti meus olhos encherem de lágrimas.

-Com as pancadas que houveram, além de hematomas roxos, também há fraturas em duas costelas e no tornozelo. Além disso, o soco no estômago gerou uma falta de oxigênio no corpo dela, que consequentemente afetou o bebê... Não vimos nenhuma alteração grave, mas podem existir consequências futuras...

-E quais seriam as consequências?

-São diversas possibilidades... Desde transtornos psicológicos como esquizofrenia e TDAH, até má formações nos órgãos, como coração e cérebro.

-Mas tem chance de... - respirei fundo antes de falar - De o bebê não resistir?

-Infelizmente há sim, se os principais órgãos não alcançarem a formação completa, ele não irá sobreviver... - o médico me encarou - Eu odeio dar diagnósticos como esse, mas é necessário... Se quiser ir visitar ela mesmo com a paciente dormindo, tem total liberação, agora, com licença.

Ele se levantou e saiu da sala, me deixando a sós. Assim que a porta bateu, eu não aguentei mais e permiti as lágrimas caírem. Por que eu não cheguei antes? Por que eu não desconfiei antes? Se eu tivesse salvado ela, nada disso estaria acontecendo. 

-Eu sou um merda mesmo! Nunca deveria ter me envolvido com ela! Pra que eu voltei pro Brasil?! - falei sozinho e com a voz embargada.

E o pior de tudo, como eu vou contar essa notícia pra ela? Como eu vou chegar pra família dela que eu poderia ter chegado antes, mas eu fui um bosta e não fiz nada direito, como em todas as vezes!

É galerinha, tá tenso por aqui...

Você Nem É Tudo IssoOnde histórias criam vida. Descubra agora