bem-vinda de volta

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But you held your pride like
you should have held me


Abriu os olhos demoradamente, se apegando à sensação do calor indesejado rastejando pelos braços, costas, terminando firmemente pela base de suas omoplatas. Havia esquecido de fechar as cortinas mais uma vez; constatou, choramingando baixo.

A claridade inundava o quarto sem vergonha aparente, deixando à luz seu corpo desnudo, cabelos espalhados pela colcha branca bagunçada, as roupas espalhadas pelo chão, sapatos virados e edredom meio jogado para fora do colchão. Não precisou tatear o lado direito da cama para perceber que alguém permanecia dormindo. A dor latejante em sua virilha confirmou isso antes mesmo que seus olhos pudessem. Ela soltou um sorriso de lado.

Ao invés de acordar a companheira da noite - a bela modelo de cabelos loiros, lisos que batiam até um pouco depois dos ombros, pele corada e lábios em formato de coração que ela lembrou ter mordido um punhado de vezes na noite anterior- ela anda até o banheiro sem vergonha de sua nudez, e pede para qualquer ser divino que a esteja ouvindo naquele instante para que a garota fosse embora antes que seu banho acabasse.

E foi ouvida.

Quando voltou ao quarto do hotel, após um banho duradouro que ela fez questão de prolongar ao máximo, as roupas de grifo da mulher haviam sumido do chão, assim como ela do colchão. Somente seu perfume doce havia sido deixado para trás como uma prova do que haviam feito noite passada.

Ava lançou um polegar esticado para o teto esbranquiçado, murmurando um rápido agradecimento quando duas batidas a fizeram fitar seu corpo coberto apenas pela toalha branca que mal alcançava metade de suas coxas pálidas. Dando os ombros ela atendeu o chamado, sorrindo preguiçosamente para a mulher esguia de rosto fechado.

- Lilith, querida! Bom dia. Como vai?

Lilith a empurra para o lado com o quadril, fazendo uma careta enojada ao passar pelo arco do quarto do hotel, fitando a cama ainda bagunçada e as roupas de Ava formando um caminho desengonçado pelo carpete peludo.

- Isso aqui cheira à sexo, Ava!

- Fico feliz por seu olfato ainda funcionar - rebate, arqueando as sobrancelhas - O que te traz tão cedo assim aos meus aposentos? De acordo com meus cálculos, nossa reunião só começa em - Ava cerra os olhos para encontrar o relógio em cima da estante, exibindo as horas em letra vermelho neon - cinco minutos. Você está adiantada!

Lilith caminha até a cama mas desiste de tocá-la no instante que pensa no que Ava provavelmente fazia na noite passada naquele mesmo espaço. Ao invés de se sentar, ela permanece parada no centro do quarto com uma prancheta apertada contra o peito.

- Vim perguntar se já fez as malas.

- Se já fiz as malas? - Lilith a olhava como se ela fosse um perfeito bobo da corte, ou uma criança lenta que precisava ouvir tudo pausadamente para conseguir compreender ao menos um por cento da frase - Eu...não?

Lilith solta o ar pelos lábios, apertando a ponte entre o nariz com as pontas dos dedos longos.

- Por favor, Ava, poderia me lembrar em qual dia estamos?

- Ah, por favor, Lilith. Está cedo, acabei de acordar. Não me faça perguntas difíceis!

Ela se joga novamente na cama, sequer tomando cuidado de a toalha não mostrar seus fundos. Lilith desviou o olhar em um instante, de qualquer forma, fitando o relógio de pulso sem muita paciência aparente.

- Dia dezessete de Dezembro - Ava arregala os olhos, se sentando em um pulo.

- Puta merda! Nós já estamos em Dezembro? Por que diabos eu não tenho uma árvore de natal?

The golden hourOnde histórias criam vida. Descubra agora