Decisões para a vida toda

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Mariana Herrera
Mariana competia severamente com Ana para saber quem tinha mais traumas? Não deliberadamente não, com toda certeza era a mais nova que carregava desde a infância um grau imenso de decepções, de inseguranças, de situações que talvez levaram ela a onde ela estava naquele momento, que era “perdendo o amor da sua vida”  Desde o início de toda essa história com a Ana, digo desde aquele momento no hospital em que elas se encontraram no berçário a morena sentiu um incomodo com a outra que passou a ser raiva, depois indiferença e bom vocês conhecem todos os passos até chegarmos naquele momento em que ela sentou-se a cama relendo aquela carta várias e várias vezes....
Amor, o amor ele não é um miojo que se faz em três minutos na água bem quente. O amor é diário, é uma conquista constante e as vezes ele cansa, mas aí que fica o segredo sobre ele. Quando ele cansar você sabe que daqui alguns segundos você terá outro fôlego pois ao mesmo tempo que ele te joga no chão ele te levanta em milésimos de segundos.
Mariana, não sabia exatamente o que pensar ou fazer no seus poucos anos de experiência nunca imaginou viver algo tão raro como vivia com Ana e ao mesmo tão complicado. Ela só podia sentir que sua vida estava se esvaindo entre suas mãos, não sua vida física mas todas as possibilidades que poderia viver se não fosse atrás da loira e ao mesmo tempo precisava falar que estaria ali para ela quando ela se curasse, não importava o tempo. Claro que importava sim, claro que qualquer tempo de distância da loira era exaustivo e parecia infinito mas não, não deixaria isso se transparecer. De uma vez por todas deixaria isso claro.
- Mariana, o que tem na carta que te deixou assim?
Perguntou Cecília agoniada
- Isso é .... É entre eu e sua mãe Ceci, alguma de vocês está de carro aí?
Direcionou a pergunta para Macarena e Barbara
- Eu estou
Respondeu Barbara franzindo a testa não entendendo de primeira o motivo da pergunta
– Me leva até o aeroporto, por favor!
O tom da voz da Mariana não era de quem pedia um favor mas sim de quem estava exigindo uma ação. Ela logo foi levantando da cama e passando pelas três mulheres em direção a porta.
- Ela pode simplesmente sair assim? E a falta de ar e tal?
Questionou Barbara a Macarena
- Poder não poderia mas, vamos logo antes que ela vá sozinha.
As duas foram saindo e logo que entraram no carro de Bárbara viram Cecília entrar junto.
- O que foi? Eu vou junto com vocês, é das minha mães que estamos falando.
- Barbara por favor dirija o mais rápido que puder!
Pediu Mariana visivelmente cansada
- Vou verificar qual o portão de embarque que ela está.
Comentou Cecília
- Liga para a Elena ela deve saber, a Isabela ela com a sua mãe.
Pediu Mari a “enteada”
- Eu achei que tinha ciúmes da Isabela!
- Tenho, quer dizer tinha ....Cecília não fode meu psicológico mais ainda agora, por favor!
- Ok me desculpa!
Macarena virou o corpo para traz preocupada com Herrera que estava branca e muito abatida.
- Cecília troca de lugar comigo – Pediu Maca enquanto pulava do banco da frente para o banco de trás – você precisa de ar – Falou ao sentar entre Cecília e Mariana – Vamos menina vai para o banco da frente por favor....
- Estou indo!
Falou Cecília se movimentando para o banco da frente e batendo no braço de Lopez
- Eu vou causar um acidente assim!
Comentou Barbara preocupada
- Barbara abre o vidro ela precisa de ar.
Ordenhou Macarena medindo a pulsação de Mari.
- Ela precisava de juízo isso sim, coisa inclusive que falta para ela e para a Ana.
- Olha quem fala!
Respondeu Maca
- Não sou eu que passei por uma cirurgia como a dela mister pureza.
- Por que você não pensou nisso quando causou insegurança no relacionamento delas, agora fica calada e dirige.
- Eu não tenho culpa de nada, eu realmente não sabia do relacionamento delas, quantas vezes vou ter que te falar isso?
- Talvez até eu acreditar, o que duvido que aconteça.
Cecília e Mariana se olhavam dando um leve sorriso
- Eu acho que vocês duas deviam ir para a cama isso sim, essa briguinha é tesão acumulado.
- Cecília!
Falaram as três juntas repreendendo a garota.
- O que foi? É verdade, vocês duas ficam se alfinetando desde o primeiro momento – O celular dela apitou – Oi Elena, qual o portão de embarque.... Humm sei! Você está com elas? Sim, é sim....Está bem Elena obrigada!! – Cecília desligou o telefone e olhou para as três que esperavam ela falar – Ela esta com a minha mãe no aeroporto sem entender nada do que aconteceu entre vocês, ela disse que minha mãe voltou a se fechar e parecer uma pedra. Mas que....bom que a viu chorando por debaixo dos óculos escuros.
Mariana sentiu uma pontada no peito, não era nada físico mas sim emocional, ela sentiu que Ana estava indo embora de alguma forma.
- Não chora Mari! - Falou Maca tentando acalmar a morena – Vai dar tudo certo, no final vocês ainda vão se casarem e passarem o resto da vida discutindo para ver quem é mais cabeça dura.
- Ela tem razão Mariana, você e a mamãe se amam, todo grande amor tem desafios e ela só estava com medo.
Cecília pegou na mão da madrasta em forma de carinho e recebeu um sorriso frouxo, mas sincero.
- Mariana, elas tem razão. A Ana é uma mulher durona e carrega dentro de si muito peso que ela ainda não aprendeu a soltar. Tudo que aconteceu com vocês para ela foi o ápice de algo que ela já não estava sabendo lidar. Pessoas como ela que parecem duras quando amam são passionais, apaixonadas e quando elas encontram alguém que vale a pena – Nesse momento Macarena levantou a cabeça e cruzou o olhar atrás do espelho do retrovisor com Barbara que continuou  a falar depois de um tempo pedida nós azuis cristalino da fisioterapeuta – elas tem medo, medo desde primeiro olhar. Viver um casamento não é fácil, porque o amor de verdade não é feito de flores mas sim de diálogo.
- Ualll! Você já foi casada?
Questionou Cecília chocada com a declaração da moça
- Não, eu ouvi isso dos meus pais, eles estão juntos a cinquenta anos.
- Entendi! Bom a Elena me disse que minha mãe está lá e vai tentar atrasar elas.
- Para o carro, para o carro. Por favor
Pediu Mariana
- O que? Como assim?
Questionou Macarena
- Ana precisa de espaço....
- Não pode desistir assim Mariana!
- Cecília não estou desistindo, apenas dando espaço a ela. Seu pai a sufocou por isso ele a perdeu e eu não sou assim! Me dá seu telefone, vamos por favor – Mariana com calma procurou o telefone de Ana e ligou, ouviu três toque e pediu a Deus por favor para que pudesse ouvir a voz da loira até que Ana disse Alô – É a Mariana não desliga, por favor – Ana ficou quieta, era sua forma de dar permissão a outra – Eu li sua carta, eu entendo seus motivos. Eu realmente os entendo, eu te amo Ana. Estou chegando perto do aeroporto, apenas quero lhe dar um abraço e um beijo, mas apenas se você me permitir. Se não tudo....- Ana a interrompeu e disse “Vem logo” – Ok – Elas desligaram o telefone -  Vamos logo Barbara o avião não vai nos esperar
- Deixa comigo!- Barbara ligou novamente o carro e saiu cantando pneu e elas não estavam longe do aeroporto mesmo. Cecília pensou em como a mãe e Mariana deveriam ser estudadas, elas se conheciam tanto em tão pouco tempo. Não demorou muito para elas chegarem ao aeroporto, Cecília, Mariana e Macarena desceram na frente enquanto Barbara foi estacionar o carro. Elas verificaram onde ficava o portão de embarque que foram o mais rápido possível, Cecília disse que iria correr enquanto elas andavam. Mas não foi necessário logo elas avistaram Ana que se levantou da onde estava sentada, retirou os óculos escuro e foi até o encontro delas.
- Não sei qual de vocês é mais louca.
Comentou ela tentando avaliar o estado de Mariana
- Com certeza é a senhora mamãe que ....
A menina não teve tempo de terminar.
- Cecília me deixa a sós com a sua mãe, por favor! - A garota olhou para a mãe que arqueou a sobrancelha como quem diz  “Sai logo” – É um término, porque se for...
- Que? Não claro que não! É só um tempo para mim, ok?
Respondeu Ana atordoada
- Esse tempo tem regras? Por que eu sei que com você tudo tem regras... Preciso entender, vou respeitar.
- Mari sem regras, só preciso me organizar. Não estou terminando com você, quer terminar comigo?
- Não Ana! Só quero entender o que posso ou não fazer.
Respondeu Herrera
- Vou viajar a trabalho, vou tirar esse tempo para me entender, organizar e me centrar.  Mas eu te amo, não é o fim, você sabe disso. Quero toda nossa vida como sonhamos mas agora preciso fazer o que sei de melhor me afastar para não te ferir ou enlouquecer.
- Tudo bem!
- São apenas esses dois meses....
- E porque daquela carta, não era só falar...Digo eliminaríamos todo o drama.
- Sim, seria muito mais fácil e prático apenas dizer vou viajar e ficarei longe por esse tempo, mas....Eu precisava desabafar e dizer como o fato de você ajudar a mãe dele iria me machucar. Agora me sinto uma maluca.
Disse Ana rindo dela mesma
- Não Ana, eu também não ajudei muito, eu também não sei como lidar com você exatamente, porque não sei lidar comigo depois de tudo isso. Mas vamos descobrir, você terá seu espaço e estarei aqui quando você voltar te esperando. Só para saber posso te mandar mensagem?
- Mariana, você é minha namorada, minha noiva...minha mulher claro que pode – Mari sorriu feito boba aí ouvir aquelas palavras – O que foi?
- Me diz de novo o que eu sou?
Ana deu um soquinho no braço dela.
- Você é minha namorada, minha noiva e minha mulher – Elas se abraçaram e colocaram suas testas -  será que iremos um dia viver sem drama?
- Não sei, mas por você eu vivo toda novela mexicana que existir – Ana sorriu vitoriosa, sim ela surtou e sim poderia ter sido diferente mas a pessoa que ela amava a entendia e podia lidar com todo aquele drama de forma tranquila – se eu te beijar vou chocar muitas pessoas?
- Provavelmente, mas ....- Ana a beijou delicadamente, de forma carinhosa, mordendo seu lábio inferior antes de olha-la novamente – Você está bem? Nossa nem perguntei como sou....
- Para – Mari colocou um dedo em sua boca – estou bem, um pouco de emoção até foi bom só não fica testando meu coração a todo momento ok.... Eu vou deixar você ir mas você tem que voltar. Promete?
- Em três meses estarei de volta, e ....Mari obrigada, obrigada por confiar em mim e me entender.
- Entender eu não entendo muito bem não Ana Servin, mas ....Não preciso!
- Voo 3214 com destino a Madri primeira chamada.
Falou a voz no aeroporto
- É o meu vôo...
- Mamãe desculpa atrapalha, mas posso te dar um abraço?
- Ow meu amor claro, eu que tenho que pedir desculpas Cecília com toda essa loucura.
- Tudo bem, vocês estão bem? A Mari continua sendo minha boadrasta certo?
Elas caíram na gargalhada
- Sim, nunca terminamos, fica tranquila quando eu volta eu prometo que passaremos mais tempo juntos e sem muitas emoções como essas no final do dia.
- A essa daqui até que foi legal, mas agora eu preciso iniciar outra missão cupido.
Cecil apontou para Macarena e Barbara que pareciam discutir.
- Sério Cecília? Elas não tem nada haver uma com a outra.
- Mãe se pensarmos bem, você e a Mari também não. Então vamos colocar fé no meu sexto sentido. Boa viagem e volta logo, com presentes é claro. Espero você lá com as duas e com a Elena.
Cecília saiu.
- Isso não é um adeus é apenas um até logo.
- Eu te amo Ana Servin.
A morena olhava profundamente nos olhos azuis da manhã outra
- Eu também te amo Mariana Herrera.
Elas se despediram com um abraço forte e um beijo. Mari teve a sensação estranha de que aquele momento seria um adeus, mas ignorou completamente esse sentimento. Ficou vendo a loira ir embora com a outra mulher, sua vontade era de ir lá berrando para ela não viajar, para não subir naquele avião. Mas....mas ela não fez, apenas viu Ana se afastando cada vez mais, e rezou para que sentimento fosse apenas medo de uma perda ilusória. Barbara propôs a elas irem tomar um café comer algo ali mesmo, e assim caminhavam para uma das cafeteria. Ana e Isabela por sua vez adentraram no avião, por um momento a loira colocou a mão no coração e teve uma súbita vontade de voltar, um peso dilacerante no peito. Mas não fez, ela sentou-se no seu lugar, Isabela não parava de falar estava a deixando desnorteada já.
- A senhora tem certeza que vai viajar?
Foi o que ela ouviu a aeromoça falar.
- O que? Como assim?
Questionou Ana
- A senhora gostaria de beber algo para a viagem?
- Não, não! Obrigada....Melhor me dá um uísque.
- Claro, e a senhora?
Questionou para Isabela
- Pode ser o mesmo – A aeromoça saiu – Ana você está bem?
- Sim, apenas com um aperto no peito.
- Isso chama – se ficar longe da Mariana. Fica em paz!!!
- Sim, você deve estar certa.
  O avião começou a trafegar na pista, Mariana e as outras meninas tomavam algo em uma cafeteria que ficava a frente da pista ...Mariana virou para o lado e viu um avião subindo , ela sorriu e desejou boa viagem ... Três horas depois deu em todos os noticiários que o avião da México American Air LINE em destino a Madri havia caído no oceano no oceano atlântico.

PS: Não me xinguem, a próxima atualização é a última. Obrigada até aqui.bjao


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