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Sinto o vento congelante percorrendo por todo o meu corpo enquanto me seguro em Seasmoke, o dragão de meu pai. Assim que Laenor morreu, ninguém mais reivindicou seu dragão.
Quando completei 15 anos, consegui domá-lo e finalmente montar em suas escamas cinzas-prateadas. Um dos dragões mais rápidos e ágeis.Inalo o ar quente e o fedor da capital assim que a vislumbro do céu. Porto Real. A cidade mais populosa e suja que conheço, mas de grandes memórias de minha infância. Sempre imaginei que uma hora teria de voltar e reencontrar minha família, e nada melhor que um incrível jantar com literalmente TODOS os Targaryen's. Não que isso seja um problema é claro, estou morrendo de saudade de minha mãe, meu avô e de meus irmãos. Só espero poder segurar a minha língua enquanto estiver sentada na mesma mesa que os Hightower's.
Já se passaram anos da última vez que vi um deles, trocava apenas cartas com os mais próximos e sempre recebia mensagens através de minhas primas. Nunca tive questão de trocar mensagens com os meus tios, sempre escutava as histórias de como eles ameaçavam e provocavam meus irmãos, inclusive de mim, que mesmo estando longe, não tinha nem um minuto de paz . Helaena pelo contrário sempre me tratou como sua amiga, nunca me envolveu com os acontecimentos familiares, inclusive (moderadamente) sentia remorço por sua mãe.Meus pés formigam e meu coração está a quilômetros assim que os encosto na cidade. As ruas estão lotadas e o cheiro de urina e esterco de porco invadem minhas narinas a cada passo que percorro. Nunca foi um sacrifício para mim andar nestas terras, mesmo elas sendo um perigo constante para mim segundo minha mãe.
Ela sempre foi cautelosa e cuidadosa, acredito que apenas não queira que eu cometa os mesmos passos que ela, sendo que isso é completamente impossível.
...
Estou a praticamente 10 metros de distância da porta que dá direto para a sala de jantar. Talvez tenha chegado um pouco atrasada, mas nada que uma pequena desculpa não possa resolver.
Desembaraço meus cabelos pretos com o dedo e retiro o capuz de minha cabeça. Minha roupa é simples mas elegante. Um vestido preto caído até os pés, cobrindo meu busto e meus braços, com detalhes dourados sobre o quadril e as mangas, seguida por uma capa dourada reluzente e um lindo colar de pedras brilhosas.
Alongo minha postura a cada 1 metro que caminho e assim que chego na porta, um homem de cabelos castanhos, armadura prateada e uma espada sobre a cintura me cumprimenta.
— Atrasada princesa Anyrha.- diz o guarda com um tom de voz desafiador.— Esperando por minha chegada, Sir Criston?- retruco ironicamente. Ele me analisa do pescoço para baixo, mas não demonstra nenhum divertimento e então abre a porta sem nem olhar em meu rosto. Nunca entendo este cara, tem dias que ele me trata formidavelmente e dias que parece que nem existo, mas por algum motivo, ele e minha mãe não se dão tão bem, nem mesmo com os meus irmãos.
Assim que a porta se abre, o ar quente da lareira esquenta toda a minha pele e o maravilhoso cheiro de comida faz meu corpo amolecer. Velas iluminam todo o lugar e uma mesa enorme se estende pela sala. Todos estão sentados, e em um instalar de dedos a atenção de cada um se volta para mim.
— Anyrha!- luke começa a correr na minha direção esmagando meus ossos com seu abraço apertado. Logo em seguida Jace se junta em meus braços. Nunca senti tanta saudade de alguém como deles. Passo minha mão na cabeça dos dois e me direciono para Rhaenyra, minha mãe. O sorriso dela ao me ver faz meu coração esquentar por completo.
— Você está grande e tão bela quanto da última vez que a vi.- Sorri timidamente diante de suas palavras. —Você fez falta minha filha.- sua voz era doce e gentil enquanto sussurrava em meus ouvidos. Seus lábios encostaram em minha testa e a abracei. Ao lado dela estava Daemon, ele passou suas mãos em minha cabeça bagunçando todo o meu cabelo.
— Espero que Corlys e Rhaenys não tenham mexido com a sua cabeça durante este tempo- comentou Daemon. Nãos sabia se falava sério ou ironicamente.
— Meu sangue de Targaryen jamais deixaria isso acontecer.- Meu sorriso era grande e o dele também. Porém durou pouco assim que Alicent se aproximou.
— Fico feliz em tê-la aqui princesa Anyrha. Espero recebe-la bem durante seus dias por aqui.
— Fico grata Rainha. - Assenti com gentileza enquanto ela permanecia ereta e demonstrando graciosidade. Uma serpente por baixo de roupas da realeza. Junto de sua Jiboia. Otto. O cumprimentei e forcei um sorriso para disfarçar meu nojo.
Do outro lado um jovem de cabelos brancos atravessou a mesa e me cumprimentou com um toque de sua boca em minhas mãos.— Sobrinha querida, pelo visto o tempo fez muito bom para você. - seu sorriso malicioso percorreu todo o meu corpo em apenas segundos.
— E o tempo certamente melhorou você, desde a última vez que o vi.- tirei minhas mãos das de Aegon antes que pudesse vomitar ali mesmo. Seu sorriso foi embora assim como o meu.
Seu toque foi suave em minha mão, sua beleza realmente realçou depois de alguns anos, mas suas idiotices parecem ser as mesmas de sempre.
Ao seu lado se encontrava Helaena. Sua felicidade e carinho era nítido. Abracei seu corpo gentilmente e dei um aperto em sua mão demonstrando um sorriso leve e fluído.— Senti sua falta tia.- disse ironicamente. Ela odeia quando a chamo de tia, segundo ela, a faz parecer velha. Seus olhos reviraram e depois um breve sorriso animador surgiu em seus lábios.
Aemond permaneceu sentado em sua cadeira, mas seus olhos estavam certamente cravados nos meus. Ou melhor, apenas um olho. Aproximei de sua cadeira e o cumprimentei.— Tio Aemond.- assenti com a cabeça e mirei meus olhos em seu tapa olho. Ele enrijeceu e cerrou os dentes. Seus olhos focaram no de Luke e depois no meu. Ele pelo contrário havia mudado bastante depois do incidente. Se tornou arrogante e frio, e claramente foi o filho que mais mudou ao decorrer dos anos. Sei que ele estava doido para me humilhar na frente de todos, aliás foi isso que sempre fez a minha vida toda.
Me aproximei de seus ouvidos e sussurrei arrepiando cada pelo de seu corpo.— Ficou tão belo com um tapa-olho, já se imaginou com dois?- retruquei cuspindo as palavras.
Os dentes de Aemond trincaram de raiva, sua boca se contorceu e seu branço puxou o meu, discretamente mas quase quebrando meu pulso.
— Ñuhor līr gūrēnna! sendo o dele ou o seu,
bastarda!- suas palavras foram como agulhas em meus ouvidos, tirei meu braço de suas mãos discretamente e dei um sorriso genuíno para ocultar minha raiva. (tradução: Vou pegar o que é meu! sendo o dele ou o seu, bastarda!/ referindo-se ao olho de Lucerys). Me distanciei e senti seu olho ainda cravado em minhas costas. Cerrei os dentes e segui para o resto das pessoas.Por fim cumprimentei minhas primas e meu avô que demonstrou uma grande felicidade ao me ver.
Todos se sentaram. Estava posicionada ao lado de luke, na ponta da mesa e justamente a frente de um caolho. E foi quando o jantar finalmente começou.
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Tongue of Fire
FanfictionAnyrha Velaryon, primeira e única filha mulher de Rhaenyra Targaryen, nascida do fogo do dragão e das cinzas. Ela retorna para King's Landing e Dragonstone depois de passar um tempo na Casa Velaryon. Ela precisa estar no jantar em família que seu...