Tongue of Fire

𝓢𝓮𝓬𝓻𝓮𝓽𝓼

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— Já pensou em queimar todos daqui? Eu sinceramente faria isso se fosse um dragão.- acaricio as escamas de Seasmoke fitando seus olhos. — Não me olhe assim, sabe que não podemos fazer isso.- murmurei em valiriano.

Ele abaixa seu corpo para que eu possa montar, meus pés saltam do chão e meu tronco se firma na sela. Ele era um dos dragões mais belos, uma fumaça marinha.
  Sei que ainda sentia falta de meu pai, se tornou selvagem e protetor assim que o perdeu e matou alguns homens que tentaram doma-lo.

Confiou em mim porque sabia que tínhamos as mesmas dores.

— Sōvēs Seas.- segurei as rédeas e o guiei para fora da montanha.

Saímos do chão e voamos em direção as profundezas do céu. Podia observar a fortaleza vermelha se afastar junto da cidade.
Sentir a brisa do vento era a única forma de me sentir viva.

Me deitei em seu corpo e deixei que ele me guiasse pelas nuvens. Parecíamos raios nos céus diante da velocidade. Fechei meus olhos e deixei que o frio na barriga me consumisse assim que ele começou a inclinar em direção ao mar. Me segurei fortemente nas cordas enquanto ele descia rapidamente. Coloquei minhas mãos no rosto esperando o choque da água.

  Esperei a água entrar em meus pulmões mas ela não veio. Seasmoke se inclinou novamente permanecendo por cima do mar e voando sobre ela.

  Finalmente poderia respirar.

    — Syz taoba! -contraí meu rosto em um sorriso largo abri meus braços.

  O azul do mar invadiu minha visão. Suas asas tocaram na água e ficaram a batendo velozmente derramando respingos em meu cabelo. Puxei as rédeas e ele subiu novamente pelas colinas ponte agudas que rodeavam o castelo.

  Pontos vermelhos e pretos apareceram pela ponte da fortaleza. Contornei a muralha cravejada por arqueiros e parei encarando meus olhos para uma caminhada de pedra que ligava até o castelo. 
Cavaleiros com bandeiras de leões e torres escalonadas de branco com um fogo marchavam com seus cavalos e carroças. O almoço estava prestes a começar e eu não sabia se conseguiria permanecer de novo com olhares sobre mim, principalmente com a filha de um Lannister.

Todos pararam e se afastaram assim que pousei em frente ao castelo bloqueando os enormes portões de bronze. Seasmoke rugiu e todos deram um passo para trás. Podia sentir o medo deles e por incrível que pareça me deixou feliz.

  Uma carruagem cinza que estava na frente abriu a  porta e um homem de vestimentas escuras e uma longa capa com pelos em seu pescoço saiu com os cantos dos lábios erguidos. Ele se aproximou e ordenou que os guardas deixassem passar.

  — Se eu fosse você não chegava tão próximo dele.- gritei enquanto me soltava da sela e descia pelas assas de Seas.

  Arik se aproximou não se importando com o dragão e estendeu a mão para me ajudar. Ele parecia um grande lorde, diferente de quando atendia na casa dos prazeres. Seus dedos roçaram em minhas mãos e seus olhos me miravam intensos. Seasmoke moveu sua cabeça e se aproximou de mim encarando Arik. Suas costas curvaram levemente e seu sorriso sumiu do rosto. Agora sim podia ver que ele estava com medo. Olhei de relance para Seas e ordenei que ele voltasse para seu lugar.

  Todos encararam o dragão ir embora e finalmente puderam se movimentar. Guardas com armaduras de ferro abriram a outra carruagem e o pai de Arik desceu os degraus e ajeitando seu gibão esverdeado.

  — Não sabia que seu pai era tão novo quanto Alicent- murmurei pasma. Os cabelos de Gwayne eram castanhos como os de Arik. Uma barba cobria seu queixo e seus olhos pareciam perfurar qualquer um que olhasse.