Capítulo 4

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Rusha adormeceu logo que fechou os olhos, porém, como secretamente desejava voltar ao lar, ficou um pouco desapontada ao acordar nas areias novamente.

Porém não eram mais as areias vermelhas de antes, estas eram de um amarelo com grãos finíssimos, lembraram a praia. 

Mas algo não estava certo. Parecia que estava sendo vigiada. Mas até onde conseguia enxergar não tinha uma viva alma. Eram somente areia e mais areia...

Eu não estava deitada, como na primeira vez que me transportei para o deserto, desta vez estava em pé com um cajado em minhas mãos. O cajado me lembrava do Omatra. Era leve, parecia aço, mas este tinha entalhado vários sinais como ideogramas num tom mais escuro quase preto.

Fiquei olhando o cajado e seus sinais e passei a mão sobre os escritos. 

Neste momento uma luz negra saiu das escritas como uma nuvem de poeira e a minha frente apareceu a sombra de um tigre negro, tinha no olhar o mal personificado. Fiquei com tanto medo que soltei o cajado nas areias, porém para meu espanto o cajado voltou as minhas mãos quase que imediatamente.

"Quem ousa me acordar do meu sono de milênios?"

O Tigre negro falou um idioma estranho porém como na floresta, eu conseguia entender o que falava.

"Qu... Quem é você?"

Perguntei gaguejando...

"Como assim não sabe quem sou eu.. e me acorda por qual motivo?" Não tenho muita paciência para crianças intrometidas, se não tem nada para me falar me deixe voltar a dormir."

"Não tive a intenção de acordar ninguém, apenas estava passando a mão nas escritas do cajado e você apareceu."

"Você não sabe que ao passar a mão sobre a frase milenar, eu apareço para destruir meus oponentes?"

"Não sabia disso. Mas agora que sei, poderia me responder algo?"

Rusha não sabia o que perguntar, apenas falou sem pensar, como sempre.

"Diga, não tenho todo o tempo do mundo criança."

"Onde estamos?"

"Que pergunta mais estranha, é claro que estamos no deserto adormecido no fundo do rio Huang He, também conhecido como rio amarelo. Aqui no fundo do rio as areias são amarelas e muito finas e abaixo de nós.. bem... isso descobrirá com o tempo."

Ele me olhou diretamente ao responder e virou pó novamente retornando para o cajado. Como se nunca tivesse existido.

Me sentei nas areias e fiquei imaginando...se aquele era o fundo de um rio, não deviam ter peixes nadando e mais.. não devia ter água? Foi quando percebi que a temperatura estava fresca, não estava calor, apesar de estar muito claro ao redor.

Será que eu respirava debaixo d'água?

Com estes pensamentos não percebi de imediato a mudança ao meu redor.

As areias antes amarelas claro foram para um tom laranja, quase marrom, e o ar parecia mais pesado, como se realmente estivesse dentro da água. As areias viraram ondas e me vi nadando no rio em direção a uma cachoeira. Não tinha onde me segurar, estava indo com a correnteza. Me deixei levar, pois não tinha muito o que fazer, apenas evitar me afogar.

Não chegava nunca na cachoeira, foi aí que lembrei, por ser um rio talvez não tenha cachoeira e eu siga nadando indefinidamente... Com este pensamento comecei a nadar para a lateral do rio. ao me aproximar de uma pedra, algo me puxou pelo pé e afundei no rio sem tempo de prender a respiração.

Abri meus olhos e pude ver a fada violeta abrindo um círculo ao nosso redor, como uma bolha de sabão e nela eu pude respirar. Foi um alívio, pois estava quase me afogando.

Floresta DensaOnde histórias criam vida. Descubra agora