Capítulo 2 - Um carão de Emanuel

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ㅡ Ah, Emanuel! Ela me tomou pelas mãos... Que mãos mais macias e frias ela tem, oh!

Emanuel levou a mão à testa. Nasceu-lhe uma expressão decepcionada. Tratou de escondê-la, mas já era tarde. Eu a percebera. Ele buscava alguma palavra para falar-me. Ela, porém, fugia-lhe como os peixes fogem do pobre pescador. Estávamos em silêncio caminhando em direção à sala de vídeo ㅡ a única sala com um projetor, onde normalmente eram realizados trabalhos escolares e as aulas que necessitavam de slide ㅡ pois aconteceria uma apresentação da turma do terceiro ano do ensino médio a respeito da política brasileira.

E Marinete estaria lá.

Emanuel não gostava dessa minha paixão. Dizia que era algo por demais hiperbólico de minha parte, também idealizado.

ㅡ Ah, Abner! Você tá insistindo demais em uma paixão passageira! Quanto tempo faz? Um mês? Dois meses?

ㅡ Um ano e meio, eu acho.

ㅡ Um ano e meio?! Isso aí já tá me assustando! Não parece ser só uma paixão! Abner, sabe como tu tá?

ㅡ Como eu tô?

ㅡ Tu tá fudido, rapaz! Tu tá amando ela mesmo, não é? Isso é o que me preocupa. Eu já fiquei assim uma vez, mas foi um pouquinho diferente.

ㅡ Sim, foi diferente. Você ainda conseguiu beijá-la, mas no fim, ela engravidou de um outro cara; e isso porque nem saiu do ensino médio ainda!

De súbito, meu amigo caiu ajoelhado no chão com uma gigantesca aura depressiva lhe voando sobre a cabeça. E disse:

ㅡ Pra quê ser tão objetivo?

Seguimos nosso caminho. Ele me fizera algumas afirmações:

ㅡ Só ia ser um pouquinho assustador se você soubesse exatamente a data de aniversário dela.

ㅡ 27 de janeiro!

ㅡ Ou onde ela passa as férias...

ㅡ Lá pras banda de Acaú!

ㅡ Até isso você sabe?! Isso não é amor, é obsessão, mesmo!

Foi-se Em Uma KombiOnde histórias criam vida. Descubra agora