ㅡ Ah, Emanuel! Ela me tomou pelas mãos... Que mãos mais macias e frias ela tem, oh!
Emanuel levou a mão à testa. Nasceu-lhe uma expressão decepcionada. Tratou de escondê-la, mas já era tarde. Eu a percebera. Ele buscava alguma palavra para falar-me. Ela, porém, fugia-lhe como os peixes fogem do pobre pescador. Estávamos em silêncio caminhando em direção à sala de vídeo ㅡ a única sala com um projetor, onde normalmente eram realizados trabalhos escolares e as aulas que necessitavam de slide ㅡ pois aconteceria uma apresentação da turma do terceiro ano do ensino médio a respeito da política brasileira.
E Marinete estaria lá.
Emanuel não gostava dessa minha paixão. Dizia que era algo por demais hiperbólico de minha parte, também idealizado.
ㅡ Ah, Abner! Você tá insistindo demais em uma paixão passageira! Quanto tempo faz? Um mês? Dois meses?
ㅡ Um ano e meio, eu acho.
ㅡ Um ano e meio?! Isso aí já tá me assustando! Não parece ser só uma paixão! Abner, sabe como tu tá?
ㅡ Como eu tô?
ㅡ Tu tá fudido, rapaz! Tu tá amando ela mesmo, não é? Isso é o que me preocupa. Eu já fiquei assim uma vez, mas foi um pouquinho diferente.
ㅡ Sim, foi diferente. Você ainda conseguiu beijá-la, mas no fim, ela engravidou de um outro cara; e isso porque nem saiu do ensino médio ainda!
De súbito, meu amigo caiu ajoelhado no chão com uma gigantesca aura depressiva lhe voando sobre a cabeça. E disse:
ㅡ Pra quê ser tão objetivo?
Seguimos nosso caminho. Ele me fizera algumas afirmações:
ㅡ Só ia ser um pouquinho assustador se você soubesse exatamente a data de aniversário dela.
ㅡ 27 de janeiro!
ㅡ Ou onde ela passa as férias...
ㅡ Lá pras banda de Acaú!
ㅡ Até isso você sabe?! Isso não é amor, é obsessão, mesmo!
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Foi-se Em Uma Kombi
Historia CortaRomântico indealizado, um aluno do ensino médio deverá superar sua última paixão, que lhe fora a mais ardente dentre as que tivera em sua vida.