Got you|Pablo Gavi

1.0

  —Bianca, aqui!

  Escuto o paparazzi gritar pela milésima vez. Maldito seja quem inventou essa profissão. Tento correr pela rampa de saída do shopping mas escuto o barulho do sapato do homem atrás de mim contra o piso de metal.

—É verdade que você está saindo do Angel 5? Você não irá renovar o contrato com a gravadora?

  Continuo o ignorando e rezando pra que ele fosse embora logo. Oh, Deus, será que um dia eu vou ter paz? Maldita hora que eu fui abrir meu bocão em uma entrevista.

—Bianca, como vai ficar a situação das outras meninas? Você pensou nelas antes de tomar essa decisão?

  O homem baixo continua me seguindo com uma câmera apontado para meu rosto e um telefone (provavelmente sendo usado como microfone) apontado para minha boca. Não sei quando ele conseguiu chegar tão perto, mas sua insistência já estava começando a me deixar nervosa. Mesmo com os anos de experiência com situações como essa não diminuíram nem um pouco minha ansiedade.

  Minhas mãos começam a soar frio e minha visão fica tão embaçada que não consigo enxergar muita coisa a minha frente. Minha mente começa a embaralhar meus pensamentos, provavelmente por conta do TDH, e não consigo me lembrar qual era o modelo do carro que aluguei.

  Já estava ficando sem ar.

—Você se acha melhor que as outras meninas?

Por um segundo o tempo parece parar. Não dá, não aguento mais isso. Por um momento de pura reação e nenhuma consciência dos meus atos, pego o telefone de sua mão e o jogo pela janela do carro parado a minha frente.

Aproveito o momento de distração e corro para fora do estacionamento sentando em um dos canteiros do jardim do lado de fora do shopping.

—Yuri, temos um problema — Falo assim que minha (antiga) acessora me atente.

Escuto o suspiro cansado ao outro lado da linha.

—Me surpreenderia se você falasse que estava tudo bem.

Não me orgulho de dar trabalho, mas é inevitável. Parece que sou um imã de problemas.

—Dessa vez não é nada sério. Vim ao shopping fazer compras de natal e um paparazzi me seguiu com aquelas perguntas de sempre, sabe? "Você saiu da banda?", "Não vai renovar o contrato com a Sony?". Caramba nem pra saber que somos um grupo não uma banda. Esses profissionais de hoje em dia...

  —Bianca, por favor, sem piadinhas. Fala logo o que aconteceu — Nossa, alguém acordou de mal humor hoje. Na verdade, todos os dias. Nada fora da rotina.

  —Então, como eu posso explicar? Talvez ele tenha falado algumas coisas que me deixaram com um pouco de raiva, e eu posso, sabe, ter jogado o telefone dele dentro de um carro que estava passando. Será que você pode ver com a equipe pra comprar as imagens antes que vazem? Não aguento mais ver uma matéria me chamando de "grossa" e "mal educada". Eu até tento ser legal, mas eles não colaboram...

  —Eu vou falar com o controle de danos — Me interrompe — Mas lembre de uma coisa, Bianca, seu contrato só dura mais um mês, depois disso qualquer gracinha sua não vai ter mais ninguém pra limpar sua barra — Gentil como um anjinho. Vou sentir saudades da Yuki, pena que ele me odeia.

Tento falar mais alguma coisa porém ela desliga a ligação na minha cara. Suspiro encostando minha testa em meu joelho que estava dobrado para cima.

—O que eu vou fazer? — Suspiro para mim mesma.

Saio do banho com meu celular vibrando em uma ligação.