Capítulo 2

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Os próximos minutos passam feito um borrão pra mim, a única coisa de que me lembro é de estar no carro e gritar com alguém por não sei que motivo e de repente estamos estacionando no hospital

Ao entrarmos no hospital sinto aquela sensação de deja-vu, é complicado lembrar que não faz muito tempo desde que comecei a vir aqui com frequência e me assusta o pedido de urgência para vir aqui.

As meninas estão sendo ótimas, apesar de eu não entrar em detalhes do que está acontecendo, já que nem eu sei, elas estão sendo compreensivas e não estão perguntando muita coisa. Elas me acompanharam até a recepção e foi quando me deixaram falar com a secretária e saíram pra conversar algo entre si. 

- Oi, meu nome é Leighton, eu preciso de informações - digo apressada ao olhar para a morena em minha frente, na hora avistando seu crachá - Rosa, certo? Eu preciso muito da sua ajuda agora, me telefonaram tem uns 15 minutos me informando que eu precisava vir aqui urgentemente. Leighton Murray. 

Na mesma hora a mulher muda seu semblante e começa a digitar algo no computador. 

- Quarto 302, terceiro andar, você está acompanhada? - diz Rosa ao me entregar o crachá de visitante e direcionar o olhar para as meninas - Só pode entregar duas por vez.

Na mesma hora peço licença e vou até as meninas para explicar toda a situação e sou informada de que Kimberly precisa ir trabalhar e estavam pensando numa forma de me pedirem o carro emprestado, na hora libero e Whitney se prontifica a ficar comigo, deixando Bela responsável pela minha BMW.

No minuto seguinte eu estava na frente da Rosa de novo passando todas as informações que ela pedia e observando Whitney pegar seu crachá e dirigirmo-nos em direção ao elevador. 

- Leighton, quem está aqui? - diz a morena ao entrarmos no elevador - Ta tudo bem? Precisa de algo? Você chegou a comer alguma coisa?

O problema é que eu não sei o motivo de estar aqui, a mulher foi extremamente vaga quando requisitou minha presença aqui, ela só perguntou meu nome, deu o endereço e falou quee era urgente que eu viesse ainda hoje. Sendo assim, quando eu ia responder explicar isso pra Whitney, a porta do elevador se abre e deparamo-nos com outro saguão e uma sala de espera. 

- Whit, fica aqui, vou atrás de informações do quarto.- Na mesma hora avisto uma cabeça branca, alta e conhecida - Na verdade, não precisa, vem comigo.

Conforme caminhamos em direção ao meu pai tudo fica mais nublado. O que está acontecendo comigo para que tenham telefonada para ele antes?  Olho para o meu pai e, ao ver seu semblante preocupado e a falta de sua companhia eu percebo tudo. O problema não sou eu, não sou eu que estou doente.

- Pai, por favor, o que está acontecendo? Por que eu recebo um telefonema do hospital e não seu? - disparo em sua direção segurando cada vez mais forte a mão de Whitney - Por que o hospital me telefonou e não o senhor? - friso novamente e, ao perceber a aproximação repentina de meu pai, Whitney me solta para nos dar privacidade.

- Querida, precisamos conversar. - dispara ele, indicando que eu me sente ao seu lado - Sua mãe está doente, nós descobrimos há três meses e não há muito o que fazer, só esperar para ver a progressão da doença. Ela estava bem mas começou a ficar muito histérica e optamos por sedá-la agora, mas ela vai acordar, é temporário,

Na mesma hora me levanto e passo as mãos pelos meus cabelos sem acreditar no que eu estava ouvindo.

- Por que eu preciso saber que minha mãe foi internada quando chego aqui e não pelo meu próprio pai? Ou melhor, por que eu sequer fui informada de que ela estava doente? E todas as vezes que eu perguntava o que estava acontecendo em casa e você falava que tudo estava bem e eu não precisava me preocupar? - digo exasperada e começo a tentar me afastar quando sinto Whitney meu puxando - Por que eu sou a última a saber?

Desvencilho-me de Whitney avisando-a que vou ao banheiro pra ela me arrumar algo pra comer, não que eu realmente fosse comer algo, mas eu precisava ficar sozinha.

Entrando no banheiro vou direto em direção a pia, pronta pra jogar uma água no meu rosto e voltar para a realidade, quando noto, involuntariamente me vejo discando o número antigo de Tatum, o mesmo que ela tinha quando namorávamos, mas após o término essa foi uma das coisas que ela mudou, e no resto me bloqueou. Não é possível que até aqui a loira não sai de meus pensamentos e, caramba, como eu preciso dela agora, me abraçando e falando que tudo vai ficar bem, que é só um momento ruim e que vamos passar por essa juntas. Quer saber? Vai a merda tudo, ela sequer tem esse número, que mal teria ligar? Tento a sorte e cai na caixa postal.

- Oi, Tatum, é a Leighton, sim, aquela Leighton, a que cometeu uma burrada enorme ano passado e que pela primeira vez em meses tem coragem de ligar pro seu antigo número, sorte a minha de não ter o novo né? Como eu estou? Estou péssima, acabei de descobrir que minha mãe está doente e não há nada que eu possa fazer, aparentemente a pobre da Kimberly estava certa, nem tudo o dinheiro pode comprar né. Eu só liguei pra falar que eu preciso de você, agora mais do que nunca, eu queria muito ter deixado de gostar de ti nesses últimos meses, mas parece que a saudade só aumentou. Sinto sua falta, eu te a.. - nessa hora o telefone apita, indicando que já deu o tempo de mensagem.

Engraçado né, meu primeiro eu te amo pra ela ter sido cortado por uma merda de caixa postal que ela sequer vai ouvir. 

Ao sair do banheiro, Whitney me espera com um café, um suco e um lanche natural em mãos, um lanche de máquina, como se nada pudesse melhorar esse meu dia incrível.

- Amiga, você já falou com seu pai? - pergunta a morena - Eu não sabia o que você queria então comprei esse cafézinho aqui pra mim e um suquinho de laranja pra você - e, subitamente mudando de assunto - Ele está preocupado com você, você ficou 20 minutos no banheiro e eu sequer podia entrar já que você pediu pra eu não te seguir.

- Eu não sei o que sentir, Whit, três meses que ela está doente. Eu não merecia uma explicação, sei lá, qualquer coisa, eu não merecia ser avisada? Imagina minha felicidade ao ouvir que foi pedido pelos meus pais que o próprio hospital ligasse pra mim. Eles não tiveram a coragem de me ligar e de me avisar eles mesmos. - passo as mãos pelos meus cabelos. 

- Eu entendo, meu amor. Mas você já está aqui, não acha melhor ir atrás deles pra descobrir o que realmente aconteceu? Você tem o crachá, o número do quarto e uma cara branca, você conquista o que quiser aqui. - diz enquanto se levanta - Não faça ou deixe de fazer algo que possa se arrepender depois. 

- Whitney, eu liguei pra ela. - digo enquanto vejo-a me encarar em choque - Não, ela não atendeu, não era pro número novo, que eu sequer tenho. Eu deixei uma mensagem de voz no número antigo dela. - disparo antes de ir atrás do meu pai para enfim termos aquela conversa que ele tanto evitou.

NOTAS DA AUTORA:

Preferem que eu continue tentando postar capítulo todos os dias por um período ou publique esse por último e tente fazer maratona no ano novo?

Doze cartas para você - LeightumOnde histórias criam vida. Descubra agora