14 - a boa alma do rei Jaehaerys

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Ao observar seu reflexo no espelho ela podia ver sua mãe, em cada traço, seus olhos violetas, seu nariz, sua boca, seus olhos, era muito parecida com ela.

Mas havia outra coisa que havia notado pela manhã, ao olhar atentamente para seu cabelo ela percebeu que haviam mais mechas prateadas em seus fios do que no dia anterior.
Elas cresciam com frequência mas não tão rápido.

Alyssa fazia duas tranças no topo de sua cabeça e uma delas por pouco não foi ocupada pelos cabelos claros.

-em breve você terá os cabelos prateados como o de sua mãe, e será difícil diferenciar uma da outra- Alyssa disse rindo.

-eu sou uma targaryen, era de se esperar - ela se levantou e se observou no espelho, ela trajava uma roupa quente devido ao frio que fazia em kingslanding, o inverno era pesado e a neve se instalou na cidade.

Tinham se passado três dias desde de que Visenya havia conhecido sua dama de companhia, e em pouco tempo Alyssa se mostrou ser uma das melhores companhias que ela poderia ter, uma pessoa gentil e inteligente.

A cada dia que se passava ela ia se acostumando mais rápido com a vida na corte, lá ela era bajulada e estritamente vigiada, porém poderia se tornar mais agradável com o tempo.

***

Elas estavam caminhando pelo pátio principal, quando Visenya viu uma criança ser arrastada pelos guardas, em meio a neve, o garoto estava vestindo trapos e tinha hematomas pelo corpo.

-larguem o garoto- ela dizia calmamente ao se aproximar dos guardas - o tragam até mim.

Eles trouxeram a criança, ele era magro e deveria ter em torno de sete anos, assim como Joffrey.

-Ele invadiu o castelo e foi pego roubando mercadorias, não merece piedade vossa graça, é um ladrão.

-é uma criança! Não podem o tratar desta maneira.- ela olhou para ele, estava assustado e encolhido de frio.

-Alyssa busque uma bebida quente e um pedaço de pão para o garoto, e roupas quentes.

Ela segurou a mão da criança e se virou para os guardas.

-Se algo parecido acontecer, e uma criança estiver envolvida, leve-o até mim e eu irei resolver.- eles assentiram e voltaram ao seus postos.

-me perdoe princesa, não me machuque por favor, eu prometo que não vai se repetir - ele estava chorando e agachado do chão.

-não vou lhe machucar, se levante deste chão - ele se levantou tremendo e então a princesa o levou até o corredor que levava para dentro do castelo.

-Qual o seu nome pequeno? - ela tirou seu manto peludo e o enrolou com ele.

-Meu nome é Sam, vossa graça. -seus lábios já não tremiam mais, porém seus olhos ainda lacrimejavam.

-e então Sam, como entrou?

-eu entrei escondido junto a um mercador, vossa graça, me perdoe, não vai se repetir.

-você é um garoto esperto, mas não deveria se colocar em perigo, e não precisa me chamar de vossa graça, me chame apenas de Nya.

-se agrada a senhorita, então o farei, sinto muito.

-não precisa me pedir desculpas a todo momento, já percebi seu arrependimento querido, apenas me diga o motivo de ter roubado?

-eu tenho fome senhorita Nya, todos nós temos, alguns morrem de fome, outros são pegos roubando e são mortos por guardas - ele começou a chorar - no inverno tudo piora senhorita Nya, nós não temos como nos aquecer e a fome só piora, um dos meus irmãos morreu por causa da fome a uma quinzena, e meus irmãos mais novos estão tão magros que se pode ver através de sua pele fina.

the dragon's bloodOnde histórias criam vida. Descubra agora