Deixem suas estrelinhas e comentem muito, não seja um leitor fantasma!
Jimin:
O primeiro beijo está prestes a acontecer no romance que estou lendo. O telefone toca. Não é ele, digo a mim mesma.
Ouço o som do telefone novamente. Franzo a testa, agora completamente esquecida da história. Não tanto por causa do telefone, mas da esperança que não vai morrer. Já faz um mês.
Nem é meu celular que está tocando. Ele não ligaria para o telefone fixo daminha casa.
Então começo a pensar em cada motivo por que ele não teria ligado. Ele perdeu o número do meu celular. Antes de ligar, ele queria ter certeza de que meus pais não ficariam contrariados se ele me ligasse. Sim, infelizmente, mesmo depois de todo aquele tempo, cada vez que um telefone toca, eu prendo a respiração e espero minha mãe chamar meu nome e dizer que é para mim. Eu me permito desejar algo que não deveria.
– Jimin! – A voz da minha mãe soa pelo corredor. Eu prendo a respiração, fecho o livro e olho para ela parada na porta do meu quarto. Ela está com o telefone na mão. E um olhar estranho no rosto. A esperança vibra no meu estômago como uma borboleta batendo as asas pela primeira vez.
– É para mim? – Ela assente com a cabeça.
Um sorriso que aquece meu peito. Eu me levanto e estendo a mão para pegar o telefone. Estou tremendo por dentro. Tento pensar no que dizer. Não quero parecer muito ansiosa, mas... Minha mãe não se move.
– Me passa o telefone. – Ela pisca.
– Nós... Você. Há um coração disponível.
Não é Yoongi ou Siwon. É... Tento digerir o que ela disse. Então é como se o tempo parasse. O ar que vem do meu ventilador de teto de bolinhas cor-de-rosa sopra na minha pele nua e sinto os pelos dos meus braços se arrepiarem.
– Tem certeza? – Balanço a cabeça, certa de que se trata de algum engano.
– Tenho.
– Merda – deixo escapar, percebendo que falei em voz alta. Meus joelhos começam a ceder e eu os travo. Meus planos não incluíam... sobreviver. Não que seja uma mudança indesejada; é só uma enorme mudança. Uma mudança que inclui... serrarem meu peito ao meio outra vez.
Caio de costas no colchão. A lembrança me tira de órbita. Me deixa atónita. Entorpecida. Ah, merda! Estou apavorada.
Minhas mãos tremem.
Mamãe sorri e chora ao mesmo tempo.
– Vamos? – Ela esfrega as mãos na lateral das calças. Para cima. Para baixo. Para cima. Para baixo.
O movimento está me deixando tonta, mas não consigo desviar o olhar. Eu não posso...
– Nós temos que ir. Eles querem você lá em uma hora e meia. Eu estou ligando para o seu pai. Pegue sua mala no guarda-roupa. Você vai ganhar um coração, filha! Você vai ganhar um coração.
Eu me sinto entorpecida e pesada, como se tivesse muita emoção no meu peito. Pego a bateria extra, que está carregada e pronta para uso. Coloco-a na mochila. Calço o tênis. Eles parecem muito apertados. Como se pertencessem a outra pessoa.
Em menos de cinco minutos estamos a caminho. Papai trabalha perto de Seul. Ele vai nos encontrar lá. Mamãe continua falando. Eu paro de ouvir. Olho pela janela e observo o mundo passar. Carros. Árvores. Casas. Pessoas.
Gostaria de ter me lembrado de trazer um livro. Algo para me ajudar a esquecer esse medo.
– Vai ficar tudo bem – diz mamãe quando estamos a alguns quilômetros do hospital, e estou quase certa de que ela já disse isso umas cem vezes até agora.
Quero acreditar nela. Eu realmente estou tentando. Tento não me lembrar das estatísticas de quantos não sobrevivem à cirurgia. Tento não pensar na pessoa que acabou de morrer. A pessoa cujo coração vai ser colocado no meu peito.
Eu me pergunto quantos anos ela tinha? Me pergunto se alguém está chorando por ela. Então minha visão fica borrada e percebo que estou chorando. Chorando por ela. Chorando porque estou com medo. Chorando porque, se algo der errado, vou morrer. Hoje. Eu poderia morrer. Hoje.
Não estou pronta. Talvez eu tenha me enganado quando aceitei isso. Ou talvez seja só porque não completei ainda minha lista de coisas a fazer antes de morrer. Não me formei ainda. Não li cem livros. Não descobri se beijei Yoongi ou Siwon.
Não vivi o suficiente.
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Me And My Hearth (Yoonmin)
ChickLitPark Jimin, de 17 anos, não tem coração. O que a mantém viva é um coração artificial que ela carrega dentro de uma mochila. Com seu tipo sanguíneo raro, um transplante é como um sonho distante. Conformada, ela tenta se esquecer de que está com os di...