Deixem suas estrelinhas e comentem muito, não seja um leitor fantasma.
Um mês antes13 de abril.
Jimin:
–Mas que puta sorte! – Eu me deito na minha colcha rosa, com o celular no ouvido, sabendo que Taehyung está nas nuvens, e fico feliz por ela.
Olho na direção da porta para me certificar de que minha mãe não está porperto, prestes a me dar uma bronca pelo palavrão. Mais uma vez.
Ela não está.
Ultimamente, não consigo mais controlar o meu linguajar. Mamãe culpa os programas de TV. Ela talvez tenha razão. Mas uma garota tem que ter alguma diversão, não é?
– Aonde ele vai te levar? – pergunto.
– No Plabo's Pizza – A voz de Taehyung já não tem o mesmo tom agudo de euforia. – Por que... por que você não vem conosco?
– No seu encontro? Está louca?
– Você vai ao médico, depois poderia...
– Não. Mas não mesmo! – Eu ainda odeio ir ao consultório médico. Se as pessoas olharem com atenção, podem ver o tubo que entra no meu corpo. Mas não é nem por isso. – Eu prefiro morrer do que ficar segurando vela...
– Não diga isso nem brincando! – A bronca magoada de Taehyung faz a voz dela ficar mais aguda outra vez. Mais cheia de dor.
– É só uma figura de linguagem – justifico, mas em muitos sentidos não se trata apenas disso. Eu estou de fato morrendo. Já aceitei isso. As pessoas daminha vida é que não.
Então, para elas, eu finjo. Ou tento fingir.
– Mas se você...
– Pode parar. Não vou ficar segurando vela.
O silêncio paira no ar. É então que percebo: meu comentário sobre a "puta sorte" da minha amiga faz com que ela sinta pena de mim. Taehyung está preocupada com a possibilidade de eu estar com inveja. E tudo bem, talvez eu esteja um pouco mesmo. Mas minha avó costumava dizer que não há nada de errado em ver alguém com um lindo vestido vermelho e pensar: "Quero um vestido como o dela". Só não é legal pensar: "Quero um vestido como o dela e quero que ela tenha uma verruga no nariz".
Eu não desejo que Taehyung tenha verrugas. Ela gosta de Jungkook há anos. Ela merece Jungkook.
E eu, não mereço algo melhor que as cartas ruins dadas a mim pelo destino? Pode apostar que sim. Mas o que posso fazer? Chorar? Fiz isso, mas já superei essa fase.
Agora tenho uma lista de coisas para fazer antes de morrer. E tenho meuslivros.
Os livros fazem parte da lista. Quero ler uma centena. Pelo menos uma centena. Comecei depois de ter alta no hospital da primeira vez em que sobrevivi a uma infecção causada pelo meu coração artificial. Estou no décimo oitavo livro agora. Nem vou mencionar quantos eram romances água com açúcar.
– Jimin – Taehy começa a falar de novo.
A campainha da porta me faz consultar o relógio cor-de-rosa sobre a mesa de cabeceira.
Hora de estudar. Álgebra. Odeio essa matéria. Mas quase gosto de odiar álgebra. Porque eu já a odiava antes de ficar doente. Odiando as mesmas coisas que odiava antes, eu me sinto mais como eu costumava ser.
– Tenho que desligar. A sra. Lee está aqui.
Bato os calcanhares na lateral da cama e os bicos de Pato Donald das minhas pantufas abrem e fecham. Ultimamente, ando com mania de usar pantufas de personagem de desenho animado. Elas dão aos meus pés um ar feliz. Mamãe comprou três pares para mim: Mickey, Pato Donald e Dumbo.
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Me And My Hearth (Yoonmin)
ChickLitPark Jimin, de 17 anos, não tem coração. O que a mantém viva é um coração artificial que ela carrega dentro de uma mochila. Com seu tipo sanguíneo raro, um transplante é como um sonho distante. Conformada, ela tenta se esquecer de que está com os di...