ᴛᴜᴅᴏ ᴘᴇʟᴏ ᴇɴᴛʀᴇᴛᴇɴɪᴍᴇɴᴛᴏ: Sabe quando você não sabe que quer alguma coisa até você tê-la? Então tudo fica confuso, porque você experimenta uma vez, e depois fica obcecado, mas no fundo você sabe que não pode, porque vocês dois são meninos nos anos...
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Capítulo 02
29 de maio - 1977 - 11h13
Pelas mais óbvias das razões, acordo extremamente abatido, como se tivesse levado um murro nas costas e dois chutes em cada canela. Agarro meu travesseiro contra meu rosto e me ajeito sobre a cama. Essa tinha sido minha última madrugada do mês antes da lua cheia.
Uma coisa é certa, eu poderia passar o dia inteiro exatamente onde estou, deitado debaixo do meu edredom quente e macio e depois implorar para que algum dos meus amigos viesse me trazer algo repleto de açúcar. E estou quase convencido que poderia fazê-lo - hoje é domingo.
Preguiçosamente estico meu braço para abrir uma fresta da cortina. Bastou para que eu cobrisse meus olhos com a claridade que invadiu. Ouço passos um tanto apressados e um ruído de uma voz conhecida.
Quando dou conta, James não só está sentado sobre minha cama, como também está segurando uma bandeja cheia de torradas com queijo, uma xícara até a boca de chá com leite, duas fatias de bolo de chocolate, amendoim e uma varinha de alcaçuz.
A linguagem de amor de James, com exclusão de alimentar seus amigos, também é decorar o que eles gostam de comer em cada refeição. Ele diz que o hábito alimentar de cada pessoa diz muito sobre ela.
-Bom dia, flor-do-dia! - ele sauda. - Pronto pro dia de hoje? Quer dizer, pra noite de hoje?
É inevitável não abrir um sorriso.
- Agora sim.
- Que romântico da sua parte. - ele pisca um dos olhos.
- Não to falando de você. To falando da comida.
Quando me ajeito, ele apoia a bandeja sobre minhas pernas e bagunça meu cabelo. Enfio um pedaço de bolo na minha boca enquanto ele abre o resto das cortinas.
James é o tipo de amigo que todo o mundo deveria ter. Aquele tipo de amigo que cuida de todos, e que se preocupa, apesar de, às vezes, ser bem idiota.
