3. Esse será o nosso combinado

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Umas semanas haviam passado desde o encontro de Helô e Laís.

Durante a conversa, Laís passou para Helô quais seriam os próximos passos de Stênio — ele venderia o apartamento do RJ e compraria um menor em SP, agora o advogado atenderia exclusivamente os clientes que estavam fora do país — e claro o mais importante, seu novo número.


                                     {...}

Durante a primeira semana, a delegada havia mudado de ideia várias vezes.

Era óbvio que eles precisavam conversar, porém a coragem de ir atrás dele já tinha ido embora quase que por completo, o medo estava recuperando cada vez mais seu espaço e dessa vez para não se sentir solitário, trazia junto uma amiga para lhe fazer companhia, a ansiedade.

A cabeça de Helô estava repleta de e se. E se ele não atender, e se ela ligar e ele não quiser conversar, e se ao ouvir a voz dela ele desligar, e se ela não encontrar palavras para dizer o que era preciso, e se.

Você deve estar se perguntando: "Cadê a Creusa para ajudar donêlo?"

Creusa continuava lá, aconselhando da melhor maneira que podia. Já havia até perguntado se não tinha passado da hora da delegada fazer terapia.

A resposta foi "Creusitaa, eu não preciso disso", em um tom irritado acompanhado de um revirar de olhos e uma cara emburrada — Como muitos, Helô achava que isso era bobagem, coisa de maluco. Sim, ela era delegada, tinha total entendimento que as vezes as pessoas precisam de ajuda psicológica, mas quando o assunto é com a gente, o cenário muda completamente.

Creusa entendeu que poderia ajudar, mas a decisão/vontade de procurar ele ou não, tinha que vir 100% de Helô, assim como a de começar com a terapia.

Ela não era indiferente a ansiedade da delegada, longe disso, sempre estava perto, nem que fosse só para segurar na mão da amiga, até que uma das tantas crises, agora corriqueiras, pasasse.

                                    {...}

Era começo da segunda semana, quando mais uma vez Helô acordou de madrugada e não conseguiu dormir novamente.

Depois de beber um pouco de água e pensar que essa rotina estava se tornado desgastante demais, ela decidiu ler. Pegou o primeiro livro que encontrou, assim que percebeu qual era ficou parada uns minutos pensando se aquilo poderia ter sido algum sinal do universo. Então sorriu, porque uma lembrança iluminou sua mente.

...Ela estava bem chateada porque queria muito aquele livro, mas só tinha encontrado na versão digital e ele sabendo como ela amava sentir o cheiro de livro novo e ter o prazer de virar cada página, rodou a cidade toda até encontrar...

Se antes estava com dúvida de que aquilo era um sinal, agora tinha certeza.
Ela havia aberto justamente na página da Saudade.

Depois de ler, enviou uma mensagem pra ele, perguntando se eles poderiam conversar pessoalmente. Para sua surpresa a resposta veio rápido, ele disse que no dia seguinte iria pro Rio assinar os papéis de venda do apartamento e que eles poderiam se encontrar.

                                  {...}

Durante o dia trocaram algumas mensagem e decidiram que se encontrariam no restaurante favorito deles.

Quando ela chegou, ele já estava esperando.

Antes de falarem qualquer coisa, ficaram se analisando, tentando saber qual atitude tomar, se a intimidade que tinham estava abalada. Sorriam um pouco, percebendo que estavam pensando a mesma coisa, então se abraçaram. A paz que havia ido embora a semanas, apareceu quando sentiram aquele cheiro que lhes fazia tanta falta, cheiro de casa.

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