CAPÍTULO V

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Depois da noite mais vergonhosa da minha vida, fui até a cozinha e o dia começou com a irmã da Koryand'r dizendo que "com certeza Richy era quem satisfazia meus desejos".

Eu queria enfiar a minha cara na terra. Eu queria ser uma ema.

Sorri sem graça, e peguei minha comida para me alimentar em outro lugar.

A caminho da biblioteca, encontrei Richy. Ele estava mais do que vermelho quando passou por mim, mas deu um sorrisinho.

—Richard.— ele parou e se virou. Acho que estava prendendo a respiração.

Me aproximei a passos largos.

—Não precisa ter vergonha por ontem à noite. Se não fosse por isso— apontei para o curativo da bala. —, eu te ajudaria.

E lá estava o seu sorriso sacana.

Continuei meu caminho até entrar na biblioteca. Me sentei em uma grande poltrona e coloquei meu café da manhã sob a mesa, quando percebi que havia esquecido o suco.

Bufei e me levantei com preguiça, fazendo todo o caminho de volta para a cozinha e encontrando todos lá — inclusive Richy.

Comecei a servir meu suco de laranja quando o que eu mais temia aconteceu. Quando dei por mim, estávamos nos encarando praticamente sem piscar de novo. E eu não conseguia desviar o olhar por nada.

—Seo, o suco.— Koryand'r chamou minha atenção.

—Hãn?— a olhei e senti o líquido derramar do copo. —Ai, merda. Deixa que eu limpo.

Fui pegar um pano na dispensa e assim que saí, os Titãs se entreolharam e olharam para Richy.

—O que aconteceu aqui?— Galfield fez uma careta, desconfiado.

—Até eu percebi.— Connor também fez uma careta.

Richy inspirou como se fosse dar um milhão de justificativas mas só disse uma coisa.

—Eu ainda a amo. É isso.

Essas poucas palavras tiraram o fôlego dos outros. Menos de Komand'r, ela havia percebido isso há tempos atrás.

Não acho que a surpresa tenha sido o conteúdo da declaração, mas ele simplesmente falar na lata assim.

Assim que coloquei meus pés na cozinha, todos me olharam. Estranhei porque Komand'r sorria e alternava seu olhar entre mim e o Asa Noturna, fazendo caretas.

—O que foi?— franzi as sobrancelhas. Sim, eu fazia isso muito.

Ninguém me respondeu, apenas se dispersaram rapidamente.

—Você disse alguma coisa?— o encarei desconfiada.

—Não.— Richy negou rápido. Rápido demais.

—Richard John Grayson, você não sabe mentir para mim.— me aproximei, muito.

Apesar disso, ele se mostrava seguro.

Dessa vez, a distância era bem menor e seus olhos seguravam os meus. Percebi sua respiração falhar levemente e uma de suas mão ir rapidamente em direção à minha cintura.

—Dick, você precisa ver isso.— Garfield entrou correndo na cozinha.

A velocidade com que nos separamos não pode ser descrita, mas a minha expressão de vergonha estava estampada. E para a minha surpresa, Richy segurou minha mão e me levou com ele até a batcaverna, seguindo o garoto.

—Alguém invadiu um hospital hoje durante uma cirurgia e matou todos que estavam na sala. Não temos a filmagem, mas talvez dá pra fazer alguma coisa com o áudio.— Garfield colocou o áudio no computador.

𝐓𝐇𝐈𝐒 𝐈𝐒 𝐆𝐎𝐓𝐇𝐀𝐌Onde histórias criam vida. Descubra agora