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Momentos, circunstâncias e acasos. A vida é formada por vários obstáculos, alguns dos quais precisam ser enfrentados e, na maioria das vezes, é necessário ter coragem.
Em uma certa ocasião, Josué, o líder de Israel após a morte de Moisés, estava conduzindo os israelitas para sua terra prometida. Ele liderava mais de um milhão de pessoas em direção a um lugar que Deus havia prometido, o que significava enfrentar situações avassaladoras e aterrorizantes.
No meio disso, Deus ordenou a Josué que fizesse duas coisas:
Obedecesse à Palavra de Deus e fosse forte e corajoso, pois o Senhor estava com eles (podemos ver isso em Josué 1:7-9). Ou seja, não podemos fugir dos nossos obstáculos, mas temos o dever de enfrentá-los de pé, porque temos um Deus que não muda e deseja nos mostrar que toda luta é para nos fortalecer e moldar nosso caráter. E assim, é através das circunstâncias que Deus permite entrar em nossas vidas, para distinguir a força e a coragem.
Sempre reflito sobre o quanto é necessário enfrentar os obstáculos. Não que seja fácil, porque realmente não é, mas devo ser sincero e enfrentar todo esse medo que ainda circula dentro de mim.
Agora, estou sentado à mesa de frente para Tifanny. Diferente de mim, ela está sorridente e alegre, com suas bochechas rosadas.
— Querida, precisamos conversar sobre algo importante — ponho minhas mãos sobre a mesa, entrelaçando os dedos.
— É sobre a mamãe? — sinto meu peito apertar com o nervosismo que me ataca. Eu não sei se estou preparado.
— Sim, — suspiro, observando a minha linda princesa. — A sua mãe faleceu assim que você nasceu, meu amor, mas ela te amava muito — tento deixar isso bem claro, tudo o que menos quero é machucá-la. Porém, acabo ocultando a parte em que não sou seu...
— A mamãe morreu por minha causa, papai? — seus olhos estão lacrimejando.
— Claro que não, minha princesa. — Levanto do meu assento e me agacho ao lado dela. — A mamãe estava doente e acabou não resistindo, mas ela está com papai do céu — afago seu cabelo.
— Eu vou vê-la um dia? — um sorriso de esperança volta a brilhar no rosto.
— Sim, você vai — sou surpreendido por um abraço da minha linda criança.
— Eu te amo muito, papai. — Ela me aperta ainda mais.
— Eu também te amo muito, minha pequena. — Cheiro seu cabelo com aroma de tutti-frutti.
— Pai, posso tomar sorvete? — Tifanny sorri, piscando seus olhinhos em minha direção.
— Você tomou anteontem —, afirmo levantando-me para retirar os pratos da mesa.
— Mas não ontem — tenta me convencer — por favor, paizinho! — Ela junta as mãos em petição, enquanto faz beicinho, bem convincente.
— Só hoje, hein. — Ando até a cozinha, sendo seguido pela pequena — vamos nos lembrar, que comer doces excessivamente pode te deixar doente ou até gripada por ser algo gelado. — Alerto, pondo a louça na máquina de lavar.
— O que significa excessivamente... — tem dificuldade em pronunciar a palavra. Acabo rindo com sua expressão confusa.
— Bom, vou simplificar, por exemplo... — penso em uma forma mais clara de explicar. — Comer macarrão demais pode fazer mal — retiro o pote de sorvete do congelador.
— E, o que é consumir demais? — balanço a cabeça em descrença.
— Depois eu explico, agora tome aqui seu sorvete, e nada de sujar a roupa... — Fanny se suja de primeira, assim que entrego o sorvete.
— Desculpa. — Morde os lábios, fitando a blusa branca com estampa de florzinha.
Decidimos assistir a um desenho clássico, "Enrolados", com a princesa Rapunzel, que Tifanny faz questão de deixar claro que é sua animação preferida. Não é a primeira vez que assistimos, na verdade, é a quinta vez na semana.
Meus olhos estão focados na tela da TV, na famosa cena onde uma frigideira se torna um elemento de defesa, enquanto a criança ao meu lado ri com tamanho entusiasmo. Porém, minha atenção é tomada pelo toque do smartphone em cima da mesinha de vidro, me alongo alcançando o objeto, deslizando a tela com facilidade.
— Alô? — digo, após ver o nome do meu pai brilhar sobre o aparelho.
— Ethan, preciso conversar com você, poderia vir aqui na empresa, hoje?
— Hãn. — Hesito por alguns segundos. — Posso sim, eu só preciso me trocar — analiso meu visual atual, que se resume a uma camiseta azul-claro com uma calça nude-escura.
— Estarei te esperando, traga minha neta — imagino a expressão autoritária que ele pode estar fazendo.
— Tá bom! — Desligo.
Os olhos da garota ainda estão vidrados na tela colorida, que agora canta a canção junto com a personagem.
— Vamos ver o vovô — anuncio levantando do sofá.
— O vovô? — ela se levanta com tamanha velocidade que me surpreende. Concordo com a cabeça, vendo-a correr para seu quarto. — VOU VESTIR MEU VESTIDO ROSA! — Grita do cômodo.
Ando até o meu quarto, procurando por uma roupa mais apresentável, se possível. Minhas roupas consistem em preto e azul, com algumas peças brancas e vermelhas. Visto uma calça jeans azul-claro com um pequeno rasgo no joelho direito, uma camisa preta e uma jaqueta da mesma cor. Nos pés, calço o típico All Star preto.
Saio do quarto, vendo Fanny sentada, no tapete azul-
escuro da sala, calçando a sapatilha cor de creme com lacinho brilhante.
— Estou pronta, papai — ela se põe de pé com o calçado nos pés.
— Quase — seguro a escova de cabelo nas mãos —, falta pentear o cabelo. — Passo o objeto sobre os fios castanhos da garotinha.
— Estou bonita? — ela dá uma voltinha, depois que termino de arrumar seu cabelo.
— Você é sempre bonita, minha princesa. — Deixo um beijo em sua testa, e a ponho sobre os braços fechando a porta.
Alguns minutos dentro do carro com a presença de Tifanny, que canta algumas músicas disponíveis na playlist, uma delas é nostálgica e se torna fofa com sua doce voz.
— I know, I know, I know for sure (Eu sei, eu sei, eu sei com certeza) — consigo ouvir seu tom de voz aumentar.
Então, a acompanho:
— Everybody wanna steal my girl (Todo mundo quer roubar minha garota)
— Everybody wanna take her heart away (Todo mundo quer tirar o coração dela).
— Couple billion in the whole wide world (Alguns bilhões em todo o mundo).
— Find another one 'cause she belongs to me (Encontre outra porque ela pertence a mim) — cantamos juntos em um belo coro, sorrio ao vê-la gargalhar de animação.
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