Epílogo

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Três dias depois...


Jenna Ortega

Querido diário,

Mais um dia que você tem sido o meu melhor amigo. O terceiro dia, na verdade. Acho que em tão pouco tempo você sabe mais sobre do que qualquer outra pessoa. Afinal, você é a minha consciência e os meus pensamentos, certo? Será que eu pareço ridícula ou infantil demais por estar escrevendo em um diário com toda essa idade? Bom, saiba que se a resposta for sim, é tudo culpa de Emma. Ela me deu você de presente e disse que eu precisava de um lugar seguro pra expressar minhas emoções. Acho que ela estava certa. Eu não conseguiria me sentir tão segura em nenhum outro lugar.

Cinco horas. Já eram cinco horas da tarde e eu simplesmente não havia feito nada naquele dia. Meu diário, você acha que tudo bem eu virar vagabunda por alguns dias e ficar apenas sentada tomando minha bela taça de vinho? Não, eu não estou bêbada. Até porque eu não quero fugir dessa realidade, quero estar em plena consciência para conseguir me acostumar com ela. Eu só preciso do vinho pra me ajudar a digerir.

Eu estou passando por uma fase de luto, eu acho. Ninguém morreu efetivamente, mas morreu uma relação. Acho que dá no mesmo, não é? Eu li uma vez que o luto se divide em três fases: Primeiro, choro e tristeza. Por ela eu já tinha passado, chorei praticamente dois dias inteiros, mas ontem a noite decidi que era a última vez que eu chorava e ai entrei na fase da aceitação, a segunda fase. O que não depende só de mim, eu não posso mudar. Terceira fase, que é a que eu mais espero: Esquecer e seguir a vida. É tudo que eu quero.

Acho que por hoje é só o que eu tenho a dizer.

Fechei o diário colocando-o sobre a mesa. Enchi mais uma taça de vinho e recostei no sofá pensando em como eu tinha deixado as coisas chegarem naquele ponto. A culpa era de Maddie por me prender todo esse tempo ou era minha por não querer ser solta?

- Jenna? Jenna! Eu sei que você está aí. Abre a porta pra mim! Vamos conversar!

Ouvi aquela voz e batidas na porta. Ou eu estava delirando demais ou aquelas taças de vinho já estavam fazendo efeito. Mas não, não era coisa da minha cabeça. Abri a porta vendo Maddie se atirar contra o meu corpo em um abraço.

- Meu Deus, como eu estava com saudade de você, de sentir esse perfume...

- O que você está fazendo aqui? -perguntei dando abertura pra ela entrar e fechando a porta do apartamento em seguida.

- Aquele dia eu te vi tão rápido depois de tanto tempo sem ter contato que eu não consegui nem falar com você direito, Jenna, meu Deus, você sumiu sem me avisar. O que deu em você?

- Maddie, para! Você está muito afobada, precisa se acalmar. -ela olhou para mim acalmando a respiração- O que você está fazendo aqui? Não é dia da sua lua de mel ainda? Você não deveria estar aqui.

- Não deveria, mas eu estou. Nós precisamos conversar, eu não vou conseguir ficar em paz se não conversar com você.

Permaneci em silêncio. Acho que ela entenderia isso como um sim, certo? Afinal, quem cala consente. E realmente, acho que o que nós precisamos para seguir nossas vidas era isso, resolver as pendências e aí sim conseguir colocar um ponto final. Completei minha taça de vinho e enchi uma para ela.

- Pode falar o que quiser, Maddie. Estou ouvindo.

- Por que você foi embora? Quer dizer, por que foi embora daquele jeito?

Sorri em deboche e arqueei uma sobrancelha encarando ela.

- Porque ele sabe, Maddie. Ele sempre soube da gente. Quando eu fui pegar seu vestido no quarto ele apareceu e foi por isso que eu sumi. Ele pediu que eu tivesse a mínima decência e não aparecesse por lá. -ela me olhou assustada, acho que não estava esperando por essa resposta. - Eu acho que ele estava esperando apenas um momento certo pra me fazer "sair de cena".

- E como ele sabia que teria um momento perfeito pra isso? E se não tivessem oportunidades, Jenna? Ele continuaria sem fazer nada?

- Eu não sei, ele é seu marido, você que tem saber me responder essa pergunta.

- Alex não me ama, eu acho que era só uma zona de conforto. Alex tem uma autoestima baixa, ele não confia nele mesmo. E me ter era como mostrar pras pessoas que ele tinha algo, que estava conseguindo construir uma família. Você sabe como é difícil sair da zona de conforto?

- Acho que sim... De alguma forma eu também estava na minha zona de conforto. Aceitar qualquer coisa por medo de ficar sem é também uma forma de conforto, eu acho. Você sabe que eu nunca teria deixado de participar do dia mais feliz da sua vida por livre e espontânea vontade, não sabe?

Ela balançou a cabeça de forma afirmativa. - Aquele foi o dia mais feliz da minha vida, mas não foi por causa do Alex, nem por causa do casamento. Foi por causa de você, Jenna.

- O que?

- Um dia eu prometi para os meus pais que daria muito orgulho a eles. Eu prometi que seria a filha perfeita... e eu fiz de tudo pra conseguir ser. Eu fiz de tudo, Jenna, pra não desapontar eles. Mas quando eu olhei pro Alex eu vi que eu estava decepcionando a mim mesma. Porque o que eu queria ver era uma baixinha de cabelos escuros e pele de pêssego, eu queria olhar pra ele e ver você... Eu descobri ali, com aquele vestido, com aquelas pessoas de plateia, que é você quem eu amo.

Senti minha cabeça rodar e não era pelo vinho. Meu coração acelerou e sentei-me no sofá para que minhas pernas não fraquejassem, mas não consegui impedir minhas lágrimas de cair. - Pena que você tenha percebido isso tarde demais

- Não, meu amor, não é tarde. Jenna, eu não me casei, eu não assinei aqueles malditos papéis. Depois de receber a bênção do padre fomos formalizar, é a lei que vale não é? Mas eu não consegui, eu não assinei. Eu deixei ele por você e eu sinto muito por ter demorado tanto tempo.

Senti os lábios apressados dela entrarem em contato com os meus e em pouco tempo dei abertura para sua língua. Definitivamente eu não esperava por isso.

                                                                          (...)

Eu estava deitada em minha cama. Minha cabeça estava imóvel, parecia não querer acreditar no que tinha acontecido.

Sentia um fino lençol cobrir meu corpo. Apoiados sobre a palma de minha mão estavam os cabelos dela. Aquelas ondas macias, loiras, responsáveis por todo perfume que estava presente naquele quarto.

Ela parecia tão tranquila, tão serena. Assim como eu.

- Eu disse que nós nunca iríamos parar, Jenna. -olhei para ela sorrindo- E agora? Como nós ficamos?

- Como assim? -perguntei me fazendo de desentendida.

- Nós estamos namorando?

- Ainda não, digamos que... estamos juntas, mas agora vai ser do meu jeito.

Ela suspirou e o silêncio se fez novamente naquele cômodo.

- Maddie?

- Sim?

- Eu preciso te perguntar... De quem você é agora?

Ela virou o corpo para o lado, encarando-me.

- Eu sou sua, Jenna.

                                                                          Fim


Notas Finais
Meus amores, obrigada por terem comentado. Essa fic é muito meu amorzinho. Espero que vocês tenham pego a conexão entre o final e o início do capítulo (se não, leiam de novo). Haha

Espero vocês em: True Colors.

Beijos

Secret Love - Jenna OrtegaOnde histórias criam vida. Descubra agora