1° Um caminho de volta

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Boa leitura! (Prestem atenção na imagem á cima, ela é muito importante para esse capítulo).

Há provérbios que comprovem que o impudor do ser humano em meio ao luto, pode o fazer se definhar entre á vida. Como um balanço, podemos ter a opção de brincar no galho da vida e da morte, ou decidir voltar para o caminho da aceitação, uma transcendência para o prorrogável.

Nesta manhã, me vejo em outro dia como os outros. O irônico, é que meu vazio transborda. E tudo beira á ruínas que talvez eu nunca mais consiga construir novamente.

Enquanto caminho por entre os alunos, sinto os olhares questionadores sob mim. Nunca perguntam, obviamente, mas eu ouço os cochichos.

"Como ela pode não demonstrar reação alguma desde aquele dia?"

"Ela nem se importou, continua vivendo normalmente"

"Wednesday não sente remorso, mesmo que aquilo tenha sido culpa dela"

É estúpido como as pessoas acham que eu sou surda, não é porque minhas feridas não apareçam, que eu não esteja sangrando por dentro. Mas quem se importa? Só querem algo para comentar por ai, alimentando a inutilidade que são.

Sinto que as ondas de minhas emoções se tornaram perspectivas, pois Eugene se aproxima de mim com seus olhos preocupados e seu afeto contido.

— Hey Wed, está tudo bem? – ele tentou ser cauteloso, mas era notório que ele percebeu que algo me incomodava.

— Está tudo normal – respondi sem um pingo de emoção, como venho respondendo desde um ano atrás.

— Vamos, eu te acompanho até a aula – sugeriu, agradeci por ele se privar da própria preocupação, sem fazer perguntas desnecessárias ou invadir meu espaço. Afinal, é de Eugene que estou falando, ele sempre sabe como agir em relação á mim, eu não poderia ter alguém melhor como amigo.

Como dito, o de óculos me levou até a sala de aula, meu período seria artes e pseudônimos sobrenaturais, já o dele era biologia dos demônios.

— Está entregue! Tenha uma boa aula, te vejo no intervalo! – exclamou o garoto.

— Certo, até mais Eugene – me despedi, me preparando para enfrentar o pesadelo que seria a próxima aula.

Antes que eu pudesse adentrar a sala, o criador de abelhas tocou afetuosamente meu ombro, quase não me tocando fisicamente. Retornei minha atenção para o mesmo, fui encarada com seus olhos compreensivos e calmos.

— Não foi sua culpa – ele sussurou, tão lentamente, que senti cada sílaba proferida invadindo meus tímpanos e rompendo meus sentidos. A única coisa que consegui fazer foi calibrar meus olhos no olhar do mesmo, como uma sutil resposta de entendimento. Ele sorriu novamente, com sinceridade e gosto, partindo pelo o corredor.

Apertei fortemente minhas mãos em punhos, uma tentativa falha de cessar a implicância dos tremores que rondavam meus ossos. Respirei fundo, entrando na sala. Eu sabia que estava alguns minutos atrasada, com tudo, a professora não chamou minha atenção, apenas me deixou passar com um leve aceno de cabeça.

Automaticamente, caminhei com a cabeça baixa, impedindo os olhares de me alcançarem. Me coloquei em frente ao meu cavalete, montado com a grande tela branca, e meus materiais ao lado. Retirei minha bolsa, á deixando sob o chão ao lado de meus pés.

Senti que estava sendo observada, e eu sabia por quem. Desde que eu decidi que iria me privar dos demais alunos, em busca de ao menos conseguir manter um muro para a minha própria proteção, me afastei de todos. Eu não queria sentir apego por alguém novamente, não queria ter que criar uma ligação forte, só para depois perder tudo de novo.

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⏰ Última atualização: Dec 31, 2022 ⏰

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Two souls and death 《WENCLAIR》Onde histórias criam vida. Descubra agora