Num trajeto não muito longo, chegamos ao mercadinho. Pegamos salgadinhos, chocolates, cobertas, pequenas almofadas e boas garrafas d'água. Estamos a caminho do caixa, quando noto a seção de roupas e preciso arrastar Ame até lá. Ali, há distribuição de muitas peças. A combinação de cores das roupas presentes é linda de se ver.
— Amelie, que vestido lindo esse! — Aponto para um vestido longo de tecido branco. — Sinto muito destruir o que você planejou, Ame, mas eu vou levá-lo. Se você quiser comprar no lugar que você pensou, tudo bem, porém, eu vou levar esse. Veja, é do meu tamanho. — Mostro a etiqueta.
— Clara, você nem sabe se fica bem em você. Nem tem provador aqui — Ame reflete.
— Certo, não tem problema, eu vou acreditar que fica bom. Seja o que Deus quiser, né?
— Tá legal. Você que sabe. Se o vestido der certo em você, tenho certeza que vai ficar deslumbrante. Ai, Mary Claire, sua doida. Já que você vai pegar sua roupa aqui, me sinto coagida a pegar também.
Então, "coagida a escolher uma roupa daqui também", Ame opta por um vestido do mesmo modelo que o meu, mas rosa bebê. Ela sempre me recorda que sua cor favorita não é qualquer rosa, mas rosa bebê. Ai, ai.
— É lindo — digo a ela o que acho.
— É, sim. Vamos pagar. Pelo menos aqui as roupas são mais em conta, né.
— Claro, Ame-senhorita-patricinha — ironizei.
Em alguns instantes, estamos no automóvel de minha amiga novamente. Conseguimos nos trocar para pôr as roupas que compramos num banheiro do lugar. Felizmente, elas couberam em nós muito bem. Tivemos de colocar nossas antigas roupas numa mochila rosa e espaçosa trazida. Todo o resto das compras ficaram junto ao meu violão, na mala do carro.
— Aqui no mercadinho foi até que rápido. O que você planeja para agora? São 18h.
— Uau, o tempo voa. Bem, Mary, tem alguma objeção em ir para outra cidade?
Então será mesmo um passeio à solta pelas ruas da Austrália.
— Nenhuma objeção. Moro, inclusive, em outra cidade, caso não se lembre. Vamos para onde?
— Gold Coast! Lá é tão bom! — revela, como alguém que notavelmente ama Gold Coast. É uma cidade também grande da Austrália a cerca de uma hora de Brisbane. — Mas não agora. Ainda temos outra coisa para fazer em Brisbane.
— E o que é essa coisa?
— Esse é um sonho de consumo! Uma coisa para pessoas apreciadoras da arte! Que tal uma visita à Galeria de Arte Moderna?
Uau! Sempre ouvi sobre a Gallery of Modern Art nos meus livros de arte da escola, entretanto, nunca visitei, como percebe-se.
— Verdade, Amelie! Faz dois anos que moro na Austrália e nunca fui lá. Ela fica aqui em Brisbane, não é?
— Isso mesmo. O melhor de tudo: de algum jeito estranho, está aberta para visitação na véspera de ano-novo. Isso não é incrível?
— Claro que é. Mais uma vez, Ame, fomos afetadas pela soberana graça.
— Sim. Incontáveis vezes.
Demos um sorriso cúmplice, antes que ela anunciasse, como de costume:
— Que Jesus nos acompanhe.
Logo, estávamos mais uma vez nas ruas da Austrália, até chegarmos à GoMA, a famosa Gallery of Modern Art.
Tudo é, sem dúvidas, belo. Todo o ar do lugar evidencia uma poeticidade iminente. Tudo isso é obra da graça. Desde que chegamos, pude sentir o cheiro doce do lugar. Sinto como se estivesse num salão de bailes elegantíssimo, enquanto penso na provável finura dos pincéis que pintaram as telas, expressando uma delicadeza de se admirar.
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Pelas ruas da Austrália: um conto de ano-novo
Short StoryMaria Clara e Amelie são duas jovens universitárias que estudam na Universidade de Queensland. Cristãs, as amigas passam a véspera de ano-novo juntas pelas ruas da Austrália. Conto de ficção cristã temático de ano-novo, narrado sob a perspectiva de...