Capítulo 14

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DARK

Completamente confusa em relação ao meu envolvimento com Lorenzo Mitolli.

Passamos de um simples contato de morte para noites de sexo e mais sentimentos confusos. Sempre que nos víamos era uma mistura de briga e excitação. Agora só existia o desejo, não só por sexo, mas por companhia um do outro.

A iniciativa dele de vir até aqui naquela noite me botou em um estado de transe intenso.

Já tinha passado noites horríveis na minha vida pós trauma do abuso, e achei que tivesse superado esse medo, porém, os últimos acontecimentos trouxeram de volta a menina acuada que precisava urgentemente fugir.

Eu estava presa, acorrentada, enquanto meu pai me observava no conto do quarto escuro, com seu sorriso perverso, prestes a me bater e usar como sempre. Eu não me via como uma criança e sim como adulta, e dessa vez tinha uma faca nas mãos.

Achei estranho, com certeza fora do comum, e realmente desejava mata-lo com a faca, mas então ouvi a voz de Lorenzo, calmo e suave. Ele se aproximou e saiu da escuridão, me fazendo perceber que isso não era um sonho que perdurou, mas uma imagem distorcida da realidade unida com o estado de sono em que me encontrava.

Depois que se sentou na beira da cama e olhou dentro dos meus olhos, senti raiva por ele está me fazendo voltar ao passado, me sentir fraca e vulnerável, porém, esse sentimento durou pouco, pois mais uma vez ele me surpreendeu com a sua atitude de deitar-se ao meu lado e dormir comigo.

Eu deveria ter dito não, podia manda-lo embora, mas o quis do meu lado e antes de fechar os olhos novamente tentei lutar contra mim mesma. Me perguntei o porquê de tudo isso, como isso poderia estar acontecendo e porquê estava gostando tanto.

Achei que esse momento fosse o mais perturbador que já passei, no entanto, o dia chegou para me por novamente em conflito. Nunca tive uma noite tão bem aproveitada e nós nem transamos. Não houve pesadelo e nem insônia, como geralmente tinha. Seu corpo enorme me deu o conforto que precisava há anos.

Isso era totalmente errado.

Anos após anos tentei levar essa dor embora, mas sem êxito, e foi só um criminoso safado passar a noite abraçado a mim que tudo foi embora.

Eu sabia qual era o erro e mesmo assim continuava nele. Tudo o que fazíamos estava nos levando a um fim que poderia destruir com o pouco que já consegui. Ser firme e forte, estar bem comigo mesma sem precisar de segundos, tudo estava sendo desmontado e por quê? Por conta de um sentimento nunca visto por mim.

Com certeza eu não a amo.

Sim, isso era o mais coerente de tudo, porém, lá no fundo da minha escuridão, a menina sentada no chão com uma breve luz a iluminando sentiu esse impacto.

Eu melhor que ninguém sabia que não merecia o amor de alguém, muito menos de um criminoso. Alguém tão quebrada quanto eu não via a felicidade ou um fim de conto de fadas.

No entanto, desejar, mesmo que só um pouquinho, não fazia mal a ninguém, não é?

Não, isso fazia mal a mim, mil vezes mais que qualquer dor física.

A Dark não era a menina que era escolhida para um namoro ou casamento, ela só servia como objeto de prazer.

Podemos nos divertir.

O problema era que isso passou de ser divertido há muito tempo. Agora parecia que isso era uma brincadeira de mal gosto que me humilhava e lembrava do quão ruim eu era.

Quando o interfone tocou me assustei. Estava tão presa nos pensamentos que voltar a realidade me deixou tão triste quanto permanecer na fantasia dos pensamentos.

O bebê herdeiro da máfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora